VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO DA DISCIPLINA DE PORTUGUÊS DO FUNDAMENTAL II

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS

TEXTO SOBRE

A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA EM LIVROS DIDÁTICOS DO ENSINO FUNDAMENTAL II REFERENTES À LÍNGUA PORTUGUESA

Atualmente, devemos compreender o quão é imprescindível lecionar a língua portuguesa de forma coerente, não só prender-se as regras da gramática normativa, pois todos têm conhecimento do português na forma oral, o que acontece é não ter os mecanismos que auxiliem o uso da gramática de maneira correta. No ensino escola, é imprescindível a utilização do livro didático, como instrumento para levar o discente ao ensino aprendizagem, porém, não é a única fonte de conhecimento, os docentes devem buscar fundamentação teórica nos parâmetros curriculares nacionais (PCN) que embasem a sua metodologia dentro da sala de aula.

Mediante, essas ferramentas que auxiliará o professor na sala de aula, detenho-me a analisar o livro “Português: Literatura, Gramática e Produção Textual”, de Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano (2010), direcionado para o ensino médio, abrangendo um leque de discussões sobre a metodologia sociolinguística de ensino da língua portuguesa em geral. Contudo, devemos contribuir para a discussão do material didático com o pensamento sociolinguístico auxiliando no trabalho docente.

01. O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA DIANTE DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

O ensino da língua portuguesa, não deve estar alicerçada apenas ao conhecimento da gramática normativa como regra e prática do conhecimento linguístico, pois, os falantes da língua apresentam um viés de conhecimento pautado no cultural, ideológico e social diferenciando assim, da implantação de uma norma gramatical correta e sem mudanças.

A grande imposição à aprendizagem das regras que regem a gramática está na forma como os docentes transmitem esse conhecimento aos alunos, pois, os mesmo já apresentam um conhecimento prévio do tema, os professores são facilitadores desse conhecimento, irão auxiliar a como o aluno deve desenvolver e desempenhar o conhecimento adquirido anteriormente, e com isso, vale ressaltar a despreparação de alguns docentes em relação a metodologia empregada, como afirma Callou (2009, p. 14):

[...]É fácil comprovar que a crise do ensino se insere no contexto mais amplo das circunstâncias culturais e econômicas em que vivem as civilizações modernas, sob a influência dos mais recentes meios de comunicação e sob o impacto da massificação do ensino, que não foi acompanhada de novos objetivos a perseguir e de nova metodologia a ser adotada.

O ensino deve estar pautado na qualidade transmitida e no respeito as dificuldades do aluno, levando os futuros docentes a mudarem sua metodologia de maneira a intercalar um ensino coerente com a vivência do próprio aluno, permitindo que o mesmo tenha um conhecimento crítico sobre aquilo que aprendeu, observando as mudanças constantes que a língua sobre ao longo dos anos. A grade curricular também deve ser modificada, fazendo assim, uma interdisciplinaridade com a gramática, textos e com o cotidiano do discente, mostrando-o que aquilo que ele aprendeu na escola, o mesmo, utilizará pelo resto da vida.

O educando necessita entender que os conteúdos ministrados em sala devem ser utilizados em seu dia a dia, como também a norma culta portuguesa deve fazer parte de suas conversas diárias, enfatizando as dificuldades que o mesmo enfrenta por falta de uso da gramática e de sua funcionalidade como um todo.

As normas que regem a gramática portuguesa, são inúmeras e estão em constantes mudanças, devemos estar atentas ao uso correto da norma culta como afirma Callou:

Não são poucas as pesquisas que levaram à conclusão de que não existe uma norma única, mas sim uma pluralidade de normas distintas, segundo os níveis sociolinguísticos e as circunstâncias de comunicação. É necessário, portanto que se faça uma reavaliação do lugar da norma padrão ideal, de referências a outras normas, levando em conta a variação e observar a norma padrão como produto de uma hierarquização de múltiplas formas variantes possíveis, segundo uma escala de valores baseada na adequação de uma forma linguística, com relação às exigências de interação. (CALLOU, 2009, p. 17).

O estudo da variação linguística é imprescindível para o conhecimento do indivíduo, pois o mesmo irá ao longo da vida deparar-se com situações de linguagem regional, que difere um pouco da que ele está acostumado e com isso, achará que todos falam errado, quando na verdade as pessoas, não são detentoras do conhecimento da gramática normativa da língua portuguesa. Sabemos que o estudo da língua deve observar a oralidade e a escrita, muito embora o pilar seja no contexto brasileiro apenas a escrita, porém, muitos estão levando a língua falada também para a linguagem escrita, ou seja, da forma que falam escrevem, levando nos a pensar como tem sido as aulas de Português, como temos abordado as diferenças de variação na fala e escrita em sala de aula.

