A única solução para termos saúde e educação pública de qualidade
O Brasil tem sérios problemas. Aqui vou destacar somente dois: saúde e educação. Parecem problemas insolúveis, pois existem desde períodos remotos de nossa História. Perduram desde o Brasil Colônia, passando pelo Império até o Brasil Republicano de 1889 a 2022.
Será que há solução ou somos condenados ao fracasso eterno? Particularmente, considero que esses dois cânceres sociais têm soluções bem simples. Aliás, sempre falo nas minhas aulas de sociologia que, quando houver uma lei que obrigue os políticos e seus familiares a se tratarem em hospitais públicos e a seus filhos estudarem em escolas públicas, nunca mais teremos gente morrendo nas filas de hospitais, as pessoas serão tratadas decentemente e com respeito . Além disso, as escolas públicas serão exemplos máximos de bom ensino e merenda de altíssima qualidade, os professores e profissionais da saúde e educação serão muito bem remunerados. Afinal, quem vai querer o médico que irá tratar seu filho recebendo mal e, por conseguinte, trabalhando em péssimas condições e preocupado por “n” questões? Como se não bastasse, quem vai querer os professores de seus filhos ministrando uma péssima aula por trabalharem em três ou quatro empregos para tentar sobreviver decentemente?
Mas, como justificar tal medida drástica ou tal obrigatoriedade aos nossos políticos?
Muito fácil. Já que eles são os gestores da coisa pública, administram o bem público, e isso inclui hospitais e escolas, deveriam ser obrigados a terem atendimento em hospitais públicos e, seus filhos, deveriam estudar em escolas públicas, uma vez que equipam as unidades para atender bem a população como um todo. Portanto, se não forem atendidos nesses estabelecimentos e se dirigirem para a iniciativa privada, perderão seus cargos. Além do mais, é uma prova de incontestável incapacidade administrativa e incompetência de gestão.
Simplesmente porque gestores e administradores da coisa pública tem o dever ético e moral (deveria ser também legal), de utilizarem somente os serviços públicos de saúde e educação, já que são aqueles que administram os entes federativos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios-, ou são seus legisladores.
Não parece ser tão difícil mudar as coisas. Basta uma enorme mobilização social nesse sentido, sem a qual não haverá melhorias.
Obs.: Proposta semelhante para a educação brasileira foi feita pelo senador Cristovam Buarque, em 2011. Seu Projeto de Lei nunca foi apreciado e muitos consideraram-no mesmo inconstitucional, apesar da excelente justificativa moral inserida no projeto. Ao meu ver essa será a única possibilidade de uma educação e saúde dignas. Os gestores da coisa pública devem usar os serviços públicos que os mesmos administram.