O REDESCOBRIR DA ÁSIA PELO OLHAR DE UM BRASILEIRO.
O REDESCOBRIR DA ÁSIA PELO OLHAR DE UM BRASILEIRO
Muita história foi escrita e vivida, bem antes desses séculos XX e XXI ocidentais, que decantam verdadeiras fábulas de povos originários das centenas de milhares de anos em que os hominídeos avançaram da África Mater para alcançar o berço das monções. Desde o oriente médio até o extremo oriente, os números históricos já ultrapassaram os 5 mil anos, onde não sei nem quantos milhares outros nem chegaram a ser registrados, pelo próprio estágio social de suas épocas, que guardavam seus ritos e mitos de modo oral.
E muitos desses povos tiveram seus momentos de glória e decadência, pois os ciclos de domínio foram sempre afetados pelo avanço ou atraso no uso ou desenvolvimento de tecnologias, principalmente as voltadas para a guerra, pois a índole do ser humano demorou bastante para de desvincular dos instintos mais primitivos e selvagens de lidar com o enfrentamento da natureza, para vivenciar sob a égide das aglomerações humanas, via urbanizações.
Quando estudávamos história e geografia, na mescla das sétima e oitava décadas do século XX, discutíamos nas salas de aula sobre a virada de jogo que foi realizada pelos nipônicos.
O Japão tomou corajosa e sabiamente a decisão de investir quase metade do seu orçamento anual em educação e capacitação de sua mão de obra. E no ano de 1980, já incomodava o ocidente, com sua cópias nem sempre tão fiéis do que já era produzido industrialmente pela Europa e América do Norte. A disciplina e a obstinácia orientais já projetavam um futuro que mudaria a economia mundial.
Depois vieram os tigres asiáticos, com Coréia do Sul, Singapura e Formosa, os quais buscaram a mesma turbina para seus motores, e hoje, também estão no clube da prosperidade econômica e social.
Com um pouco mais de atraso no start para o desbunde econômico que hoje embriaga quase toda a Ásia, principalmente por questões políticas ou de cunho social e religioso, ressurgem as pujantes China e Índia, uma depois da outra.
A China já é a 2ª economia mundial e passa ainda pelo estigma de copiar muitas patentes. Mas eles, chineses e indianos, têm a vantagem do momento, que é uma mão de obra ainda barata, que trabalha com cargas horárias extensas, como também tivemos outrora, e um mercado consumidor interno fantástico.
Hoje eles são os franco atiradores do mercado mundial, estando no protagonismo de novos acordos comerciais que podem abalar a pirâmide econômica e financeira que hoje conhecemos. E eles, num jargão econômico, são extremamente agressivos, avançando em todas as direções do globo.
O mandarim já começa a ser estudado mundo afora, pois é a língua mais falada do planeta. Como ir à China sem uma mínima noção de inglês e mandarim? Já foi a época em que bastavam inglês e espanhol, pois o mundo avança a passos largos, como tratores D8 no serrado, a limparem os terrenos com suas correntes ferozes.
Já pensaram, que os países que estão incomodando a todos hoje, são os mesmos que eram ignorados a pouco mais de vinte anos, desde que tomaram a coragem para realizar as mudanças necessárias? A China, por exemplo, tendo um regime político bastante diferenciado, chegou a proceder fuzilamentos de quem questionasse o novo caminho proposto por Deng Xiaoping, então líder máximo do PC Chinês. A Índia sofreu o enfrentamento de castas sociais e religiosas que levaram ao assassinato de vários de seus líderes, como o de Indira Gandhi.
Mas esse caminho proposto é inevitável e irreversível. Clamamos por ele desde aqueles anos de estudante secundarista, junto a outros idealistas, que se sentem realizados quando vêem que os nossos pensamentos eram corretos. E é uma pena que o nosso País ainda estava sob o julgo nefasto de uma ditadura militar, a qual, como quase todas as ditaduras, tendia a não prestigiar o setor educacional, pois ele é o molejo fundamental para questionamentos sociais, ao passo que dinamiza todas as áreas de conhecimento e desenvolvimento de tecnologias.
Vivíamos sobre a total e absoluta orientação geopolítica norte-americana, devido ao conflito subliminar da guerra fria, que antagonizava os EUA da URSS. E para os países satélites só cabiam as migalhas do desenvolvimento mundial.
Nesse ínterim, a corrupção pública e privada consolidou suas raízes, para cá trazidas desde 1500, impedindo que galgássemos o nosso lugar ao sol. Continuamos a ser um país extrativista, sem investir no beneficiamento de nossas matérias primas, acreditando que não tínhamos petróleo em nosso subsolo e plataforma continental, sem olharmos para o potencial biofarmacêutico das nossas florestas e biomas, sem investirmos em energia eólica e solar, insistindo no retrógrado modal rodoviário, quando somos vocacionados para as ferrovias e o transporte marítimo, já que temos um território continental e uma costa oceânica excepcional.
Mas ainda há tempo, pois o tempo nos é dado sem limites, sem agonias, pronto para aceitar nossos sonhos se tornarem realidade. E a nossa realidade é muito mais do que utopia, de onde migraremos dos sonhos para o agir.
O tempo certo é o agora e todo o futuro à frente, pois nós temos o arbítrio de lutarmos para consolidar todo o nosso potencial, que é muito mais do que imaginário eldorado, mas se pauta em tudo que possuímos realmente.
A classe política precisa fazer sua parte, se auto depurando, cortando na própria carne para extirpar os tumores malignos que atentam contra a dignidade pública, honrando a confiança dada pelo povo nos escrutínios eleitorais.
Essa confiança só será significada quando os segredos, as tramóias e os ardis dos gabinetes cessarem. Quando os políticos disporem dos seus mandatos como se os livros e as cortinas estivessem abertos, sem máscaras e sem desvios de conduta, criando facilidades e não dificuldades para esse povo sofrido superar a nefasta escravidão de outrora, que ainda estigmatiza a cultura, a vida e a alma de todos nós, brasileiros.
Publicado no Facebook em 13/05/2018