Devemos enfatizar que a fala muda conforme o contexto que estamos inseridos, devemos observar o momento e a situação, mas claro presando sempre pela norma culta para que a língua seja compreendida em sua totalidade. Corroborando o pensamento dos estudos sociolinguísticos, torna-se inviável desconsiderar que a língua é heterogênea, múltipla, instável e que está em constante mudança, construindo-se e reconstruindo diariamente, e nunca estará totalmente concluída.

Para Bagno (1961, p. 36), a língua é uma atividade social em expansão contínua por todos os falantes, interagido entre a fala e a escrita. Salientamos a importância da norma culta, mas claro, sem esquecer que as variações existem, principalmente em um idioma que está em constante mudança, pois novas palavras surgem todo dia e existe também a influência social, idade e sexo.

O verdadeiro problema é considerar que existe uma língua perfeita, correta, bem-acabada e fixada em bases sólidas, e que todas as inúmeras manifestações orais e escritas que se distanciem dessa língua ideal são como ervas daninhas que precisam ser arrancadas do jardim para que as flores continuem lindas e coloridas (BAGNO, 1961, p. 37).

A variação linguística não comporta-se em desvios e distorções da língua estável e homogênea, mas de um processo de seu funcionamento correto, por isso, os estudiosos da sociolinguística trata da heterogeneidade, buscando dentro desse aparente “Caos” uma estruturação para a funcionalidade linguística dentro dos padrões da norma culta.

Labov (2007) a variação e a construção linguística depende dos aspectos socioculturais existentes dentro do convívio do indivíduo, sem ocorrer alteração semântica, ou seja, os falantes recorrem a vários elementos para enfatizar seus pensamentos.. Com isso, a variação linguística apresenta algo construtivo na linguagem humana como evidencia os PCN (1998, p. 29)

A variação é constituída das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando em uma unidade que os constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala.

É normal acontecer variações no momento da interação entre falantes, pois, cada um apresenta uma maneira distinta de expressar-se, porém, podemos entendê-los.

1.1 O PRECONCEITO E A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Como afirma Callou mesmo que estejamos inseridos no mesmo local, ocorrerá variação linguística devido aos conhecimentos e vivencias particulares de cada indivíduo.

A variação existente hoje no português brasileiro, nos permite reconhecer uma pluralidade de falares, é fruto da dinâmica populacional e da natureza do contato dos diversos grupos étnicos e sociais, nos diferentes períodos da nossa história. São fatos dessa natureza que demonstram que não se pode pensar no uso de uma língua em termos de “certo” e “errado” e em variante regional “melhor” ou “pior”, “bonita” ou “feia”. Callou (2009, p.17).

A língua Portuguesa apresenta uma variedade linguística, adquirida da quantidade de falantes regionais e estrangeiros, que vivem no país, Leite (2005, p. 7) aborda em seus estudos sobre linguística que:

É através da linguagem que uma sociedade se comunica e retrata o conhecimento e entendimento de si própria e do mundo que a cerca. É na linguagem que se refletem a identificação e a diferenciação de cada comunidade e também a inserção do indivíduo em diferentes agrupamentos, extratos sociais, faixas etárias, gêneros, graus de escolaridade.

O Brasil apresenta uma diversidade cultural enorme que ajudam na diversificação linguística dentro de seu próprio território, pois, cada região reflete sua linguística marcando sua individualidade, principalmente foneticamente. A língua apresenta variações de nível fonético-morfológico e também sintático, oriundos de cada região do país, assim, como da miscigenação do povo brasileiro desde a colonização até os dias atuais, conforme mostra Leite (2005, p. 15):

A verdade é que a hegemonia da língua portuguesa não dependeu de fatores linguísticos, mas sim históricos e só nos últimos dois séculos e meio ocorreu uma normatização do português padrão, que, apesar de intrinsecamente variado regional e socialmente, passou a gozar de prestígio e a representar a “norma” para o bem falar e o bem escrever.

