Cultismo e conceptismo
Ao reunirmos as produções do Barroco, identificamos dois estilos: o cultismo e o conceptismo.
Entende-se por cultismo o jogo de palavras, proveniente do uso excessivo de figuras de linguagem. Trata-se de influência do poeta espanhol Luís de Gôngora, por isso também denominamos gongorismo esse aspecto do Barroco. Na poética de Gregório de Matos, observamos traços dessa tendência.
Por conceptismo, compreende-se a poética atribuída a Francisco Quevedo, cuja principal característica é o jogo de ideias, expresso por meio de silogismos. A contrapelo do cultismo, Vieira prefere o conceptismo, também chamada de conceitismo ou quevedismo, em homenagem ao seu maior representante, o espa-nhol Quevedo (1580-1645), essa vertente privilegia o conteúdo e persegue conclusões mediante o relacionamento de conceitos e o desenvolvimento de raciocínios.
Se por um lado, a corrente cultista focaliza a forma, caracterizando-se pela construção de imagens, por estímulos sensoriais, por paralelismos, por jogos de palavras (sinonímia, antonímia) e pelo uso recorrente de figuras de linguagem, principalmente as metáforas e os paradoxos; por outro, os autores considerados conceptistas privilegiam o conteúdo de suas obras, em outras palavras, as relações de sentido construídas entre as ideias que estruturam o texto, tais como comparações, menções a outros textos, relações lógicas e referências à origem dos vocábulos.
Contra as usuais definições dos manuais literários, não pensamos essas duas correntes como opostas, uma vez que em ambas identificamos a procura de certo aperfeiçoamento estético, embora se façam valer de diferentes meios para esse fim. As duas correntes podem até mesmo contribuir para a elaboração de um mesmo texto.