Literatura Brasileira – Definição, história, divisão e principais características

A literatura brasileira tem início com os escritos históricos dos colonizadores. Além disso, é dividida considerando os movimentos literários.

No Brasil, os primeiros registros históricos escritos datam de 1500, quando os portugueses chegaram ao território brasileiro. Assim, tem início a história da literatura brasileira com produções de documentos históricos feitos pelos colonizadores.

As sociedades que já viviam nas terras brasileiras, antes da chegada dos portugueses, eram ágrafas. Ou seja, a forma de comunicação não era representada pela escrita. Assim, os primeiros registros escritos são sobre a impressão da terra encontrada e dos povos que já habitavam o Brasil.

Portanto, os primeiros registros da escrita em território brasileiro são de diários e documentos históricos feitos pelos portugueses. A partir disso, a literatura brasileira – até chegar no que é hoje – foi dividida levando em consideração os vários movimentos ou escolas literárias.

Divisão da Literatura Brasileira

A divisão da literatura brasileira acompanha os acontecimentos políticos e econômicos do país. Sendo assim, é subdividida em duras grandes eras, a Era Colonial e a Era Nacional. Dessa forma, as divisões seguem a estrutura de escolas literárias, também chamadas de estilos de época.

Nesse sentido, a Era Colonial está compreendida entre os anos 1500 e 1836. Durante este este período desenvolveu-se os estilos literários do Quinhentismo, Seiscentismo ou Barroco e o Setecentismo ou Arcadismo. Assim, o período é denominado de Colonial porque o Brasil era colônia de Portugal.

Por outro lado, a Era Nacional compreende os anos de 1836 e 1945. Durante o período desenvolveram-se estilos literários como o Romantismo, Realismo-Naturalismo, Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo e Modernismo. Assim, as produções literárias desenvolvidas posteriormente estão compreendidas na literatura brasileira contemporânea.

Portanto, vamos conhecer as escolas literárias brasileiras:

Quinhentismo

Foi o primeiro período literário brasileiro. Caracterizado por possuir um estilo de literatura baseado nos registros históricos dos colonizadores. Assim, era a literatura de informação e a literatura dos jesuítas que começou a ser registrada no decorrer do século XVI.

Em relação a literatura de informação, os escritos eram baseados em informar e falar sobre a terra conquistada. Já a literatura dos jesuítas possuía aspectos pedagógicos. Assim, dentre o registro mais importante da época está a Carta de Pero Vaz de Caminha.

O documento histórico guarda informações sobre as impressões da descoberta do Brasil para o rei de Portugal. Logo, foi escrita na Bahia, em 1500.

Barroco

O início do período é marcado pela publicação do poema de Bento Teixeira, denominado de Prosopopeia. É o período compreendido entre os anos de 1601 e 1768. Assim, desenvolvido na Bahia sobre influência da economia açucareira, a literatura barroca era caracterizada pelo cultismo e o conceptismo.

Nesse sentido, o cultismo continha aspectos de linguagem rebuscada caracterizada pelo jogo de palavras. Por outro lado, o conceptismo era baseado na demonstração de conceitos. Dessa forma, era caracterizado por ser uma literatura que possuía jogo de ideias.

Um dos nomes que se destacaram durante o período foi o do poeta Gregório de Matos. Além dele, Antônio Vieira e seus Sermões também merece destaque. Assim, o Barraco termina com a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, Minas Gerais.

Arcadismo

O Arcadismo tem início em 1768 com a publicação de “Obras Poéticas”, do escritos Cláudio Manuel da Costa. É um período que se estende até 1808, quando ocorre então a transição para a Era Nacional da literatura. Além disso, o Arcadismo estava ligado à Inconfidência Mineira, movimento social em Minas Gerais.

A economia do país girava em torno da exploração do ouro e das pedras preciosas. Nesse sentido, a cidade de Vila Rica – atual Ouro Preto – tinha grande importância nessa época.

Dentre as características desse estilo literário estava a simplicidade, além da escrita que exaltava a natureza e os temas bucólicos, ou seja, temas campesinos ou campestres. O poeta Tomás Antônio Gonzaga, com a obra “Marília de Dirceu”, foi um dos nomes que se destacaram neste período.

Romantismo

O estilo literário do Romantismo teve início em 1836 após a publicação da obra Suspiros poéticos e saudades, do escritor Gonçalves de Magalhães. Além disso, foi um período dividido em três gerações, cada qual com características próprias.

