NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS
“NUNCA ANTES NA HISTÓRIA DESTE PAÍS”
“Nunca na história deste País...”. Nunca se ouviu tanto esta frase. E o que ela quer dizer? Pelo jargão presidencial a expressão tenta passar uma mensagem de acontecimentos inusitados, de inovação no mundo real que compreende avanços políticos, administrativos, econômicos, sociais, tecnológicos, artísticos, científicos etc, com notória e benéfica mudança na qualidade de vida dos brasileiros e um verdadeiro desencadeamento da modernização do País.
A expressão que ecoa imprescindivelmente na fala presidencial, em qualquer que seja a situação, é muito oportuna e convém ser dita. Não com a conotação que faz o Presidente, que se utiliza de uma conjuntura global na qual foi inserido por sorte, para creditar no seu fazer o que a própria conjuntura mundial faz mover por força de um momento histórico, que na realidade coloca o Brasil numa situação favorecida no contexto economia mundial. Aqui sim, sem precedente na história deste País.
E poderia ser bem melhor, não fosse a inabilidade diplomática da corte brasileira em fazer valer o seu potencial junto àqueles com quem disputa o mesmo espaço, e a tibieza do Presidente em curvar-se ao brado autoritário de seus pares, ditos “companheiros”, dentre eles os ditadores da Venezuela e da Bolívia, nos últimos episódios envolvendo interesses brasileiros. Poderia ser bem melhor se o superávit primário, forjado, fosse empregado no desenvolvimento da produção interna e no melhoramento da malha viária brasileira, atualmente em estado de abandono, bem como, se saíssem do papel as reformas política e tributária, há muito emperradas por interesses minúsculos, amarrando o crescimento real do País, especialmente quanto à geração de emprego e renda.
De concreto e vivenciado por todos os brasileiros, o que podemos dizer sem sombra de dúvida, é que nunca na história deste País se enganou tanto os brasileiros com políticas virtuais; que nunca na história deste País se praticou tanto o clientelismo e o populismo com programas assistencialistas que encurralam os eleitores menos informados para o funil da conveniência emergente do voto pela sobrevivência; que nunca na história deste País de roubou tanto o erário público, escandalosamente e a olhos vistos; que nunca na história deste país se viu tanta corrupção e tantos corruptos amontoados num só canto, e pior, atuando em rede e protegidos pela cumplicidade das instituições; que nunca na história deste País os políticos foram tão desacreditados e representaram tão pouco aqueles que o confiaram, na esperança de melhores dias; que nunca na história deste País houve tanta decepção com o parlamento brasileiro, profundamente contaminado de vícios e condutas desviantes, especialmente pela corrupção; que nunca na história deste País se viu tamanha crise de autoridade, deixando a sociedade nos braços da sorte e do salve-se quem puder; que nunca na história deste País se viveu em meio a tanta violência e sem perspectiva de reversão dessa epidemia, face a inércia, a incompetência e a corrupção dos agentes políticos; que nunca na história deste País a educação foi tão preterida pelos governos, mesmo constando no texto da Constituição de 1988 como um dos deveres primários e prioritários dentre as políticas públicas; que nunca na história deste país nos vimos tão abandonados pelo Poder Público, que passou a ver fim em si mesmo e permitir que seus agentes tenham vontade própria, coincidentemente sempre divergente da vontade do povo. Em fim, o que se vê e o que se sente é que nunca na história deste país houve tanto desprezo à Ética e à Moral, à honestidade, tornando as instituições desgastadas e fragilizado o ordenamento jurídico vigente; que nunca antes na história deste País, o Poder foi tão podre assim!
José Ribeiro de Oliveira
Delegaco de Polícia, Professor Universitário,
Escritor e membro da Academia Imperatrizense de Letras.
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