Dez anos com a internet

Posso dizer que a Internet transformou a minha vida, de quem eu era, para quem sou hoje, sempre com o propósito de ser uma pessoa melhor. Depois de uma década caminhando com a internet, já consigo expressar o quanto foi fundamental para o meu desenvolvimento. Me considero parte deste progresso, que iluminou meus pensamentos, através dos acessos a informação.

Talvez por falta de incentivo, a escola nunca foi o meu ambiente favorito. A gente cresce e fica adulto, dificilmente, vai ter uma boa colocação no mercado de trabalho, assim foi comigo. Em certas profissões, por mais que seja digna, o filho chora e a mãe não vê, não me arrependo por trabalhar sujo ou por ter carregado peso no ombro, tudo isso valeu apena, pois passei a valorizar o conhecimento. Aos 17 anos, retomei os estudos, tinha parado na 4° série, fiz o EJA (Educação de Jovens e Adultos), estava determinado e com força total. Até hoje lembro daquele momento, correndo atrás dos documentos, indo na antiga escola que frequentei, falando com a coordenadora, ela olhava espantada pelo meu atraso na grade curricular, não sei o que mais passava na cabeça dela, pelas repreensões coisa boa não era. Fiquei com muita vergonha. Logo, passei a frequentar as aulas, sempre com dificuldades, conciliando trabalho duro durante o dia e estudando à noite.

Assim que conclui o ensino médio, de imediato tive outro emprego, Depósito de Material para Construção Civil. Tinha acabado de terminar o ensino médio aos 22 anos, na minha infância, não tive uma base educacional boa (sem mencionar: café da manhã, almoço, janta e vestimenta). No primeiro de trabalho, não sabia o que era metro cubico, regrinha três, erros constantes no português ao escrever ou ao falar. Por horas, de maneira serena, o meu ex patrão conversava comigo, falando sobre questões do ensino médio. Hoje, compreendo que o sistema me passou pelas presenças em sala de aula.

Em 2010 tive a oportunidade de entrar na faculdade, para ingressar no curso de Engenharia Civil, graças ao meu ex patrão, o qual tenho o maior carinho e reconhecimento do que ele fez por mim. Me considero uma pessoa de muitos pais, cresci sem pai biológico, a bebida alcoólica o levou mais cedo para morar no céu. O lado bom disso, é que passei a ter vários pais afetivos diferentes, que de certa maneira contribuiu e contribuem para o meu desenvolvimento, e o meu ex patrão, é uma delas.

A faculdade foi a porta de entrada para um novo conhecimento, um novo mundo de letras e números, que exige muito de você, do que propriamente dito a faculdade em si, a responsabilidade é toda sua, se você não estudou direito ou não entendeu a matéria ou se precisa trabalhar de dia e estudar a noite, tudo depende de você. Com o tempo, entendi que, a educação também se resume a dinheiro e ponto final.

Para a minha surpresa, ainda em 2010, quando a internet estava engatinhando para mim, passava na Lan House, usava o computador e imprimir algumas folhas “só para fazer volume”. Pesquisava alguma coisa de Engenharia Civil, não encontrava nada do meu interesse, pois a minha vida sempre estava resumida ao áudio e visual. Com o tempo passei a ter um Notebook e Internet móvel, sempre com a ajuda do meu ex patrão. Com os anos, foi surgindo vídeos na internet, passei a entender que a minha capacidade de absorver informações estava no áudio e visual. Lembro das vezes que gastava o pacote de dados da internet móvel, já estava se tornando algo inviável, a solução encontrada na época, foi comprar DVD’s caseiros gravados com os vídeos que era de meu interesse. Quando terminava de assistir a todos os DVD’s, no trabalho eu notava a diferença, ao segurar um material e até mesmo ao falar, ao receber um elogio percebia claramente que assistir aos vídeos estavam valendo apena, pois já conseguia desenvolver algumas atividades na pratica, para mim, era algo surpreendente, meu ex patrão notara que a faculdade estava fazendo bem. Até hoje, tenho os DVD’s e carrego como troféu, considero que o telecurso 2.000 de hoje, evolui bastante, graças as plataformas espalhadas pela internet, é só saber navegar. Infelizmente a leitura estava fora de cogitação, não era a minha praia favorita.

