CHEGARÁ O MOMENTO EM QUE DEVEREMOS DISCUTIR O PACTO FEDERATIVO.

CHEGARÁ O MOMENTO EM QUE DEVEREMOS DISCUTIR O PACTO FEDERATIVO.
 
São tantas as decepções que esse povo nordestino sofrido é obrigado a aturar, que já está mais do que tardio discutirmos a autonomia administrativa da região, como já o faz a Espanha, com suas regiões e administrações com independência financeira e de tomadas de decisões, respeitadas a Constituição Federal Espanhola, como a Catalunha e o território basco.

Os direitos humanos e à multiplicidade religiosa não poderão ser preteridos, o respeito às etnias, aos sotaques, a culinária única, com seus cabritos, carne do sol, baião de dois, galinha à cabidela, suco de caju, de umbú e cajá, carambola, moranga com charque, licouri, queijo de cabra, lagosta e camarão do Ceará, moqueca, caruru, vatapá, abará e acarajé da Bahia, pequi, cacau e chocolate, cebola e alho, frutas e trigo temperados na chapada Diamantina, paraíso de praias e cavernas, cachoeiras e canions.

O direito à simplicidade calorosa, mas viril, de um nordestino que ainda respeita o gibão e o jegue. Que tem no xote, no xaxado, no carnaval, no forró, no frevo e no baião uma inspiração para a alegria, mesmo marcada pelo sol inclemente, que impulsiona as pás eólicas e painéis solares que se multiplicam dia após dia. De sabermos termos o urânio, o vanádio, o nióbio, a bauxita, o minério de ferro, as pedras preciosas, o ouro, as terras raras, o níquel, o cobre, o mármore, o granito, o sal marinho, o cal e o gesso, o cocô, o vinho, as frutas tropicais e europeias em múltiplas colheitas, o paraíso de Fernando de Noronha, de Abrolhos, da Baía de todos os santos, do cravo da índia ao guaraná, da seringueira à pimenta do reino, malagueta e comarim, das termas do Jorro, às barrigudas do além São Francisco, do algodão e da banana, do remelexo da baiana à liberdade de opção sexual, com o direito de o cidadão ser dono do seu pensar e expressar, desde que não ofenda a honra alheia, com sua biodiversidade e variedade climática, bem como seus fundamentos de civilizações pré históricas marcadas por pinturas rupestres.

Os direitos humanos são universais, não cabendo opiniões de quem merece ou não tê-los, mas que ele deverá ser extensivo a todos, pois é impossível conviver com o governo federal negando adicional noturno e insalubridade/periculosidade aos seus próprios servidores, quando os mesmos são fruto de preceitos constitucionais que estão sendo solapados acintosamente das categorias expostas ao subsídio, com desculpas chulas de conflito constitucionais, que expõem os seus beneficiários a redução da sua expectativa de vida, como no caso de policiais rodoviários federais e policiais federais plantonistas, sem esquecer a briosa PM e os setores de saúde e resgate.

Se queremos um País justo, devemos fazer primeiro o dever de casa, para termos moral para cobrar, sem decantar hipocrisias como retórica.

Faz tempo em que o Nordeste é alvo de chacota e de clientelismo político, mas tem potencial para não necessitar dos supostos favores das demais regiões, como se fosse o berço de coitados mortos de fome e sede, quando somos berço da nossa Pátria, sua matriz, sua formação cultural que tanta virtuose literária, artística, musical, científica e política já nos brindou.

Somos fonte de petróleo, açúcar, café, dendê, babaçu, jabuticaba, cajarana, urucum, juá, álcool pros carros e pro corpo, especialmente cachaças envelhecidas em dornas, como o vinho excepcional, licores sem igual nos meses juninos.

Nós somos a metamorfose ambulante do mundo, vivenciadas a mais de dez mil anos atrás, somos velas do mucuripe, celeiro que brota nas estações das chuvas, contamos estórias debaixos dos caracois dos cabelos, porque até somos como nossos pais, pois queremos contar as coisas que acontecem conosco, que tornam nossa fé mais latente e até desenvolvem o cordel e o repente, que faz brilhar os artistas, como cometas a passear dando voltas no sol, nos espirais da Via Láctea, que fazem o odre, o chapéu de couro e o embornal serem marca original de quem precisa da rede pra descansar o corpo ou saber o conforto diferente das camas, ou dos beliches de campanha das guerras movidas contra o rebelar de um povo que nunca esmorece, de Zumbi, dos Malês, de Lampião, de Conselheiro, de Quitéria ou Frei Damião e Cícero Romão, que gerou marechais, de Deodoro a Castelo Branco, mas não perdeu o acalanto de um Castro Alves, de um José de Alencar, Jorge Amado, Caimmi, Caetano, Gil, Belchior, Zé Ramalho, Lenine ou Alceu, Geraldo Azevedo, Sivuca e Renato Aragão, além dos amores de irmã Dulce ou Joana Angélica.

Sabemos costurar, sem faltar o que calçar, podendo até mesmo lançar os satélites no ar, refinar nosso combustível e sermos ao mesmo tempo ecológicos, sem precisarmos de bomba relógio e nem mesmo nuclear, pois o destino que nos aguarda é sermos anfitriões para o deleite do mundo, com nossos doces e compotas, sendo pra todos como a ilha da fantasia, que a todos extasia.

Que essa almeijada independência seja a melhor das tendências de um povo cansado de ser escravo no Pelourinho ou gado no corredor que já não seja pra ordenha, mas tenha uma senha para o matadouro.

O nordestino é teimoso, como o sertanejo é um forte, como já foi dito outrora, mas que já está mais que na hora de ser untado pelo bálsamo do mel Jitaí, Mandasaia ou Uruçu, que não possuem ferrão, mas só alimento, unguento e amor pra doação.


Publicado no Facebook em 29/10/2018