Digo não à Democracia Brasileira!
O Brasil é o país do faz-de-conta. De vez em quando alguma notoriedade nacional lança uma nova expressão ou uma ideia e ela passa a valer como verdade. Já escutamos que o Brasil era o país do futuro, que o petróleo era nosso (esta retornou agora com o pré-sal), que Deus era brasileiro (em detrimento dos habitantes de outras nações), que o país ficaria ingovernável sem a contribuição da CPMF e por aí vai.
Mas para mim a mais nociva de todas as ideias plantadas, é a de que vivemos em uma democracia.
Não vivemos uma democracia, amargamos uma República de Privilégios, onde cada subgrupo da sociedade busca vantagens para si. Então temos leis protegendo o lucro dos bancos, a receita dos usineiros, a inimputabilidade dos parlamentares e governantes; as caixas pretas dos empreiteiros, dos dirigentes de futebol, etc.
Criam-se leis para tudo: Já que não vamos responsabilizar os mais jovens por sua falta de conduta e respeito, criemos uma lei para proteger os idosos. Aos heterossexuais intolerantes, nada de reeducação, instituamos uma lei contra a discriminação sexual. Temos leis específicas contra a discriminação racial, contra abuso de crianças e adolescentes, de crimes contra a mulher, menor infrator...
Criamos castas de intocáveis, por promulgação. Para que serve esta teia de leis?
Apenas para esconder o que está sob ela: o fracasso em se criar um Estado de Direitos e Obrigações que se constitui em um dos pilares da verdadeira Democracia.
Ao falhar intencionalmente em construir o outro pilar democrático, a educação gratuita e de qualidade, os detentores do poder pensam nos votos que vão conduzi-los aos gabinetes, mas na esteira de suas ascensões políticas, engendram um monstro acéfalo e faminto. Este monstro é a sociedade brasileira, que órfã, tenta se auto regulamentar, ou pior, se auto remendar em leis e mais leis para corrigir as imperfeições do sistema. Monstros possuem o péssimo hábito de crescer desmesuradamente e a falta de uma política de natalidade transformou esta nação num organismo invertebrado com milhões de bocas. Isto não é democracia – é teratologia.
Pagamos altíssimos impostos (já considerados como confisco), e não temos saúde, saneamento básico, segurança, transporte público, moradia digna. Não temos o direito de saber quanto, como e onde o dinheiro destes impostos é aplicado. O governante, que em tese, é um servidor do povo e a ele deve se curvar, age como se fosse um déspota, sentado em seu trono, apartado das questiúnculas de seus vassalos.
Não sou adepto de regimes ditatoriais, contudo não consigo dissociar o atual estado brasileiro da época dos anos negros quando os militares eram quem engatilhavam os fuzis. A diferença é que naquela época a sociedade era um organismo pensante, de contornos coerentes e que desejava evoluir para formas mais belas e harmoniosas.