Evangelho 3
No final do capítulo precedente (2º do evangelho de Mateus), Mateus registrou que Jesus foi habitar na Galileia, na cidade de Nazaré, depois de ter retornado com seus pais, José e Maria, do Egito.
É dito então no início deste terceiro capitulo, que “Naqueles dias...”, ou seja, quando Jesus habitava em Nazaré, já tendo decorrido cerca de 30 anos, que João, o Batista apareceu pregando no deserto da Judeia dizendo: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.”.
João falou da necessidade de arrependimento para entrar no reino dos céus.
Falou do juízo vindouro sobre aqueles que rejeitassem a salvação que estava sendo oferecida gratuitamente pelo Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.
João falou do batismo de fogo do Espírito Santo, e do corte de toda árvore (pessoa) que não desse bom fruto.
Em suma, João pregou o evangelho, antes mesmo do próprio Jesus começar a pregá-lo.
Isto foi designado por Deus para servir de sinal que a doutrina pregada por Jesus provinha da mesma fonte, a saber do céu, do Espírito Santo, conforme foi permitido a João pregá-la ainda na dispensação do Antigo Testamento, no apagar das luzes daquela antiga dispensação, próximo da inauguração da nova dispensação da graça, com a instituição de uma Nova Aliança, no sangue de Jesus.
Jesus começou o Seu ministério terreno somente depois de ter sido batizado no Espírito Santo, quando este veio sobre Ele na forma de uma pomba, quando era batizado nas águas por João.
Aquele era o marco inicial do Seu ministério.
Por isso os dados relativos tanto à infância de João, quanto à de Jesus, são omitidos por Mateus, porque o evangelho foi escrito para contar a história da nossa redenção pelo Senhor, e esta se encontra configurada especialmente no período do Seu ministério de três anos.
João é citado na história da redenção, porque fora vinculado ao ministério do Senhor, pelo desígnio de Deus, para demonstrar principalmente, o Seu poder e fiel cumprimento de todas as profecias relativas à vida e obra de Seu Filho Unigênito, em favor dos pecadores.
João não foi achado pregando nos castelos mas no deserto da Judeia.
Aqueles que quisessem indagar acerca das coisas relativas à salvação teriam que descer das alturas em que se encontravam, vindo ao deserto da humilhação, para ouvirem a pregação de João, e se arrependerem de seus pecados.
Este seria o mesmo caráter da pregação de Cristo, porque o evangelho chama, antes de tudo, ao arrependimento. À contrição de coração, à pobreza de espírito, para que se possa receber a coroa de glória e o óleo de alegria prometidos por Deus aos que viessem a se converter de seus pecados, pela fé no Messias.
A principal função de João havia sido profetizada por Isaías, cerca de setecentos anos antes:
“3 Eis a voz do que clama: Preparai no deserto o caminho do Senhor; endireitai no ermo uma estrada para o nosso Deus.
4 Todo vale será levantado, e será abatido todo monte e todo outeiro; e o terreno acidentado será nivelado, e o que é escabroso, aplanado.” (Is 40.3,4)
A função de preparar o caminho do Senhor no deserto, e endireitar no ermo uma estrada para o nosso Deus, não poderia ser realizada tentando ser agradável a todas as pessoas, mas manifestando o genuíno amor de Deus, pela pregação da verdade.
Este é o único modo pelo qual Deus pode operar levantando os abatidos e oprimidos (vale levantado); trazer ao arrependimento e humildade os que andam na soberba (outeiro e monte abatidos); e reparar os danos produzidos pelo pecado (terrenos acidentados e escabrosos, nivelados e aplanados).
Não foi de topografia, de geografia que Deus falou através do profeta Isaías, mas acerca da condição do coração humano.
Por isso importava que Jesus fosse batizado por João, para cumprimento de toda a justiça, porque estava determinado nos conselhos divinos que Ele deveria ser achado na forma de servo, identificado plenamente com a humanidade que veio salvar, exceto em relação ao pecado, porque não tinha pecado.
E aquele batismo nas águas foi o momento determinado para que Ele fosse também e principalmente batizado no Espírito Santo, que veio sobre Ele na forma de uma pomba, para que desse início ao Seu ministério terreno, até que completasse a obra que Lhe fora designada para ser feita em nosso favor.
Por causa dessa perfeita obediência e submissão à vontade do Pai, João ouviu a voz do Pai relativa a Jesus, dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.”