A variação linguística, presente no Brasil é enorme, podemos observar na citação a seguir de Callou 2009 que diz:

A variação das línguas resulta, principalmente, da flexibilidade inerente o próprio código linguístico e da multiplicidade de usuários que dela se servem. A população brasileira, hoje estimada em mais de 170 milhões de habitantes, distribuída por um território de 8.5 milhões de quilômetros quadrados, não poderia deixar de fazer uso de variações de todo tipo. A aparente unidade linguística que permite que os falantes se comuniquem é, por sua vez, composta de uma infinidade de possibilidades. O paradoxo está em cada falar, mesmo o culto, tem sua norma, variantes que prevalecem estatisticamente, mas que não anulam a ocorrência de outras [...].

A sociolinguística, não se limita ao estudo apenas da diversidade linguística, mas, dos aspectos estruturais que a compõem, juntando o social e cultural, servindo de base para os estudos da norma culta do português. Pois, segundo Preti (1930, p. 2), “A língua funciona como um elemento de interação entre o indivíduo e a sociedade em que ele atua”.

As variações linguísticas explicitam o comportamento oral e escrito e as influências sofridas por cada um, mediante o seu local de vivência, pois, mediante os estudos de Halliday (apud. Pretti, 1930,p.25), “um dialeto é uma variedade de uma língua diferenciada de acordo com o usuário: grupos diferentes de pessoas no interior da comunidade linguística que falam diferentes dialetos”. Dessa maneira devemos presar pelo uso da norma padrão, mesmo sabendo que as variações são aceitáveis e desempenham um papel fundamental, evidenciando os aspectos socioculturais que não devem ser negados, porém entendidos e somados.

O preconceito linguístico surge no momento da supervalorização da norma culta, ou seja, de seu desconhecimento, acreditando que devemos seguir apenas regras preestabelecidas, baseadas apenas na norma padrão do português, esquecendo ou desprezando o preconceito linguístico como algo errôneo.

Contrariando o uso contínuo da língua através da variedade coloquial que ultrapassa a casa dos falantes e vai aos mais diversos espaços da comunidade, sendo, inclusive, utilizada através dos meios de comunicação de domínio público. Cabe ao docente da língua portuguesa apresentar a norma culta ao aluno, porém leva-lo a entender que existe variações linguísticas aceitáveis em vários setores da língua e suas modalidades, tomando cuidado com o preconceito que muitas vezes inicia-se dentro da sala de aula.

1.2 A SOCIOLINGUÍSTICA E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO DA LÍNGUA

As primeiras contribuições da sociolinguística ocorreram nos anos 40, mas foi nos anos 60 que a mesma se difundiu como fonte de estudo por meio de estudiosos e pesquisadores do setor linguístico.

Tendo, como ponto principal analisar a estrutura e funcionalidade da língua, diferenciando do estudo da sociolinguística e da sociologia da linguagem, em que a primeira busca a interação linguística entre os falantes e a segunda a interação estrutural da língua a sua funcionalidade gramatical dentro de uma comunidade social, levando-nos a observar que a linguística e a sociedade estão interligadas, como aborda Martelotta (2008), “podemos flagrar variação em todos os níveis da língua”, em um nível lexical, morfossintático e fonético-fonológico.

Segundo Bagno (1961, p. 158):

Entre essas normas estão as normas linguísticas. É perfeitamente justo e compreensível que as pessoas perguntem: “É certo ou errado falar assim?”. Mais justo ainda, no entanto, é que as pessoas que vão responder a essa pergunta estejam conscientes que as normas linguísticas, como todas as normas sociais, mudam com o tempo e que nada vale lutar contra essa mudança – mais sensato é tentar se adaptar a elas, como escreveu David Crystal.

O docente que lecionará língua portuguesa deve estar bem preparado, pois, não é fácil lidar com as normas e padrões gramaticais e inserir essa aprendizagem nos alunos, porém, não é impossível.

Na maioria das vezes, por algum indivíduo não falar igual, é visto como alguém iletrado, mas isso não é correto, pois, ele pode sim adquirir as ferramentas necessárias para desenvolver-se como falante da língua com todas as suas normas gramaticais, como podemos ver com Geraldi (1996, p.60):

Um aluno falante de variedade não-padrão, numa escola que possibilite interlocuções com outras variedades (inclusive a padrão, mas não só ela, já que numa mesma sala de aula convivem diferentes variedades, por menores que sejam as diferenças que as identifiquem), não se apropria do dialeto de prestígio, mas ao contrário, enquanto locutor e interlocutor, por seu trabalho linguístico, participam da construção deste dialeto.

