Entre o essencial e o banal nas discussões e nos debates políticos

A campanha política e os debates entre candidatos deveriam discutir o essencial: economia, saúde, educação, saneamento básico, combater o desemprego, melhorar a segurança pública, etc. Porém, o que se discute, infelizmente, são banalidades e as medíocres pautas religiosas e morais, tais como: o aborto, que já é legalizado no Brasil e sumulado pelo STF e STJ; a mentira da liberação das drogas – coisa que não existe em nenhum país do mundo, uma vez que ninguém nunca irá propor liberar ou legalizar cocaína, crack, heroína e LSD, só para citar alguns exemplos. Também discutem se o Brasil vai se tornar comunista ou socialista ou, ainda, uma possível conversão numa Venezuela: assunto que só os analfabetos políticos e pessoas sem o menor conhecimento argumentam, pois nosso país é e sempre foi capitalista. Aliás, essas pautas nunca sequer foram discutidas ou formuladas nos 13 anos do governo petista.

Outra questão que se debate é se as igrejas e os cultos serão proibidos no Brasil. Tais pessoas que discutem isso ou utilizam essa informação errada para enganar uma massa ignorante e manipulada se esqueceram, fingem ou não sabem o que é um Estado Laico, que é neutro em relação à religião e à fé do seu povo. O Brasil adotou esse modo de Estado desde 1890, o ratificando na primeira Constituição Republicana, de 1891, como também foi adotado pelas demais Cartas Magmas e pela atual Constituição da República Federativa do Brasil, que está em vigor desde 1988.

Explicando melhor, o Estado Laico é aquele que não proíbe a manifestação religiosa, não intervém nas religiões, aceita a manifestação de crença e descrença em Deus e é onde o poder político está separado da igreja (religião). Portanto, não há a mínima possibilidade de perseguição a nenhum credo ou culto no Brasil.

Vejo também debates horrendos e discriminatórios sobre a suposta obrigatoriedade de padres e pastores terem de celebrar casamento homossexuais em suas igrejas. Essas discussões também são feitas com base na ignorância da população e do seu uso para angariar votos aos candidatos dos líderes religiosos inescrupulosos e das suas instituições. Discutir isso é um absurdo colossal, pois além de existir a união civil para as pessoas do mesmo sexo, baseado na obtenção de herança e divisões de bens, esta só deve ser feita pelos cartórios brasileiros, por se tratar de uma "união civil", não casamento religioso, como nos informa o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), desde 2013. Além do mais, se ninguém é obrigado a se casar também ninguém pode ser obrigado a realizar casamento de quaisquer pessoas. Portanto, líderes e suas instituições são livres para decidirem ou não fazerem o casamento de quem eles bem entenderem ou tão-somente realizar de membros das suas instituições.

Enquanto o país não discutir o essencial, seus grandes problemas e aquilo que importa na vida de todos os brasileiros, nunca cresceremos como povo e nação, além de ficarmos reféns de políticos sem projetos e planos de governo que melhorem a vida dos cidadãos, sendo, ainda, assessorados e apoiados por líderes religiosos picaretas e inescrupulosos que negociam os votos de sua membresia em troca de benesses.

Notas:

No direito brasileiro, chama-se súmula um verbete que registra a interpretação pacífica ou majoritária adotada por um Tribunal a respeito de um tema específico, a partir do julgamento de diversos casos análogos, com a dupla finalidade de tornar pública a jurisprudência para a sociedade bem como de promover a uniformidade entre as decisões.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 10/10/2022
Reeditado em 10/10/2022
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