O Populismo eleitoreiro como afronta à autonomia política
Estamos vivendo um momento que se aproxima das eleições presidenciais, e não é novidade que os ânimos políticos se encontram acirrados e cada vez mais debatidos nas universidades, nas rodas de conversa e no cotidiano dos cidadãos. No entanto, o fenômeno eleitoral não se desvincula do contexto do país nem da política brasileira que guarda em sua ancestralidade os traços nacionalistas que acompanham o período de eleições, juntamente com seus discursos e propagandas que apelam à afetividade do povo. Vale salientar que a manipulação das massas não se restringiu somente à época em que o Brasil atravessou uma ditadura, mas persistiu com o passar do tempo e dos mandatos que se autoafirmaram democráticos.
Na contemporaneidade, percebemos que o jogo político está imbuído de um cuidadoso estudo acerca do funcionamento humano frente às decisões que dizem respeito à representatividade. Desde a psicologia da escolha favorável até o ideal de nação e de projetos sociais que os líderes políticos prometem concretizar. Nesse sentido, o candidato incorpora em si os aspectos marcantes de sua campanha e em muitos casos, transmite à população, uma imagem messiânica que oculta todo o autoritarismo por trás de suas intenções. Nas eleições de 2022, que será uma das mais emblemáticas que o Brasil presenciará, não será uma tarefa árdua identificar o populismo exacerbado em suas falas eloquentes e em seus gestos mais despretensiosos. Sendo assim, é imprescindível retornar às fontes legais para se analisar a problemática a partir de uma perspectiva jurídica, que possa embasar com maior grau de cientificidade o episódio político analisado.
O populismo é um acontecimento recorrente no mundo globalizado e permeado por entendimentos das diferentes classes identitárias. Não se pode afirmar que as eleições no Brasil são e serão realizadas conforme as bases legais que sustentam a atividade eleitoral, visto que sua essência arbitrária já está muito bem introduzida na narrativa e nos simbolismos políticos. Mas é possível e mais que necessária sua identificação e o seu estudo minucioso, a fim de que a solidificação do conhecimento impeça o desmoronamento da democracia em seu âmbito mais indispensável à vida pública e à continuidade da inestimável expressão individual.