O idioma oficial no Brasil é o Português, contudo, pode acontecer alguma variação na maneira de falar as palavras (pronunciá-las) dependendo da região, devido ao sotaque natural de cada indivíduo, mas isso não interrompe a compreensão do que está sendo falado pelo emissor da mensagem, o que pode acontecer é uma deficiência linguística como explica Magda Soares (1986), essa escassez linguística tem a ver com o ambiente, a classe social ao qual o indivíduo pertence, a deficiência escolar entre outros fatores que também são importantes como a questão econômica, a falta de preparo dos docentes etc. Mas não é por esses fatores que não sabemos fazer uso do Português, o que acontece é que não dominamos a língua padrão a gramática apresentada nos livros didáticos, mas a língua portuguesa em si essa sabemos usá-la como expõe Braggio (1999, p.55):

Desde crianças a usamos e não foi preciso que alguém se sentasse junto a nós e nos ensinasse primeiro os sons, depois as sílabas, as palavras, as frases, nem foi preciso que decorássemos regras da estrutura da língua para que pudéssemos ser compreendidos.

Mediante o exposto, é imprescindível que o professor trace caminhos eficientes para transmitir a gramática padrão para os alunos, de uma maneira que aconteça a aprendizagem satisfatoriamente. A seguir, temos caminhos facilitadores para o ensino das normas gramaticais segundo Bagno (1999, p. 166-168), são eles:

1) Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dessa língua, por isso ele SABE essa língua. Sendo assim,

2) aceitar a ideia de que não existe erro de português. Existem diferenças de uso ou alternativas de uso em relação à regra única proposta pela gramática normativa.

3) Não confundir erro de português (que, afinal, não existe), com simples erro de ortografia.

4) Reconhecer que tudo o que a Gramática Tradicional chama de erro é na verdade um fenômeno que tem uma explicação científica perfeitamente demonstrável.

5) Conscientizar de que toda língua muda e varia. O que hoje é visto como “certo” já foi “erro” no passado. O que hoje é considerado “erro” pode vir a ser perfeitamente aceito como “certo” no futuro da língua.

6) Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai nem bem, nem mal.

7) Respeitar a variedade linguística de toda e qualquer pessoa, pois isso equivale a respeitar a integridade física e espiritual dessa pessoa como ser humano, porque

8) a língua permeia tudo, ela nos constitui enquanto seres humanos Nós somos a língua que falamos. Assim,

9) uma vez que a língua está em tudo e tudo está na língua, o professor de português é professor de tudo.

10) Ensinar bem é ensinar para o bem. Ensinar para o bem significa respeitar o conhecimento intuitivo do aluno, valorizar o que ele já sabe do mundo, da vida, reconhecer na língua que ele fala a sua própria identidade como ser humano.

(Grifos do autor)

Não é necessários memorizar regras, formas, definições para aprender o uso da gramática em si, devemos entender o seu funcionamento, dentro do texto e nas frases, compreender a sua funcionalidade dentro da língua.

No capítulo seguinte, apontaremos a contribuição da Sociolinguística para abordagem da variação linguística no livro didático. Em especial, trataremos do livro “Português literatura, gramática e produção textual” de Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, que selecionamos para proceder uma análise.

2. ABORDAGEM DETALHADA DOS LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA

É imprescindível a utilização do livro didático em sala de aula, para o ensino-aprendizagem, pois trás metodologias plausíveis que auxilia na aprendizagem do discente, ajudando também ao professor na elaboração de suas aulas, sendo um instrumento facilitador do conhecimento entre ensino-docente-aprendizagem-discente.

Este tópico mostrará como o livro didático trabalha a variação linguística e como ela deve ser apresentada aos alunos de uma maneira fácil, tecendo uma linha de raciocínio entre o preconceito linguístico e a variação em si. A PNLD aborda uma concepção construtivista da língua, no entanto, ainda deixa-se de lado a variação linguística sobre o viés de uma analise deficiente, porém importantíssima e que deve ser estudada.

Contudo, no ano de 1996 “os livros didáticos deram um espetacular salto de qualidade” (BAGNO, 1997 p. 119), com a implantação do MEC e do PNLD, que tem como propósito melhorar o trabalho pedagógico dos professores de ensino secundarista no país, distribuindo coleções atualizadas e que visem à qualidade do ensino e as regras corretas impostas pelo novo acordo ortográfico. Mediante essas distribuições, o MEC publica o Guia de Livros Didáticos com resenhas das coleções utilizadas pelas escolas ao qual foram aprovadas, obedecendo ao Projeto Politico Pedagógico de cada instituição de ensino.

