Foi o Governo o vitorioso na eleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco ou foi o Centrão que a cada dia amplia sua força e vitória?
Obs.: Texto escrito em 06/02/2021, para refletirmos sobre a aliança de Jair Bolsonaro com o “centrão” para eleição de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco para presidência da Câmara e do Senado Federal. Foram liberadas mais de 3 bilhões de reais para a compra dos congressistas através das emendas parlamentares.
O senador Rodrigo Pacheco, do DEM de Minas Gerais, foi eleito presidente do Senado Federal, com 57 votos dos 81 senadores. Arthur Lira, do PP de Alagoas, obteve 302 votos do total de 513 deputados federais, assim foi eleito para a presidência da Câmara dos Deputados. Ambos, Pacheco e Lira foram candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro. Os dois fazem parte do chamado centrão.
Na política do Brasil, centrão refere-se a um conjunto de partidos políticos que não possuem uma orientação ideológica específica e tem como objetivo assegurar uma proximidade ao poder executivo de modo que este lhes garanta vantagens e lhes permita distribuir privilégios por meio de redes clientelistas. O centrão é a escória da política nacional. Não serve ao Estado e a população, tão somente a seus interesses mesquinhos e espúrios. A política para esse grupo é tão somente um mecanismo de riqueza, influência e poder.
Para se ter ideia da expressividade da votação de Arthur Lira, para o parlamento alterar a Constituição Federal através de uma Proposta de Emenda a Constituição (PEC), ele necessita de 308 votos dos 513, ou seja, três quintos dos votos do Parlamento.
Essa expressiva votação de Lira, demonstra o quanto nossos parlamentares não possuem ideologias, nem princípios éticos e morais, eles estão ali para negociar. E o Governo, se quiser o apoio deles, deve comprar seus votos, independentemente de onde saia esse dinheiro, quer seja da saúde, educação, das verbas para a covid-19 ou do dinheiro que iria para a compra das vacinas. Tudo é negociado e que se dane a vontade popular e o dinheiro público que advém dos impostos dos brasileiros.
Triste é a cada dia constatar desde os primeiros dias do Governo Bolsonaro que o prometido para enganar seus eleitores e muita gente sem conhecimento do funcionamento do sistema político nacional, era mera falácia: governar sem “toma lá, dá cá” e implantar uma Nova Política. Na verdade, permanecemos no velho e arcaico sistema político, sem nenhuma chance de alterar o jogo e suas regras nefastas.
O grande vitorioso nessa Eleição da Câmara e do Senado não foi o presidente da República e seu governo. Foi o centrão, que já havia sido o grande vitorioso das eleições municipais de outubro e novembro de 2020. Agora eles ampliaram a sua vitória e seu jeito abjeto de fazer política, que é através da negociata, sem pudor, sem princípios, sem escrúpulos e se lixando para ideologias.
Bolsonaro só conseguiu, por enquanto, afastar o fantasma do impeachment, mas se as ruas gritarem e a opinião pública se voltar contra o governo, ele terá de pagar mais ainda para o Centrão, muito além dos 3 bilhões que distribuiu para a vitória de Pacheco e Lira, ou será impichado porque esses parlamentares não têm compromisso nem palavra.