Entre os tempos de outrora e os atuais
Tem um ditado totalmente antiético que afirma que “quem não cola não sai da escola". Pois bem, dificilmente teve algum aluno que nunca colou e que nunca deu aquela espiada para o lado ao fazer uma avaliação, outros mais ousados chegaram a trocar provas no momento avaliativo. Todavia, quando os alunos outrora realizavam tais feitos, sabiam das consequências nefastas dos seus atos. Tinham consciência que levariam um zero na nota, além da vergonha que passariam e o pior, seriam estigmatizados como coladores e trapaceiros.
Antigamente os alunos que “colavam" eram mais cautelosos, não copiavam na integra os textos dos livros, naquela época não havia internet, tinham o cuidado de trocar as palavras, usavam termos sinônimos, vocábulos com mesmo significado, porém distintas das utilizadas no texto de origem. Isso tudo para não serem pegos, não serem descobertos e passarem despercebidos.
A maioria das pessoas no passado admite que aprendia a matéria colando, pois o seu trabalho de colar era tão minucioso que acabavam gravando os conteúdos ou os compreendendo de fato.
Nos tempos de outrora, até para “colar” havia certa dedicação, pois todos temiam serem descobertos. O opróbrio e a vergonha perante a classe e a escola que com certeza iria saber deixavam-nos cautelosos e amedrontados.
Hoje, em certos lugares a situação mudou. Claro que não são em todos os lugares, pois ainda há aqueles que mantêm a seriedade dos tempos de outrora. Nesses locais de ensino que ainda prevalecem a seriedade e a rigidez, os alunos continuam vivendo como no passado, cheios de artimanhas e cautela. Nesses locais o temor ainda prevalece e colar sempre será um risco.
Mas as Unidades Escolares que flexibilizaram a seriedade fazem de conta que a educação é séria e permitem que os docentes, a equipe diretiva e pedagógica ajam sem rigor em relação a essas práticas antiéticas e incorretas, os alunos aproveitam.
Eles sentem-se tão confiantes que “colam" sem o menor escrúpulo e cuidado, pois sabem que mesmo sendo vistos e pegos com a boca na botija, não serão punidos, ou lhes darão a segunda chance. Por isso, hoje não mudam as palavras dos textos que tiram da internet, copiam-no na íntegra e repassam para os demais colegas de classe. Sendo assim, todos sem temor entregam a mesma atividade. O trabalho que deveria ser pessoal e individual, agora passou a ser em “tropa".
Os valores estão tão invertidos na educação que os docentes que deixam correr frouxo são os amados, enquanto os éticos e rigorosos são odiados por parte significativa dos discentes.
Quem faz de conta que ensina é elogiado. Quem ensina, corrige e cobra é mal falado. Os que fingem que ensinam por serem de fato mal pagos são melhores vistos que aqueles que ensinam e cobram, mesmo não recebendo 10% do que merecem de salário.
A falência na educação é medida de muitas formas. Desde o desinteresse dos governantes em educar com qualidade a população, aos salários de fome recebidos por parte substancial dos professores, até fingir que se ensina porque pouco se recebe como também fazer vistas grossas a comportamentos antiéticos e transgressores dos alunos.
A mudança na educação não depende só de investimento financeiros como pensam muitos que foram às ruas protestar contra o governo. Ela é antes de tudo ética e tem a ver com valores que estão sendo perdidos. Virtudes fundamentais para a existência em sociedade. Quem considera normal “colar” e trapacear no ambiente escolar, tem grandes chances de achar que pode fazê-lo fora dos muros da escola.
O Ensino nas escolas deveria ir além da Língua Portuguesa, Matemática, História e das demais disciplinas, também é interessante ensinar aos alunos o convívio ético, harmonioso e íntegro para serem colocados em prática dentro e fora dos portões das unidades escolares.
É preciso que se faça uma reforma ética com urgente!