Assim, 1ª geração é denominada de nacionalista ou indianista. Isso porque, a literatura era baseada no patriotismo, nos primeiros habitantes e nos indígenas. Além disso, o sentimentalismo e a religiosidade eram temas da literatura dessa geração. Dentre os nomes que se destacaram estão: Gonçalves de Magalhães (1811-1882) e Gonçalves Dias (1823-1864).

Já a 2ª geração é denominada de ultrarromântica por conta dos exagerados temas românticos pautados no subjetivismo, no pessimismo, no tédio e na melancolia. Além disso, as paisagens carregadas de características noturnas e a morte como solução dos diversos problemas eram temas dessa geração. Os nomes que se destacaram nesta fase foram: Álvares de Azevedo (1831-1852), Junqueira Freire (1832-1855), Fagundes Varela (1841-1875) e Casimiro de Abreu (1839-1860).

Por fim, a 3ª geração foi denominada de condoreira ou social. Isso porque, a realidade social era o principal tema tratado pelos escritores dessa geração. Assim, dentre os nomes que se destacaram na literatura romântica da 3ª geração foram: Castro Alves (1847-1871), Tobias Barreto (1839-1889) e Sousândrade (1833-1902).

Realismo e Naturalismo

O período do Realismo e Naturalismo se inicia na literatura quando o escritor Machado de Assis – realista – publica a obra Memória póstumas de Brás Cubas. Já o naturalismo teve início com a publicação de O Mulato do escritor Aluísio Azevedo. Ambas as obras foram publicadas em 1881, ou seja, os dois períodos se inciaram no mesmo ano.

Dentre as características destes dois períodos estava o engajamento social presentes nos escritos. Assim, as obras eram desenvolvidas com base no objetivismo, na verdade dos fatos pautados por uma linguagem descritiva e detalhada. Dessa forma, era comum que temas sociais, as cidades e o cotidiano fossem retratados nas obras.

Nesse sentido, o Naturalismo é considerado como um complemento ao Realismo. Isso porque, carrega temas embasados no determinismo, além do cientificismo. Além disso, era foi um período marcado pelo sensualismo e pelo erotismo, além de utilizar linguagem mais coloquial do que o Realismo.

Os nomes que se destacam no Realismo são: Machado de Assis, Raul Pompeia e Visconde de Taunay. Já no realismo, escritores como Aluísio de Azevedo – com as obras o Mulato e o Cortiço – e Adolfo Ferreira Caminha – autor do livro A Normalista – são nomes merecem destaque.

Parnasianismo

A literatura brasileira se desenvolveu de forma que alguns estilos tiveram seu início de maneira simultânea, como ocorreu com o Naturalismo e o Realismo. No caso do Parnasianismo, o início foi marcado pela publicação de Teófilo Dias, com a obra Fanfarras, em 1882.

Foi um período desenvolvido paralelo à outras escolas literárias, porém, por conta das características distintas, foi classificado como estilo independente. Assim, dentre as características principais desse período estavam a realidade e a perfeição das formas, tendo a métrica, as rimas e a versificação como estética poética. Nesse sentido, os escritores eram guiados pelo lema “arte pela arte”.

Por conta disso, os escritores estabeleceram um estilo literário que prezava pelas formas fixas de escrita, como o soneto, por exemplo. Logo, os autores que se destacaram durante o Parnasianismo foram: Olavo Bilac, Alberto de Oliveira e Raimundo Correia, conhecidos por formarem a “Tríade Parnasiana”.

Simbolismo

No Simbolismo as obras estavam pautadas no subjetivismo, no misticismo e na imaginação. Assim, os escritores desenvolviam obras na intenção de compreender a alma humana baseados em aspectos do subconsciente. O período teve início em 1893 com a publicação de Missal e Broqueis, de Cruz e Souza, e terminou por conta da Semana de Arte Moderna, no início do século XX.

O estilo de escrita mais utilizado no Simbolismo era o poema. Além disso, os poetas eram inspirados em temas como o incerto, o nebuloso e o vago. Assim, os nomes que se destacaram neste período foram Cruz e Souza e Alphonsus de Guimaraens.

Pré-Modernismo

Alphonsus de Guimaraens, autor do Simbolismo, já apresenta em seus escritos características do pré-modernismo. Isso porque, este foi um período marcado pela transição entre o Simbolismo e o Modernismo, ocorrido no início do século XX com a Semana de Arte Moderna.

