O futuro a Deus pertence.
O futuro a Deus pertence
Esta semana foi de comemorações. Meu neto Daniel foi graduado na área de Arquitetura e Urbanismo e ontem, outro neto, Danilo completou seu doutorado. Doutor do ABC.
Durante a solenidade, os doutores eram chamados para receber o diploma e uma das mestras anunciava o desejo que o doutorando aspirava para o futuro. Quantas surpresas!
O primeiro já deu o tom da melodia pra galera:
- Quero ser grande para poder tomar refrigerante.
Esse, num golpe de sorte, teve o futuro antecipado, pois no momento do brinde, que não por coincidência era de refrigerante, e embora a mãe o tenha advertido para não beber, ele nem esperou a contagem até três e já virou o copo…
Muitas meninas disseram que seriam médicas veterinárias. Um outro que seria médico pediatra. Alguém disse que seria dentista. Muitos manifestaram o desejo de serem policiais ou bombeiros. Alguns queriam ter uma casa grande com piscina. Três desses doutores irão conhecer a Disneylândia e somente dois manifestaram o desejo pelas artes: um dizendo que seria pintor e uma garota que seria Presidente - e não presidenta, graças a Deus - da República e bailarina.
Tinha mais postulantes a cuidar de bichos que de gente.
Toda essa gama de aspirantes é composta de ribeirinhos, mas ninguém demonstrou interesse por atividades náuticas nem pela piscicultura.
Uma quantidade inexpressiva disse que seria professor.
A minha surpresa foi que ninguém citou interesse em pertencer às Forças Armadas. Nem de serem pilotos de avião. Não houve quem se interessasse por algum ramo da Engenharia nem Farmácia, Psicologia, Nutrição, Direito, Magistratura, Comissário de voo, Cientistas, Sacerdotes, Informática, Esteticista.
Somente um garoto desejou ser jogador de futebol, para jogar no Real Madrid.
Um garoto resolveu quebrar jargões e paradigmas ao declarar que queria ser lixeiro.
Caso isso se concretize, nossos bisnetos terão grandes problemas a serem equacionados. Como será o mundo com essas deficiências? Ao longo dos séculos, muitas profissões e atividades deixaram de existir, outras surgiram, mas a espinha dorsal se solidificou.
A Disneylândia, por si só, não é um mal a ser combatido, porque eu não consigo ver uma infância sem fantasia, doces e refrigerantes, no entanto, é muito triste ver culturas de baixíssimas utilidades fincando raízes em nossas gerações.
Como será um país sem o interesse pelo Magistério? Recentemente, foi divulgado o “ranking” mundial da Educação, ano 2024, segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA) e numa lista de 50 países, o Brasil figura na posição 49. Viva o guru Paulo Freire!
Vozes poderão surgir, para asseverar que os desejos de crianças não estão ligados a critérios lógicos, o que na maioria das vezes é verdade, só que, alguns fatos subliminares podem estar incrustados nesses pensamentos infantis.
Houve um tempo, em que as crianças respondiam que queriam ser o mesmo que seu pai era… para isso, muitos adultos responderam:
- Que Deus te livre e guarde!
O garoto que disse que seria lixeiro, demonstrou uma coragem firme e escapou de uma reprimenda. O Brasil se transformou num país tão chato que está proibido esse verbete. O certo é: coletor municipal de materiais domésticos recicláveis ou em decomposição orgânica.
É verdade, que esses profissionais despertam alguma admiração nas crianças, fato inversamente proporcional ao pensamento dos adultos.
O meu neto Danilo foi mais sucinto:
- Quero ser rico, muito rico!
Que pena! Já o é e não sabe!!
Quem viver, verá, pois o futuro a Deus pertence.