Com isso, salientamos que esse trabalho de análise do livro didático buscou avaliar o livro didático como uma forma de instrumentalização entre o ensino-aprendizagem, sendo utilizada em 1996, mas só em 2004 que começou a tecer aliados no setor da linguística para que juntos estudiosos e professores da área pudessem ajudar na escolha dessas obras que fariam parte das instituições de ensino de todo país com a sigla do MEC e do PNLD.

Um dos principais problemas que encontramos nos livros didáticos é uma tendência a tratar da variação linguística em geral como sinônimo de variedades regionais, rurais ou de pessoas não escolarizadas, parece estar por trás dessa tendência a suposição (falsa) de que os falantes urbanos e escolarizados usam a língua de um modo mais correto, mais próximo do padrão, e que no uso que eles fazem não existe variação (BAGNO, 1961 p. 120).

Bagno (1961) analisava o uso da variação linguística em livros didáticos por meio da inserção de linguística em quadrinhos, observando a presença dessa temática em inúmeros livros da língua portuguesa que trazem ilustrações baseadas no personagem “Chico Bento”, em que a fala é reproduzida equivocamente, pois, essa maneira de falar é encontrada em regiões de pouco acesso a educação escolar, Bagno também aborda a passagem da “norma culta” trabalhada pelos livros em que:

Por tudo o que dissemos acima é que somos obrigados a criticar e a desaprovar outra prática muito frequente nos livros didáticos: a de propor uma atividade de reescrita da fala do Chico Bento, do samba de Adoniran ou do poema de patativa, pedindo que o aluno “passe para a norma culta”. Em primeiro lugar, a gente viu que a expressão “norma culta” é ambígua e problemática (BAGNO, 1961, p. 123).

Enfatizamos que o professor deve ter a sensibilidade de observar o tema de variação linguística nos livros didáticos em que vem trabalhando, pois aspectos importantes devem ser levados em conta, tais como aspectos sociais, culturais, políticos de cada indivíduo que tenha o Português como sua língua materna.

2.1 OS PCN E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

Os PCN observa que a língua portuguesa apresenta uma gama de variedades importantes que auxiliam o docente no momento do ensino da norma padrão gramatical, buscando facilitar a compreensão e aprendizagem do aluno de modo que o mesmo venha entender como a gramática é utilizada e sua interpretação correta.

A variação é constitutiva das línguas humanas, ocorrendo em todos os níveis. Ela sempre existiu e sempre existirá independente de qualquer ação normativa. Assim, quando se fala em “Língua Portuguesa” está se falando de uma unidade que os constitui de muitas variedades. Embora no Brasil haja relativa unidade linguística e apenas uma língua nacional, notam-se diferenças de pronúncia, de emprego de palavras, de morfologia e de construções sintáticas, as quais não somente identificam os falantes de comunidades linguísticas em diferentes regiões, como ainda se multiplicam em uma mesma comunidade de fala (PCN, 1998, p. 29).

No livro didático, esse tema está inserido em léxico e ortografia, visando a mostrar que o primeiro trabalha as sentenças apresentadas pela língua. Assim evidencia Bagno (1961, p. 139): “A variação linguística precisa ser estudada como fato social e cultural, naquilo que ela é na riqueza que representa e como reveladora do dinamismo da língua”. O livro deve permitir que o aluno internacionalize conhecimentos e aprimore aqueles já existentes, pois esse é o ponto chave da educação e da escola promover um ensino igualitário e de qualidade, por intermédio da leitura, oralidade e interpretação textual e trazendo, também, o seu conhecimento de mundo.

A escola deve está amparada por quatro eixos importantes que devem estar dentro do ambiente escolar, pois a família e a sociedade são importantes para instituição de ensino.

I. O desenvolvimento da capacidade de aprimorar os conhecimentos, por eles adquiridos ao longo de sua vida e de seu conhecimento de mundo, permitindo que essas informações sejam transmitidas dentro das salas de aula, e junto com o conhecimento educacional, possa engrandecer a capacidade intelectual de nossos alunos e tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura crítica e analítica, da escrita e do cálculo;

II. A compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamentam a sociedade;

III. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores que a eles (as) serão de fundamental importância para sua vida em sociedade pós o ambiente educacional;

IV. Toda a sociedade incluindo as instituições de ensino devem estar preparadas para proporcionar uma boa educação aos discentes, a família é de sua importância no desenvolvimento educacional das crianças e jovens.

