O câncer da Reeleição e o exemplo digno de Sérgio Meneguelli
Acabei de assistir consternado o vídeo do prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli, dizendo que não vai tentar a reeleição a prefeitura da sua cidade. Ele não quis por ser coerente e honesto com sua promessa, a qual ele disse que só ficaria quatro anos como chefe do executivo.
Sérgio Meneguelli tem em torno de 75% das intenções de votos em inúmeras pesquisas, a sua porcentagem é três vezes maior que a do segundo colocado. Mesmo com uma vitória certa, amando seu município e tendo a fama de melhor prefeito do Brasil, ele não permitiu que o poder, a vaidade e as vantagens do cargo que ocupa fossem maior que a sua coerência e ética.
Contei essa história para fala da reeleição, desse câncer que o Brasil adotou para os chefes do poder executivo Federal, Estadual e Municipal em 2007, através da compra de votos de deputados e senadores por parte do ex presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lembrando que no Brasil os cargos do Poder Legislativo podem se reeleger quantas vezes o senador, deputado ou vereador quiserem. Não tendo limites temporais. Já os cargos de poder Executivo é permitido uma eleição + uma reeleição (4 anos + 4 anos), depois deve-se sair e esperar mais 4 anos ou se candidatar a outro cargo. Por exemplo, o governador reeleito ao invés de disputar outra eleição para seu cargo, o que é proibido, ele então disputa para senador ou para presidente da República.
A reeleição faz com que presidente, governadores e prefeitos façam um bom ou regular mandato nos primeiros quatro anos, visando assim se reeleger, depois dessa conquista normalmente esses próximos quatro anos no qual não poderá haver mais uma reeleição para o mesmo cargo do executivo sejam péssimos e somente para pagar as dívidas e os compromissos de campanha que os levou a vitória.
A reeleição é um mecanismo abjeto, porque se utiliza do dinheiro público e da máquina pública para manter o chefe do executivo e seu grupo político no poder. O dinheiro que poderia ser investido em saúde, saneamento, educação e infraestrutura da cidade, do estado e da União são gastos para angariar votos e vão para a vala da corrupção.
Seria muito mais coerente a proposta de Marina Silva e muitos outros candidatos, como o próprio Sérgio Meneguelli, que querem 5 anos de mandato para o chefe do executivo sem ter o direito a reeleição. Com certeza, teríamos muito mais respeito ao dinheiro público e não haveria o uso da máquina pública em larga escala para reeleição.
Além do mais, inúmeros políticos que se reelegeram com a promessa que não iriam tentar a reeleição e até prometeram acabar com mesma, como o próprio presidente Jair Bolsonaro, não tiveram a honradez, dignidade e a grandeza humana de cumprirem suas promessas. No caso do atual presidente foi pior ainda, antes de colocar a faixa presidencial para esse mandato de quatro anos, vivia fazendo e continua a fazer, campanha para a reeleição em 2022.
Por isso, que atitudes como essa do prefeito de Colatina, Sérgio Meneguelli, devem ser exaltadas e dignificadas. Pois abrir mão do poder tendo vitória certa, não é para qualquer um. É para homens de extrema grandeza e de louvável dignidade.
Sérgio Meneguelli deu provas quem políticos não são todos iguais. E que o poder corrompe a muitos, mas não a todos.