O político de centro hoje se esconde
O político de centro já foi predominante, hoje se esconde
por Márcio de Ávila Rodrigues
[07/09/2024]
Em uma análise simplista, as posições ideológicas dos políticos brasileiros podem ser divididas em centro, direita e esquerda.
No espectro ideológico dos políticos da segunda metade do século 20 predominavam as posições de centro.
No final do mesmo período esse predomínio do centro (daqueles que evitavam os radicalismos) até se acentuou enquanto se observava um processo de decadência afetando os dois outros grupos.
A direita perdeu força por causa do fracasso administrativo da ditadura militar brasileira (inflação e desemprego), e a esquerda por causa da implosão da União Soviética e a extinção do regime comunista.
Em anos recentes, o quadro se inverteu com o aumento da popularidade de um símbolo das esquerdas (Lula) e a eleição de um direitista clássico, Jair Bolsonaro. O quadro se polarizou, sem a presença da política de centro.
E o envolvimento emocional com tais ideologias se exacerbou a ponto de afetar as relações interpessoais e de trabalho. Afetou as famílias.
As pessoas passaram a cobrar posturas ideológicas alheias tanto à direita quanto à esquerda. Era como se não existisse a opção do centro. Somente os formatos radicais que se opunham.
Ou se é direita ou esquerda; ou lulista ou bolsonarista; ou é nazista ou comunista. São dualidades que recrudesceram e não reconhecem uma terceira via.
Tempos sombrios!
Sobre o autor:
Márcio de Ávila Rodrigues nasceu em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, Brasil, em 1954. Sua primeira formação universitária foi a medicina-veterinária, tendo se especializado no tratamento e treinamento de cavalos de corrida. Também atuou na área administrativa do turfe, principalmente como diretor de corridas do Jockey Club de Minas Gerais, e posteriormente seu presidente (a partir de 2018).
Começou a atuar no jornalismo aos 17 anos, assinando uma coluna sobre turfe no extinto Jornal de Minas (Belo Horizonte), onde também foi editor de esportes (exceto futebol). Também trabalhou na sucursal mineira do jornal O Globo.
Possui uma segunda formação universitária, em comunicação social, habilitação para jornalismo, também pela Universidade Federal de Minas Gerais, e atuou no setor de assessoria de imprensa.