A Frente Parlamentar Evangélica (Bancada Evangélica)
A Famigerada Bancada Evangélica
Hoje, pela manhã, ouvindo a entrevista do pastor Marcos Feliciano ao programa Pânico da Rádio Jovem Pan percebi, nitidamente, o tamanho da desfaçatez dos líderes religiosos que possuem cargos políticos no Brasil, a chamada bancada evangélica. Feliciano admitia que a Reforma da Previdência que ele votou, favoravelmente, e defendeu, com unhas e dentes, retirava direitos da população. Por isso, os parlamentares tinham direito a receber as famigeradas emendas parlamentares para compensar com obras nos Estados e municípios o direito que haviam retirado com seus votos a favor da Reforma .
Sem rodeios, o pastor terminou sua participação dizendo que essa prática nefasta faz parte da política nacional, mesmo que ele e o presidente da República tenham sido eleitos com discursos duramente contrários a ela, apelidando-a de toma-lá-dá-cá e de velha política. Logo, se constata atitude totalmente hipócrita e desumana.
Cabe informar que a Frente Parlamentar Evangélica ou Bancada Evangélica é um nome genérico dado a parlamentares (senadores e deputados federais), em sua maioria, líderes de igrejas e filiados a diversos partidos políticos. Comumente, se encontram em partidos de centro e direita, com exceções na esquerda, como, por exemplo, a Benedita da Silva, que é do PT. Na verdade, estes foram e são eleitos, sobretudo, por seus discursos moralistas e religiosos, colocando-se de forma costumeira para suas congregações como os “homens e mulheres de Deus" que irão moralizar e trazer luz à política nacional, além, é claro, de alegarem que defenderão o nome de Deus de qualquer blasfêmia e, as igrejas, de todas as ameaças a seu funcionamento ou dignidade, como se Deus precisasse de advogados e homens para defendê-lo.
As pautas mais defendidas por esse grupo são: contra a ideologia de gênero, contra o aborto, contra a eutanásia (estranho é que sendo contra o aborto e eutanásia deveriam defender a vida em todas as hipóteses, mas a maioria deles são favoráveis à pena de morte) e ainda são contra casamentos de pessoas do mesmo sexo.
Eles, também, se opõem à criminalização da violência e discriminação contra os homossexuais, bissexuais e transexuais, ou seja, são contra a criminalização da homofobia até porque nada é mais homofóbico que as próprias igrejas e suas pregações.
São contrários, ainda, à criminalização de castigos físicos impostos pelos pais aos seus filhos.
Um dado a mais, o grupo também tenta derrubar resoluções do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Tais resoluções impedem a psicólogos tratarem a homossexualidade como uma doença, apesar da decisão do CFP estar de acordo com a resolução de 1990 da Organização Mundial da Saúde (OMS), que retirou a homossexualidade da lista de distúrbios mentais depois que diversas outras organizações psiquiátricas respeitadas, como a Associação Americana de Psiquiatria e a Associação Americana de Psicologia, terem feito o mesmo nas décadas anteriores.
A Frente Parlamentar Evangélica também é contrária a cobrança de impostos das religiões e igrejas e trabalha como despachante dos mega empresários denominacionais , além de preitearem cargos nos sucessivos governos, como fez com o ex-senador, Marcelo Crivella, que foi empossado como ministro da pesca, no governo da presidente Dilma Rousseff.
Como se não bastasse, a Bancada Evangélica ainda tem posições claras contra o Estado Laico, como fazer cultos em órgãos públicos e manter, no interior deles, símbolos religiosos. Também buscam a aprovação do Estatuto da Família, que, entre outras disposições, define família como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, não aceitando a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que, desde 2012, permite a União civil entre homossexuais e que estes adotem crianças.
Independentemente do que a Frente Parlamentar Evangélica defenda, a meu ver e de acordo com a óptica de tantos outros especialistas em política, todas essas pautas nada mais são do que usar uma falsa moralidade com o único objetivo de angariar votos dos religiosos e dos conservadores. Sem falar que a Bancada Evangélica é a campeã em escândalos, só ficando atrás da Bancada Ruralista, que é o maior câncer da política nacional. Para exemplificar o que estou afirmando, os líderes da Bancada Evangélica eram, em 2013: Anthony Garotinho, Eduardo Cunha, João Campos Araújo e Magno Malta. Todos já responderam por corrupção dentre outros crimes.
Essa Frente atua como testa de ferro das mega empresas-igrejas e de seus líderes exploradores da fé, como a IURD, de Edir Macedo, Igreja Mundial de Valdemiro, Igreja da Graça de RR Soares, Renascer de Estevan Hernandes, e a Assembleia de Deus de Manoel Ferreira, Malafaia, José Wellington e Samuel Câmara. Na realidade, todos esses líderes emprestam suas denominações para políticos evangélicos (ou não evangélicos) as usarem como comícios, fazerem de seus púlpitos, palanques e tornarem-se seus membros um verdadeiro curral eleitoral.
Com essas associações, ganharam, em troca, inúmeras concessões de TVs e Rádios em todo o Brasil, lembrando que, até a Rede Record de Televisão, foi comprada de Silvio Santos no governo Collor e teve como intermediário o corrupto PC Farias.
Ganharam, inclusive, passaporte diplomático, facilidade na compra de Bancos, como o Banco Renner (entidade financeira paranaense, vendido pela presidente Dilma a Edir Macedo, em 2013, em troca de apoio político), além de terras, terrenos para templos, isenções de impostos, etc.
Portanto, a Frente Parlamentar Evangélica é um ajuntamento de parlamentares que, geralmente, votam contra o povo, apoiam criminosos e impedem que tais sejam investigados, como não permitiram, em 2016, que o ex-Presidente Michel Temer fosse investigado e até preso pelos muitos crimes cometidos. Toda essa Bancada virou as costas ao clamor popular por justiça e manteve Temer impune, após ele liberar bilhões em emendas, como meio de compra de parlamentares para continuar presidindo o país.
Evidentemente, essa Bancada está onde o poder está. Quando Collor era presidente estava com ele. Estava também com Itamar Franco, com FHC, com Lula, Dilma, Temer e agora, com Bolsonaro.
A Frente Parlamentar Evangélica, com suas ações inescrupulosas, é motivo de escândalos e faz o nome de Deus ser escarnecido todos os dias, no Brasil. Por trás de um discurso pseudomoralista esconde um covil de salteadores. A esse grupo de parlamentares cabem as máximas de Jesus: "São sepulcros caiados" e "raças de víboras".