Por que eu não me candidato a nenhum cargo público?

Um grande amigo, que inclusive é um pastor que eu respeito muito, acabou de me questionar por que eu não me candidatava a um cargo público (político). Já que eu tenho um bom conhecimento sobre questões políticas e ainda leciono sobre Filosofia Política.

Eu o respondi:

“Entendo a sua pergunta, mas eu não nasci para ser Garça, andar o tempo inteiro no meio da lama, nos mangues da vida e não se sujar. Política é esse lamaçal... veja Bolsonaro, criticou o PT, o PSDB e o governo Temer por negociar com o congresso Nacional, depois fez igual, negociou 2,5 bilhões em emendas parlamentares, dando 40 milhões de reais para cada deputado aprovar a Reforma da Previdência que vai tirar os direitos da população pobre, simplesmente para agradar o mercado financeiro. Depois se aliançou com o Centrão que tanto criticou para não sofrer um processo de impeachment”.

Não tenho nem nunca tive pretensões políticas, apesar de amar discussões sobre o tema, adoro ler filósofos políticos como Noberto Bobbio, amo lecionar, como estou fazendo, sobre "Formas de Governo" e sobre "Política bem comum ou exercício de poder?", além de adorar analisar grandes teorias políticas no decorrer da História da Filosofia, como as de Maquiavel, Hobbes, Locke, Adam Smith, Marx, da Escola de Frankfurt e dos neoliberais modernos.

Mas não quero me envolver na política porque amo amizades verdadeiras e odeio puxa-sacos interesseiros, que é o que têm os políticos. Prefiro ouvir de um amigo ou um crítico, eu não concordo com você, com seu ponto de vista, do que receber falsos tapas nas costas daqueles que se relacionam conosco só na intenção de receber algo em troca. Quero amigos de verdade, mesmo que sejam poucos, não bajuladores!

Também não quero me envolver na política, porque conheço o jogo político, sei muito bem como funciona um “presidencialismo de coalizão ”, que é a que temos no Brasil, que é a forma de governo que o Poder Executivo (presidente da República, Governadores e Prefeitos) precisa ter maioria no Legislativo para governar e terminar o seu mandato, porque tendo minoria, estão passivos a receber um processo de impeachment, como o ocorrido com Fernando Collor e Dilma. Não quero viver me vendendo (no Legislativo) para ter dinheiro e um punhado de empregos para comprar eleitores, muito menos comprar apoio dos outros para ter governabilidade. Por mais que eu sonhe com a moralização da política, não pretendo viver nesse lamaçal de corrupção e improbidade administrativa.

Não quero ser político porque amo a sinceridade, por mais que ela doa, enquanto tenho ojeriza pela Demagogia e a Hipocrisia, que é o que reina nos discursos dos políticos. Muito menos quero ser um moralista de goela, que são aqueles que criticam os demais políticos pela postura nefasta, mas quando assumem o poder fazem pior do que os que eles outrora criticavam. No verdadeiro "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço".

Não quero entrar na política, porque estou do lado do pobre e dos menos afortunados. Enquanto os políticos, em sua quase totalidade, estão do lado de banqueiros, empresários, empreiteiros e exploradores dos menos favorecidos. E ainda governam e legislam para eles. Eu tenho lado sim. E meu lado é o lado do povo sofrido e extorquido. Nunca dos exploradores e financiadores das campanhas dos corruptos.

Vou seguir o Conselho do meu grande amigo que me fez a pergunta: vou continuar escrevendo, dando aulas e alertando a população, porque para ele e para mim, isso é uma forma de pregar o evangelho. De pregar as boas novas. Uma pregação social que denúncia a política imunda que infelizmente o Brasil está imerso.

Obs. O termo presidencialismo de coalizão foi criado pelo cientista político Sérgio Abranches, em 1988, e significa o ato de fechar acordos e fazer alianças entre partidos políticos/forças políticas em busca de um objetivo específico. Para o professor Adriano Codato, esses acordos entre partidos são, normalmente, com a finalidade de ocupar cargos em um governo.

Na mesma linha, o professor Antônio Carlos Pojo do Rego, o presidencialismo de coalizão nada mais é do que a forma com a qual o Poder Executivo conduz a administração pública, distribuindo postos administrativos em busca de apoio político e a formação de uma maioria parlamentar. Nesse sentindo, podemos compreender que para que um governo consiga colocar em prática sua agenda governamental, se faz necessário criar uma base de sustentação, de apoio, no Poder Legislativo.

Acioli Junior
Enviado por Acioli Junior em 02/09/2020
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