°'O TEMPO E LUCY: O HUMANO E O CONHECIMENTO A TRANSMITIR"°

°'O TEMPO E LUCY: O HUMANO E O CONHECIMENTO A TRANSMITIR"°

Hoje eu tive o privilégio de assistir a um filme surreal, sobre a vida e o Universo que pulsa e se esconde no nosso âmago, de existir e de perpetuar no aprendizado evolutivo, que dispensa certas nuances de primitivismo clássico, onde buscamos nos limitar para compreender, pois não estamos aptos para utilizarmos todo nosso potencial, pois padecemos dos defeitos originais de buscar o domínio e não o usufruto do caráter, da sublimação das vontades, querendo mais o ter do que o ser.

E esse é que deveria ser o nosso propósito real, pois vem do divino, que é supremo, quanto ao tempo, ao conhecimento e consequentemente ao domínio do existir, que somente está restrito ao segredo universal do tudo, que se resume na essência e plenitude de Deus.

Por isso, ainda estamos nos debatendo na busca por sincronizar nosso aparato celular, tentando romper os meros 10% de nossa potencialidade neural, salvo as devidas e raras exceções dos denominados gênios, que são confundidos com loucos, pois já não percebem a mesmice das nossas rotinas, de apenas perpetuar a espécie, já que não estamos preparados para modos de imortalidade, quiçá de eternidade.

Poderíamos perceber nos que nascem com a dislexia ou o autismo, mesmo que os seus portadores se apequenem em nichos de parte da capacidade de percepção do que existe e acontece ao nosso redor, e que impactam na funcionalidade de tudo que o tempo permite.

Hoje, como disse, assisti a Lucy e também à cena de encontro com a Lucy, que retrata filosoficamente o momento do rompimento do primata primitivo do que hoje se espalha e acha que domina o mundo, quando isso perpassa muito mais do que dominar, mas saber usar, interagir, sobreviver e gozar os prazeres desse direito que nos foi agraciado.

Então, percebo os buracos que temos, como necessários para formar a nossa perpetuação. Pois são esse pedaços que colamos em nossos descendentes, que nada mais é do que a nossa busca inconsciente de quem domina apenas 10 de 100.

Como poderemos avançar para desenvolver o acumular de tudo o que foi vivido, sem o retrógrado método do decorar registros de papiros, cartas, folhetins e livros, ou mesmo dependermos da cibernética para enxergarmos o que já está registrado dentro de nossas células e almas, passando a degustar sem precisar o mastigar e o esfregar dos alimentos nas papilas gustativas de nossas línguas para reconhecer o que já provamos a milhares de gerações vividas e evoluídas?

Como será o momento em que nosso cérebro se imbricar com o registro de nossas íris, passando a perceber tudo sem lapsos, sem fossos, sem rasgos ou remendos no que todos os nossos sentidos captam, e que refletem até nos sonhos e pesadelos que, por ventura, temos aos milhares no nosso cotidiano?

Os sábios já perceberam o quão importante é o agir, o doar, o partilhar as alegrias e angústias de todos que lhes cercam ou lhes buscam, pois já perceberam os segredos que carregamos adormecidos, mas não destruídos, que teimamos ou tememos rememorar.

Afinal, tudo tem significado e significância. Somos dignos da vida e na vida que geramos, quando entrelaçamos nossos genes, formando a nossa continuidade de Terra, Fogo, Água e Ar, numa combinação recheada de temperos e têmperas, que moldam o caráter daqueles que vêm passar seus estágios de vida nesse portal que nos foi aberto para experienciar nossas dores e amores, seja de passado, presente ou futuro, que o mistério do tempo é que é Senhor de tudo.

Seremos sempre o pequeno a admirar o grande, no simbolismo de pais e filhos. Como nos extasiamos, pequenos que somos, ao ficarmos numa noite singela de céu limpo e estrelado, numa escuridão que clarifica o nosso imaginário, diante da imensidão do Universo, vendo o brilho da Via Láctea, ou da complexidade de nossa combinação de neurônios, que guardam uma essência divina que estamos bem longe de alcançar ou entender, onde seremos ainda a Lucy e o Tempo.


Publicado no Facebook em 23/04/2019.