Assim, o Pré-Modernismo carregava uma linguagem baseada no coloquialismo e no regionalismo, rompendo com os aspectos com a estrutura academicista dos de mais períodos. Além disso, temas sociais, políticos e econômicos eram os mais explorados como forma de mostrar sobre a realidade brasileira.

Logo, os escritores que mais se destacaram neste período da literatura brasileira foram: Monteiro Lobato, Lima Barreto, Graça Aranha e Euclides da Cunha.

Modernismo

O Modernismo é o período iniciado com a Semana de Arte Moderna, movimento modernista ocorrido em São Paulo, em 1922. O movimento marcou o início de uma nova era na literatura e nas artes em geral, com produções inspiradas nas vanguardas europeias.

Assim, o Modernismo vem para romper definitivamente com o aspecto academicista das produções literárias e o tradicionalismo. Portanto, os escritores e artistas podiam inovar, tinham liberdade estética e desenvolviam trabalhos por meio de experimentações. Dessa forma, assim como no Romantismo, o Modernismo também foi dividido em três fases: a fase heroica, a fase de consolidação e a a fase pós-moderna. Assim, cada fase foi caracterizada por temas e escritores que se destacaram.

A primeira fase, denominada de geração de 22, foi desenvolvida por escritores que mostraram as possibilidades artísticas do período. Destacam-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade e Manuel Bandeira.

Já a segunda fase, iniciada a partir dos anos 1930, traz como características os problemas sociais e a realidade brasileira. Os escritores, pautados no estilo da prosa, desenvolvem escritos preocupados com o que dizer, ao invés de como dizer e utilizam novas formas de linguagem. Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Moraes, Rachel de Queiroz, Graciliano Ramos e Jorge Amado, são autores que descaram na geração de 30.

Por fim, a terceira fase – geração de 1945 – resgata a característica formal presente nos estilos literários anteriores e não utilizam tanto da liberdade de escrita. Assim, desenvolvem produções de contos fantásticos, inovam na linguagem e usam a função metalinguística, por exemplo. Além disso, os escritores usam a literatura experimental com temas sociais e regionais, além da linguagem objetiva. Clarice Lispector, Guimarães Rosa e João Cabral de Melo Neto, são alguns dos nomes que de destacam nessa fase da literatura brasileira.

Pós-Modernismo

O Pós-Modernismo é caracterizado pela busca por novas formas de expressão, tanto na literatura quanto nas artes em geral, como cinema, teatro e artes plásticas. Assim, é um período em que a literatura brasileira passa por profunda transformação.

Dessa forma, a literatura brasileira deste período é marcada pela ausência de valores, além da liberdade de expressão e do individualismo. Nesse sentido, os autores buscam intercalar vários estilos em suas obras, como o romance, o conto e a crônica.

Assim, os autores que se destacam nesse período são: Ariano Suassuna, Millôr Fernandes, Paulo Leminski, Ferreira Gullar, Adélia Prado, Cora Coralina, Nélida Pinõn, Lya Luft, Dalton Trevisan, Caio Fernando Abreu, etc.

Grandes obras da Literatura Brasileira

Durante todo o período histórico da literatura brasileira, algumas obras ficaram profundamente conhecidas sendo lembradas e utilizadas até hoje. São obras que guardam aspectos da atualidade, representam grupos sociais e são marcas da literatura por representaram alguma inovação referente à escola literária que pertencem.

Portanto, são elas:

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Machado de Assis;

O Ateneu (1888). Raul Pompeia;

Recordações do Escrivão Isaías Caminha (1909), Lima Barreto;

Macunaíma (1928), Mário de Andrade;

Vidas Secas (1938), Graciliano Ramos;

Fogo Morto (1943), José Lins do Rego;

Grande Sertão: Veredas (1956), Guimarães Rosa;

A Paixão Segundo GH (1964), Clarice Lispector;

O Coronel e o Lobisomem (1964), José Cândido de Carvalho;

A Pedra do Reino (1971), Ariano Suassuna;

Curiosidade:

Você sabia?

O primeiro livro publicado por uma mulher no Brasil foi apenas no século 19, com o livro “Direito das Mulheres e Injustiça dos Homens”, da escritora Nísia Floresta Brasileira Augusto.

Fontes: Toda Matéria, Cola Web e Revista Bula