2.2 PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO DIDÁTICO (PNLD) E O LIVRO TRABALHADO

O ponto central do PNLD é auxiliar o trabalho do docente dentro da sala de aula, mostrando-os ferramentas que os ajudarão no ensino aos alunos de maneira correta, buscando livros qualificados com exercícios que trabalhem todas as dificuldades dos alunos e que sejam adequados a sua idade. Os PNLD abordam estratégias e regras que devem ser obedecidas pelos livros de língua portuguesa voltados para o Fundamental II, buscando mostrar ideias plausíveis para a idade dos alunos e as exigências da sociedade:

Ampliar e aprofundar a convivência do aluno com a diversidade e a complexidade da cultura da escrita;

Desenvolver sua proficiência, seja em usos menos cotidianos da oralidade, seja em leitura e em produção de textos mais extensos e complexos que os dos anos iniciais;

Propiciar-lhe tanto uma reflexão sistemática quanto a construção progressiva de conhecimentos sobre a língua e a linguagem;

Aumentar sua autonomia relativa nos estudos, favorecendo, assim, o desempenho escolar e o prosseguimento nos estudos (PNLD, 2011, p. 10).

O conhecimento prévio do aluno é importante, pois aos poucos será modificada tendo como ponto central formar o leitor mediante uma leitura crítica e analítica do texto analisado em sala, por esse viés, que os livros didáticos apresentam medidas e orientações que os professores devem seguir, para auxiliar em suas aulas:

Encararem a leitura como uma situação de interlocução leitor/autor/texto socialmente contextualizada;

Respeitarem as convenções e os modos de ler próprios dos diferentes gêneros, tanto literários quanto não literários;

Desenvolverem estratégias e capacidades de leitura, tanto as relacionadas aos gêneros propostos, quanto às inerentes ao nível de proficiência que se pretende levar o aluno a atingir (PNLD, 2011, p. 20).

Com isso, os discentes devem estar sempre produzindo, lendo e os professores devem mostrar as ferramentas primordiais para uma leitura e escrita de qualidade, enfatizando a importância entre o texto e a linguística. Nesse sentido o docente não pode esquecer-se de:

Considerar a escrita como uma prática socialmente situada, propondo ao aluno, portanto, condições plausíveis de produção do texto;

Abordar a escrita como processo, de forma a ensinar explicitamente os procedimentos envolvidos no planejamento, na produção e na revisão e reescrita dos textos;

Explorar a produção de gêneros ao mesmo tempo diversos e pertinentes para a consecução dos objetivos estabelecidos pelo nível de ensino visado;

Desenvolver as estratégias de produção relacionadas tanto ao gênero proposto quanto ao grau de proficiência que se pretende levar o aluno a atingir (PNLD, 2011, p. 20).

Entretanto, o discente será capaz de desenvolver estratégias no setor de produção textual de maneira a produzir bons trabalhos escritos e também ter um bom desempenho oralmente. A oralidade deve ser dominada pelo aluno de maneira adequada ao seu convívio social, e esse domínio será a peça chave de interação entre professor-aluno quanto ao processo de ensino-aprendizagem.

Recorrer à oralidade nas estratégias didáticas de abordagem da leitura e da produção de textos;

Valorizar e efetivamente trabalhar a variação e a heterogeneidade linguísticas, situando nesse contexto sociolinguístico o ensino das normas urbanas de prestígio (PNDL, 2011, p. 22).

Os PCN veem a oralidade como algo prático e desenvolvido a longo prazo, por intermédio da interação entre os falantes, os alunos devem entender e diferenciar os textos apresentados em sala e suas particularidades tanto na modalidade oral como escrita e as variações encontradas em cada texto.

3. A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO LIVRO “PORTUGUÊS LINGUAGENS” NA SALA DE AULA

O livro analisado “Português: Literatura, Gramática e Produção Textual”, de Leila Lauar Sarmento e Douglas Tufano, da Editora Moderna, Volume I.

Cada unidade está dividido em três capítulos com temas diversificados entre leitura, produção, oralidade e escrita, apresentando temas imprescindíveis para à aprendizagem escolar envolvendo família e sociedade. A obra apresenta leitura crítica, levando o aluno a pensar e refletir sobre o que está lendo e aprendendo, aguçando assim, sua curiosidade.

