A volta dos Tribalistas
Eu esperei a volta dos Tribalistas, sentando em frente a TV, igualmente como fiz em 2002. E, se não me engano, o especial de 15 anos atrás foi bem mais tarde e eu estava lá, acompanhando tudo. Ambos na Globo.
Em 2002, de cara, vi sucesso naquela música Já sei namorar - coisa que realmente aconteceu: a música arrebentou e todo mundo sabia de cor e cantava ininterruptamente.
Lembro que o disco de estreia foi bastante criticado: uns diziam que era um golpe de marketing, outros diziam que o som deles estava engessado em um formato, como se fosse música pensada para fazer sucesso muito mais do que pensada com o coração, coisas assim. O certo é que o disco também foi um fenômeno e ninguém passou indiferente a ele. Uns, por outro lado, amavam e achavam as canções "gracinhas", "graciosas", "lindinhas". Eu, como fã do trio, gravei o especial de 2002 em um VHS (olha como faz tempo!) e ouvia um CD pirata que minha ex-namorada havia comprado. E mais tarde, cheguei a fazer uma pantomima da música Velha infância.
Mas, 15 anos depois, o que os Tribalistas trazem de novo? Hum, bem difícil essa questão. Em tempo de pouco inventividade e ousadia na música popular brasileira (eu odeio este termo), os Tribalistas poderiam ser um sopro de esperança. No entanto, eu me senti em 2002, ouvindo mais do mesmo. Podem dizer: "Mas é o estilo deles". Só que se passaram 15 anos (!), um mundo de coisas aconteceu, transformações no mundo em todos os sentidos, evoluções tecnológicas e tal. E sei que eles podem mais. Ou podiam mais (será que a criatividade se esgotou?).
Definitivamente, os Tribalistas não são os salvadores da música popular brasileira - tem coisa ainda que soa bem mais interessante e com "tesão". Falo tesão, porque ao ouvir todas as faixas, senti um certo "gozar de pau mole", como fala Lobão. Nenhuma música me inebriou e me deu um certo regozijo essencial que me despertaria de algum sono profundo. Algumas achei interessante o som e a estrutura, como Diáspora (a melhor do disco). E a dos "peixinhos" achei bonitinha.
Posso falar dos Tribalistas, ou melhor, sinto-me a vontade quanto a isso, porque sempre fui fã do Arnaldo Antunes, principalmente; de comprar os discos, ir a shows. Até o último CD, Já é, eu comprei (o que é algo bem estranho hoje em dia: comprar CD). E Marisa Monte sempre me encheu os ouvidos. O seu disco Verde, Anil, Amarelo, Cor-de-rosa e Carvão é um disco incrivelmente belo. E o Carlinhos Brown sempre o respeitei como músico. Volta e meia, os 3 se encontravam em parceiras para outros artistas, inclusive. São responsáveis por grandes hits.
Mas, voltemos a noite de ontem. Ao ouvir tudo, pensei que as canções do novo trabalho caberiam tranquilamente no primeiro e único disco do grupo, apesar de serem menos criativas, na minha opinião. E a quantidade de músicas também é menor do que o disco de estreia - de repente eles suaram muito pra chegar a esse número de canções para compro um disco e um especial para a Globo. A coisa é tão "mais do mesmo" que em um dado momento Marisa Monte diz: "Falta inventar uma palavra. No primeiro inventamos algumas". Eles ficam criando e Arnalda manda: "Tribalivre". E eles fecham com a palavra! Ou seja, nem eles escondem que é repetir uma fórmula mesmo. É algo mercadológico mesmo. É pra soar igual mesmo. Talvez, não seja música feita com o coração, mas música feita para o cifrão (rsrs).
O que sei é que os três já funcionaram muito melhor em suas carreiras individuais. E deve ser isso, chegou um momento da vida que eles pensaram: "Vamos fazer um barulhinho bom de novo (alusão a um disco de Marisa), o Brown bate umas coisas aí, a gente escreve, Arnaldo declama algo no meio e a gente fatura".
Os tempos são outros. Mas os Tribalistas foram congelados, descongelaram este ano e eles fizeram um novo disco, igualzinho.
Você acha que tá ruim? Pode ficar pior, hein? Pato Fu vem aí com Música de Brinquedo 2! Com certeza, repetindo a fórmula que já deu certo (?) no outro disco que fizeram. Nada de novo no front!