O EQUILIBRIO DO UNIVERSO
A Terra flutua sem ruído na imensidão.
Essa massa de quarenta mil quilômetros de circunferência desliza sobre ondas do éter como um pássaro no espaço.
Nada denuncia sua marcha imponente. Nenhum rangido de rodas, nenhum murmúrio sequer. Silenciosa, ela passa, rola entre suas irmãs do céu.
Toda a potente máquina do Universo se agita. Os milhões de sóis e de mundos que a compõem, mundos junto dos quais o nosso è apenas uma criança, todos se deslocam, se entrecruzam, prosseguem suas evoluções com velocidades apavorantes, sem que nenhum som, nenhum choque venha trair a ação desse aparelho gigantesco.
O Universo permanece calmo.
É o equilíbrio absoluto. É a majestade de um poder misterioso, de uma inteligência que não se impõe, que se esconde no seio das coisas, mas cuja presença se revela ao pensamento e ao coração.
Se a Terra evoluísse com ruído, se o mecanismo do mundo se restabelecesse com tumulto, os homens, apavorados, se curvariam e acreditariam.
Mas, a obra formidável é executada sem esforços. Globos e sóis flutuam no infinito, tão livres quanto plumas sob a brisa. Avante, sempre avante!
A ronda das esferas se desenvolve, guiada por uma potência invisível.
A vontade que dirige o Universo passa despercebida a todos os olhares. As coisas estão dispostas de maneira que ninguém seja obrigado a acreditar nelas.
Se a ordem e a harmonia do cosmo não bastam para convencer o homem, ele è livre para imaginar. Nada constrange o descrente para ir a Deus.
Acontece o mesmo com as coisas morais. Nossas existências se desenvolvem e os acontecimentos se sucedem sem ligação aparente.
Porém, a permanente Justiça domina do Alto e regula nossos destinos segundo um princípio irresistível, pelo qual tudo se encadeia numa série de causas e de efeitos.
Seu conjunto constitui uma harmonia que o Espírito, liberto de preconceitos, iluminado por um raio de sabedoria, descobre e admira.
O ser gravita um a um os degraus da escada gigantesca que conduz a Deus. E cada um desses degraus representa para ele uma longa série de séculos.
Se os mundos celestes nos aparecessem de repente, sem véus, em toda a sua gloria, ficaríamos ofuscados, cegos.
Mas, nossos sentidos exteriores foram medidos e limitados. Eles aumentam e se apuram à medida que nos elevamos na escala do aperfeiçoamento.
Acontece o mesmo com o conhecimento, com a posse das leis morais. O Universo se desvenda aos nossos olhos a proporção que a nossa capacidade de compreender as suas leis se desenvolve e engrandece.
Assim é a progressão dos mundos. Assim é a progressão das almas.
Reclina tua cabeça, jovem Espírito.
Reverencia aquilo que é maior que tu, maior que tua compreensão, maior que teus próprios sonhos e imaginação.
Aprecia o equilíbrio do Universo e te submete a ele alegremente, agradecido por fazer parte de algo tão majestoso.
Teu crer ou não crer não abala as estruturas perfeitas do cosmo que te guarda, humilde, em seu regaço seguro.
Influencia, no entanto, teus dias, tua esperança, tuas forças diante dos abalos que sofres a todo instante. Assim, a escolha sempre será tua.
No Universo reina equilíbrio absoluto, independente de ti. Em tua intimidade, porém, a estabilidade estará sempre sob teu controle.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 1,do livro O grande enigma, de Léon Denis, ed. FEP.