O livro está estruturado com as seguintes temáticas “literatura” (capítulos de 01 a 10), gramática” (capítulos de 11 a 17) e “produção textual” (capítulos de 18 a 22) especificando os assuntos inerentes a cada segmento de maneira a ser trabalhada com textos, definições e exercícios. Com isso, o livro aborda competências e habilidades necessárias para à aprendizagem dos gêneros inerentes ao estudo da língua portuguesa, enraizadas pelo pensamento:

Reconhecer os gêneros textuais, compreendendo sua função, sua forma e seu contexto de circulação; Compreender globalmente os textos lidos; Localizar e comparar informações; Produzir inferências; Identificar diferentes pontos de vista sobre o tema; Compreender as relações entre linguagem verbal e não verbal; Identificar recursos linguísticos característicos de determinados gêneros; Ler fluentemente; Estabelecer relações intertextuais; Estabelecer relações de causa/consequência, espaço, tempo. (PNDL, 2011, p.113).

Esta coleção propõe os seguintes gêneros e tipos textuais para produção escrita, sendo que as capacidades desenvolvidas no conjunto da coleção, entre outras, são:

Produzir gêneros diversificados; Definir o objetivo do texto e o público leitor; Planejar o texto a ser produzido; Compreender os aspectos formais do gênero; Adequar o registro linguístico ao público alvo, à circulação e ao gênero; Revisar o texto (PNLD, 2011, p. 113).

As capacidades cognitivas são importantíssimas para oralidade e para o ensino da língua portuguesa de um modo geral, trabalhando as variedades linguísticas como podemos ver a seguir:

Ler expressivamente, com entonação, pontuação e ênfase; Argumentar oralmente; Participar de debates, respeitando regras; Participar de seminário, peça teatral, encenação de conto (PNLD, 2011, p.114).

Para melhor discutirmos sobre essas questões, passemos a uma descrição mais detalhada da organização dos capítulos do livro.

3.1 ORGANIZAÇÃO DO LIVRO

O livro apresenta uma sequência didática, em que, o docente pode trabalhar de forma linear, porém, os autores sugerem temas lineares entre a gramática e a literatura.

Os exercícios são voltados para o ENEM, com questões diversificadas e focadas no senso crítico do aluno e na produção das redações. Os autores Sarmento e Tufano não elencam a fundamentação utilizada na fabricação do livro e observamos o uso da gramática tradicional em todo livro e pouco relacionado a textos e que a temática do preconceito linguístico é tratado em um único capítulo, nos demais capítulos a norma padrão é discutida como a única confiavelmente verdadeira, passando por cima da reflexão da língua e o reflexo que isso pode acarretar no uso padrão da gramática normativa.

3.2 A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA PRESENTE NO CAPÍTULO 12

A temática está presente em oito páginas do livro, sendo que, diversificadas entre exercícios, textos literários evidenciando a linguagem utilizada pelos autores literários.

Na obra essa temática é bem resumida, enfatizando apenas a variação regional e social, culta e popular, traçando algumas divergências entre si mesmas. Pois a variação regional refere-se ao sotaque e ao vocabulário, procurando divergir com a gramática normativa padrão, traçando uma linha tênue entre a Língua Formal e Informal em poucas linhas:

Linguagem Informal é aquela utilizada quando existe (Ou quando se quer estabelecer) intimidade entre os interlocutores. Também é chamada de registro informal.

Linguagem formal é aquela utilizada quando se quer conferir um caráter de seriedade e credibilidade à comunicação. Também chamada de registro formal.

Também acontece uma divergência entre “normal padrão” com “norma culta”, “linguagem culta” e “linguagem coloquial”, misturando definições e critérios da língua Portuguesa, porque tratar dessas variações inclui falar de variação social e variação estilística de diversas maneiras.

Os demais capítulos abordam a “variação linguística” juntamente a “gramática” sem discuti-las a finco, tecendo suas particularidades, os exemplos trabalhados no livro, geralmente são oriundos dos textos literários, canções como podemos ver a seguir a canção “Quixabeira” do cantor e compositor Carlinhos Brown, retirada de seu CD “Alfagamabetizado”:

Quixabeira (Carlinhos Brown)

Amor de longe

Benzinho

É favor não me querer

Benzinho

Dinheiro eu não tenho

Benzinho

Mas carinho eu sei fazer até demais

Fui de viagem

Passei as Barreiras

Avisa meus companheiros

Sou eu Manoel de Isaías

Na ida levei tristeza

Na volta trouxe alegria

Passei pela Quixabeira

Mané me deu uma carreira

Que até hoje correia

Tu não faz como um passarinho

Que fez um ninho e avoou

Mas eu fiquei sozinho

Sem teu carinho

Sem teu amor

Alo meu Santo Amaro

Eu vim lhe conhecer

Eu vim lhe conhecer

Sambá Santamarense

Pra gente aprende

Pra gente aprende

(SARMENTO; TUFANO, 2010, p. 227)

Evidenciam o texto, buscando as variedades regionais e sociais que existem no Brasil. Os exercícios são direcionados exclusivamente para o discente encontrar os elementos pertencentes a gramática padrão, raramente procuram vincular a gramática ao texto, levando o aluno a compreender sua utilização textual e gramatical interligadas, com isso, o discente não encontra vínculos de importância para sua utilização futuramente, sendo visto, como algo solto.

