Pedagogia da Inclusão
Luís Demétrio Broetto*
O presente texto é fruto das reflexões pessoais e também acadêmicas do autor, que, por ser pessoa com deficiência física e que tem alguns de seus trabalhos acadêmicos versando sobre a temática da inclusão. Este texto não pretende ser um artigo acadêmico ou algo do gênero, mas, sim, um texto para pensarmos uma nova pedagogia, uma pedagogia que seja mais e melhor inclusiva.
O titulo é algo que já vinha sendo pensado e repensado, e de forma alguma se pretende afrontar ou desrespeitar a memória de Paulo Freire, maior educador brasileiro e patrono da educação nacional, um dos três mais citados na área em todo o mundo; que tem vários de seus títulos começando com a palavra “Pedagogia”, apenas como exemplo cito: Pedagogia do Oprimido.
Já estamos encerrando a segunda década do Século XXI e temos que ter em mente que a forma com que fazemos e pensamos o ato educativo deve ser condizente com o contexto histórico que estamos vivendo e atuando. Este por sua vez é um exercício constante e que se faz necessário de todos os que estão direta e indiretamente envolvidos com o ato educativo.
Incluir não significa apenas tornar mais fácil o acesso de educandos com deficiências, mas, também incluir a todos os demais respeitando cada qual em suas particularidades. Isso significa: mulheres, negros, quilombolas, refugiados, estrangeiros, ciganos, pessoas com deficiência, índios, pessoas que vivem em situação de rua, moradores de comunidades carentes, órfãos, pessoas viciadas em drogas e álcool, crianças, idosos, e tantos outros que não mencionei aqui diretamente, mas que em nenhum momento desejo rejeitá-los.
Incluir é fazer o outro um partícipe ativo da história local e logicamente da sua própria história de cidadão, com todas as suas vivências que o fizeram e fazem ser quem ele é e o ter feito chegar até ali. Apenas ressalto aqui que muito comumente, as palavras incluir e integrar são tidas de forma sinônimas, mas, há diferenças em seus significados.
Enfim, este é um pouco do panorama que culminou com a escrita do presente texto e suas eventuais reflexões. Pensar a pedagogia de modo inclusivo em todo o seu processo, desde o planejamento de cada atividade até a avaliação dos educandos, é um ato de humanização da pedagogia como um todo. Um exercício necessário que faz muito bem a todos que vivenciam a prática pedagógica cotidianamente em suas vidas.
Manifesto que estou sempre aberto ao diálogo com aqueles que desejarem, desde que este seja realizado de forma polida e com argumentos e fatos verdadeiros e passíveis de comprovação. Aceito também e de bom grado, manifestações contrárias e favoráveis ao presente texto.
Pensar a inclusão é sim importante, e necessário que seja feito, no entanto, é algo que deve ser feito cautelosamente e com responsabilidade. Nem todo educando com deficiência tem condições de ser incluído. Tal ato envolve diversos atores: a escola, o educando, os educadores/educadoras, os gestores/gestoras tantos das escolas quanto dos demais órgãos públicos envolvidos, a família do educando, materiais didáticos adequados, uma arquitetura no prédio da instituição que promova a sua acessibilidade e plena locomoção, e até mesmo uma equipe multidisciplinar para dar todo o suporte de que este precisa.
Incluir é um ato de demonstração de respeito pelo outro, bem como um ato de aceitação do outro como ele é. Ressalta-se também, que incluir é algo que deve ocorrer não apenas no ambiente educacional; mas, também no mundo corporativo, seja nas empresas privadas ou nos órgãos estatais das 3 (três) esferas de governo.
Não se pretende utilizar o presente texto de forma dogmática, estando aberto ao diálogo respeitoso e pacífico com quem estiver interessado. Outros pontos que por ventura não tenham sido explorados aqui, poderão ser mencionados em textos futuros.