A origem dos sulistas que querem independência
A ORIGEM DOS SULISTAS QUE QUEREM INDEPENDÊNCIA (Por Joacir Da Sotto *)
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Para que um povo seja marcado pelo que representa, precisamos penetrar nas profundezas do passado. Os nossos antepassados foram povos indígenas como os carijós, os guaranis e os kaingangs. Fomos explorados por Portugal após alguns séculos, é que no primeiro momento toda exploração ficou além das fronteiras do Paraná. Catequizaram quem era livre e possuía seus próprios costumes, fizeram das missões uma forma de sugar uma cultura em nome dos interesses do império.
Aos poucos um exército do pequeno povoado (com mais de 1000 tribos no Brasil) foi formado, de início eram arcos e flechas, de início era o anseio de proteção que prevaleceu. Os açorianos chegaram de forma simples em nossas terras e diante da incompatibilidade agrícola, foram ficando pela ilha, e da pesca sobreviveram. A cultura alemã e italiana ganhou espaço, ficou misturada com todos os povos que aqui habitavam, por toda exploração que já existia. Tivemos muitas influências, na presença de americanos, ucranianos, poloneses, russos e japoneses.
Aparentemente fizemos guerras por muito pouco, tudo em um passado recente. Na realidade fomos explorados e da mesma forma que hoje estamos vivendo, tivemos parte de nossa cultura aniquilada. É importante declararmos que o ressentimento não predomina em nosso povo, apesar de todo o sangue derramado, hoje lutamos pela paz, pelo debate, pela verdade, pela liberdade. Diante tantos absurdos da guerra e da importante mistura de culturas que presenciamos, existe uma proposta de separação, uma proposta para tornar o Sul um país, uma proposta para alavancarmos a nossa independência política e administrativa.
Para que possamos fazer de nossa causa algo de boa repercussão no futuro, utilizamos de meios totalmente pacíficos e democráticos. Estamos marchando com o coração de nossos antepassados, sendo que a espada e os cartuchos, são apenas símbolos daquilo que está presente em nossas memórias. Por várias vezes formamos repúblicas de curta duração, a vantagem é que agora queremos uma república que seja benéfica ao povo, que seja moderna ao ponto de manter vivas uma parte de nossa cultura que ainda resta. Pela primeira vez na história, está fortemente implantado nos três estados, um movimento chamado “O sul é o meu país”.
Temos exemplos pelo mundo de separação, temos exemplos pelo mundo de que países pequenos são mais fortes, mais fortes do que as mazelas constitucionais brasileiras. A história não engana, o mundo seria ruim diante um único poder central. Defendemos um estado mínimo, defendemos uma cultura que não queremos ver terminar. Estamos aptos para lutarmos pelo que os nossos filhos e netos irão ser beneficiados, é que acreditamos no futuro de nosso povo.
Em memória dos primeiros povos que aqui distribuíram boas energias, eu quero que façam uma reflexão que jamais será conclusiva. Sintam que surgimos do sangue daqueles que tiveram suas terras invadidas; sintam que surgimos do sangue daqueles que foram catequizados para sufocarem os rituais que elevam cada cultura; sintam que surgimos dos homens sociáveis que foram explorados pelos impostos do império português; sintam que surgimos do sangue derramado para imposição de uma falsa república; sintam que surgimos do sangue brasileiro que surge do norte ao sul, para manter uma falsa federação; sintam que precisamos sentir os novos valores, estes que serão discutidos democraticamente, que serão abraçados no país do Sul, no que hoje é apenas região e que é humilhado pelo Brasil.
* Escritor Joacir Dal Sotto, autor do livro "Curvas da Verdade" e secretário na comissão de Lages (SC) do movimento "O sul é o meu país".