Heróis ou vilões?
O perigo maior talvez nem esteja nas crenças, mas nos paradigmas que nos direcionam a elas. A crença é sempre verdadeira para aqueles que acreditam nela. Para os defensores da Mecânica Quântica, a matéria não existe verdadeiramente - tudo não passaria de uma ilusão da Matrix. No entanto é algo tão palpável, tão maciço, tão real... Como não acreditar em algo que nossos sentidos detectam de forma tão forte, tão convincente, tão "verdadeira"?
Mas, o que seriam nossos sentidos e o que verdadeiramente sabemos deles? Será que eles não nos enganam? A visão é um deles. Um teste simples do dedo fixo (em frente ao nosso olhar- fechando e abrindo o olho direito e o esquerdo, um de cada vez) nos mostra como ela pode nos enganar. Através do tato, aliado à visão, sabemos que o que nos queima é algo quente ou frio, mas sem a visão podemos ficar na dúvida - porque os dois podem nos queimar com a mesma intensidade.
As estórias que nos contam, e nas quais acreditamos, transformam bandidos em heróis, verdades em mentiras e são levadas à nossa vida por pessoas da nossa mais alta confiança e consideração - geralmente pais e mestres (e nem sempre eles o fazem por mal, na maioria das vezes porque simplesmente acreditavam nelas também). Che Guevara e a mistura de manga com leite são dois exemplos respectivos do que acabo de citar como exemplos.
Então, a verdade maior é que o que realmente somos, de fato, é inocentes. Somos todos inocentes... Tanto que conseguimos, enquanto seres humanos espiritualizados, nos amar - apesar da diferença de crenças. Então, talvez (só talvez) não saibamos de nada (ainda), apesar de tanta busca, tanta pesquisa, tanta vontade de saber, de encontrar, de se encontrar...
Somos todos UM (enquanto Self), mas somos todos egoisticamente UM (enquanto Ego). Até quando? Até o dia em que aprendermos a viajar entre as dimensões para que possamos ver os paradigmas como eles realmente são e não como pensamos ser.
O olhar do observador cria ou modifica a realidade. Então, a pergunta que verdadeiramente deveríamos fazer é: o que estamos observando? O que vemos ou o que queremos ver? Não há culpados nessa história, mas somos todos responsáveis. O mal é ausência do bem. Somos reféns de uma cultura. Uma pequena centelha divina experienciando algo muito grande - mas humano!