"HERRAR É UMANO"

"Das coisas que mais nos fazem crescer na vida estão os erros que cometemos ao longo do caminho.

Já fui meio paranóica com erros. Os meus, principalmente. Houve uma época em que eu não admitia errar. No trabalho então, nem pensar. Competência absoluta, perfeccionismo feroz. Chibata em mim mesma se algo não saísse bem.

Eu sabia que não era infalível, mas eu desejava muito ser. Até hoje não gosto de errar, porém já entendi que está no pacote da existência.

Conforme o tempo foi passando, e eu acumulando os erros clássicos de todo ser humano, aprendi que o grande problema do erro não é o erro. É como você lida com ele.

“Errar é humano: mais humano ainda é atribuir o erro aos outros.” – Anton Tchekov

Em 2009 eu trabalhava na área comercial de uma emissora de TV e vendi para um cliente um merchandising que não existia. Ao vivo. No meio de um jogo de futebol.

O que se faz num momento desses?

Senta e chora? Não.

Chama a responsabilidade pra si. Pede desculpas. Dá a cara à tapa. Mostra que se importa. E se importa de verdade. Negocia compensações. Fica presente até tudo ser solucionado.

Tive a sorte de trabalhar com profissionais que não me julgaram e ainda ajudaram na hora de consertar o erro com idéias, conhecimento técnico e boa vontade. Pra errar basta um, mas consertar em equipe é mais gostoso.

Acredito ter feito bem o meu trabalho nesse caso. O cliente continuou anunciando comigo por anos.

Ainda sobre erros, tive feedbacks variados nas empresas em que trabalhei:

Um chefe me dizia: “Se a responsabilidade está com você, aja. Eu nunca vou brigar se você agir. Depois analisamos o que poderia ter sido feito de uma forma melhor”. E seguia junto comigo.

Outro chefe falava simplesmente: “Errou, se vira.”

E no dia em que, no início da carreira, enviei um e-mail para a empresa inteira sem cópia oculta e recebi em resposta uma bronca do vice-presidente, também SEM cópia oculta, ouvi do meu chefe na época: “Tudo bem, isso é bom para você ficar cascuda.”

Com essas 3 “orientações”, aprendi a ter diferentes posturas:

Agir, mesmo quando estou sob pressão.

Me virar sozinha quando necessário. Sem “mimimi”.

Não dar peso ao que não tem peso.

Acredito também que errar tem uma função de aprendizado específica: tornar-nos mais tolerantes e humanos frente aos erros do outro.

“O importante é a lembrança dos erros, que nos permite não cometer sempre os mesmos. O verdadeiro tesouro do homem é o tesouro dos seus erros, a larga experiência vital decantada por milênios, gota a gota.” – José Ortega y Gasset

Ouso afirmar que em relação aos erros há questões inegociáveis e aí vai de cada um concordar ou não.

Certa vez tirei o maior cliente da carteira de um executivo da minha equipe. Ele havia cometido uma série de erros recorrentes por total falta de interesse em atendê-lo. O executivo fez isso por que era uma má pessoa? De forma alguma. Ele só era humano.

Não é por isso que eu deixaria a situação se perpetuar. Erro a gente conserta, não compactua.

Qual é a dica?

Quando você errar com alguém ou em alguma situação, não fuja. Não diga que não viu, que não sabe. Não seja omisso. Não mande mensagem ou e-mail querendo se esconder atrás da palavra escrita. Ligue. Não invente historinha. Não coloque a culpa na outra pessoa. Ninguém é bobo. Erros vêm à tona sempre.

“Os homens erram, os grandes homens confessam que erraram.” – Voltaire

O reconhecimento de um erro é uma das maiores grandezas que um ser humano pode ter. Demonstra maturidade e a mensagem que você envia quando age assim é que se importa com o outro."

Patricia Capeluto
Enviado por Lu Mendes em 09/07/2020
Reeditado em 09/07/2020
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