Nossa Música é Brasileira (Cecitonio Coelho)
Temos o hábito de rotular a música capixaba como se usássemos influência sem originalidade, e para se criar necessitamos do fundamento da obra, assim como a sonoridade do silencio, que na música é pausa viva. Imagino que as composições nasçam como complemento ao desejo, nos deixando livres a colher e direcionar cada partícula do som a novas fórmulas, independentemente do estilo. A divisão das palavras trabalhadas do jeito de cada compositor, os que estudam para compor e os que por dom dominam a arte da criação, expondo-se a denominações populares, transforma o que se idealiza a princípio, por tendência em razão da complexidade.
Donos da própria cultura, devemos cultivar criações e divulgar nossa música, a exemplo de sermos do nosso lugar, sem que a intervenção de outras culturas, venha nos definhar ou conter a essência.
Sou da cidade de São Mateus, brasileiro do Estado do Espírito Santo, assim como a nossa música é brasileira, sem desmerecer e com envaidecimento pela alegria que nos dá, quando lembrados mundo a fora.
Enquanto criadores da história cultural, buscamos delinear nossa identidade e nessa eterna busca nos encontramos em meio aos bares, teatros, ginásios e tantos palcos livres da nossa terra onde a beleza desfila em nossa diversidade.
Somos de “pocar” e nosso som é de pura beleza das Bandas de Congo, Jongo, Caxambu, Reis de Boi e Ticumbi, conservando nosso folclore e exaltando nossa fé, na luta pelo reconhecimento da profissão e pelo direito da obra intelectual, que ainda são assuntos divergentes, assim como o recolhimento por execução, entre outros assuntos os quais, nossa música está inclusa, vimos e vemos a lentidão deste processo político, onde temos o dever de participar para que alguma questão evolua e aconteça, não permitindo este jogo vicioso de proveitos em nossa desunião.
A música como profissão e a qualificação dos músicos são hoje, pontos somados a sermos de fato, reconhecidos na questão trabalhista sobre o valor a quem realmente trabalha e sobrevive da música, mas o que difere, é na verdade a lei não aplicada quando no caso das casas noturnas, não expor em seus cardápios a informação devida sobre o couvert artístico junto à lei federal, informando a seus clientes a justificativa desta cobrança. Sempre que um cidadão que se diz informado, aproxima-se imponente, com sua necessidade de alto conhecimento quanto a esta lei, justificando o pagamento “facultativo”, deve-se a este comportamento desinformado sobre o mesmo, a nossa infinita paciência.
Decreto Nº 5.903 de 20 de Setembro de 2006, bem como as normas estabelecidas pela lei federal Nº 8.078, de 11 de Setembro de 1990, garantindo ao consumidor o direito à informação, clara, precisa e ostensiva, sem que seja necessária a intervenção de funcionários, empregados ou terceiros, pois o couvert e gorjetas não são ilegais, mas é necessário haver prévia informação.
Pra quem sente na pele esta indiferença, não é só o valor financeiro, o que ainda nos falta mesmo, é respeito! Pois é, e ainda precisamos escrever sobre isto...
Não foi e nunca será fácil pra ninguém, conquistar seus direitos e assim unidos, quem sabe, viveremos este dia tão esperado!
Imagino que o bom senso seja o melhor caminho a deferir quem mereça ou não, já que música e diversão caminham na direção da informação, sendo mais um motivo à valorização deste contexto social, e logo a nossa música que é tão capixaba, e nem precisa explicação, de tão espírito-santense, recria a beleza da gente.
Obs.: Artigo publicado na segunda-feira, dia 10 de agosto de 2015 no caderno AT2 do Jornal A Tribuna de Vitória/ES.