Uma das coisas que abriu a minha mente, foi, e continua sendo, as palestras, isso me deu o verdadeiro entendimento do conhecimento. Sempre gostei de escrever, na época com uma visão pequena, do que é o mundo, não sabia o que era filosofia e muito menos o poder da escrita criativa, gostava mais de escrever do que de lê. Falo por experiência própria, a escrita me ajuda e continua ajudando a descobrir quem eu sou, e onde posso melhorar.

Por uma escolha que fiz, não me arrependo por isso, troquei de emprego, desta vez atuando em obras da construção civil, na área que escolhi, sem diploma: canudo e papel timbrado, e lá se foi a minha faculdade. Trabalhava de dia e estudava por conta própria com ajuda da internet à noite. De certa maneira, por esta trabalhando no que realmente gosto de verdade, ajudou a entender a profissão, como ela é de fato. Acho que a cede pelo conhecimento enraizou de verdade aos 17 anos, retomando os estudos na 4° série. A internet foi a minha maior aliada, mesmo diante das dificuldades, por falta de dinheiro sem poder frequentar a sala de aula na faculdade, confesso que fiquei angustiado, era uma sensação de perder para você mesmo, inúmeras vezes lançava a minha sorte na loteria e nada conseguia. Aprendia que com os fracassos também a gente aprende, o que a gente precisa é de um aliado.

Cresci entre becos e vielas, a música sempre contribui para o meu desenvolvimento como pessoa, as vezes em uma conversa, usava uma frase de uma música, do tipo “em fração de segundos” sempre deixando de lado as frases da malandragem, eu filtrava bastante. A música sempre diz uma mensagem que eu não entendia, aquilo era bom, alimentava de forma positiva o meu lado lírico. Já bem conectado, sem depender de internet móvel, bastava ter a minha força de vontade para buscar a informação certa. Quando escutei pela primeira vez na internet, a letra de Rep: A vida é Desafio. Era exatamente o eu precisava ouvir, para seguir adiante. O gosto de estudar por conta própria aumentou cada vez mais. “ou você é melhor ou pior de uma veis”. Mesmo assim, o gosto pela leitura estava muito longe de ser, a fonte de conhecimento favorita.

Eis que um vídeo mudou a minha vida. O Mestre e Professor: Pierluigi Piazzi, em uma de suas palestras explica a importância da leitura, aquilo foi mais claro que a água. Passei a dar mais importância a leitura do que qualquer outra coisa, por diversas vezes assistia o vídeo quando estava desmotivado para lê. Dali para frente, com muita dificuldade, aplicando o habito da leitura em minha vida, sem deixar a escrita de lado. Descobri que a leitura pode nos transportar a um conhecimento intelectual mais do que o áudio e visual. Com tudo isso e por uma série de fatores, passei a ter gosto por outros gêneros. Com a leitura passo a entender o que o autor está querendo dizer, de forma mais profunda.

Talvez por falta de sorte, continuo sem diploma: canudo e papel timbrado. Mas, a vontade de buscar conhecimento continua enraizada em mim. Neste mundo de informações, cada pessoa pode correr a atrás dos seus gostos e preferências, basta está bem conectado a plataforma que melhor agrada. A informação está bem democratizada, onde todos podem ter as mesmas informações, inclusive deixando opiniões boas ou runs. Uma boa leitura, jamais deixara de ser a verdadeira fonte intelectual para o conhecimento. A leitura é a formula perfeita para decifrar o mundo, inclusive contra as Fake New’s.

(Autor: Alex Leonardo da Silva.)