Outro ponto muito forte trabalhado no livro e que é de suma importância para o estudo da “Variação Linguística” é a utilização de gêneros textuais diversificados para o estudo de maneira oral, promovendo, assim, um debate e interação entre os alunos. Os autores Sarmento e Tufano (2010) fazem uso de textos que abordam o cotidiano dos discentes, como o cartão postal, o bilhete, o convite, o e-mail, receita culinária. Apresentam também um leque de textos informativos na oralidade e na escrita, como a resenha critica, a notícia, a reportagem, permitindo, assim, que o aluno estude uma gama de gêneros textuais nas duas modalidades.

Entretanto os autores não exploram de maneira abrangente a fala e a escrita monitorada, isso porque os gêneros abordados aparecem sem uma linguagem própria, mas sim aquela que, mas se aproxima do público. Exponho a seguir como os autores trabalham a oralidade e escrita:

Quadro 1 – Relação Oralidade X Escrita

Oralidade

- Presença de hesitações: “É, Humm”.

- Predominância de frases curtas, simples, coordenadas: “Tá bom! Trocos os ovos pra senhora.”

- Predomínio da voz ativa: “Você passou a roupa?”. Escrita

- Linearidade: o texto pode ser visto várias vezes.

- Predomínio de frases complexas.

- Uso frequente de voz passiva: “As roupas foram passadas?”.

(SARMENTO; TUFANO, 2010, p. 233)

No quadro, podemos observar claramente que a oralidade e escrita, são vistos como dois extremos, sem levar em conta a sua ideia de continuidade entre as modalidades e as realizações, não discute as variações presentes no texto oral de uso formal. A compreensão linguística e suas especificidades é papel da escola e dos docentes da língua portuguesa, enfatizando a existência de outras línguas e sua importância e possibilitando as reflexões sobre as diversidades presentes na língua materna.

O Brasil, apesar de ser um país multilíngue, conforme o Decreto nº 7.387, de 09 de dezembro de 2010, que instaurou o Inventário Nacional da Diversidade Linguística, ainda permanece a ideia de pertencermos a um povo que fala uma única língua, reconhecendo na maioria das vezes uma única variedade nacional do idioma. E isso é refletido no LD, já que os autores apenas abordam sobre o regionalismo existente no território Brasileiro da seguinte maneira:

No Brasil, a influência de várias culturas deixou na língua portuguesa marcas que acentuam a riqueza de nosso vocabulário e pronúncia. As diferenças na nossa língua não constituem erro, mas são consequências das marcas deixadas pelas línguas originais que entraram na formação do Português falado no Brasil, no qual estão presentes as línguas indígenas, africanas, europeias, francesas e italianas. (SARMENTO; TUFANO, 2010, p.340)

A citação acima apresenta verbos no passado que evidencia que a influência ocorreu há muito tempo, mas nos dias atuais ainda enfrentamos influências de línguas estrangeiras e com isso, a língua no Brasil sempre se pluraliza, novas palavras vão surgindo e outras deixando de serem usadas.

Assim, diante do que propõe o LD, podemos fazer o seguinte resumo da análise que fizemos do livro:

Quadro 2 – Resumo da Análise

Terminologia relacionada à variação linguística É adequada do ponto de vista teórico, mas confunde variação, variedade, variante, dialeto.

Pluralidade de Línguas existentes no Brasil Reconhece a pluralidade de línguas no Brasil e o Português é o idioma oficial.

Abordagem da VL Os fenômenos gramaticais apresentam divergências: ora adequadas ora inadequadas.

Relação Fala/escrita Ocorre separação de maneira rígida, em que a fala é espontânea e a escrita monitorada.

Ao longo dos anos, muitas pesquisas foram realizadas sobre a temática da diversidade linguística presente no nosso país, e que serve como alicerce para o ensino da língua e suas divergências como um todo, assim como o Decreto Presidencial 7.387/2010, que instituiu o Inventário Nacional da Diversidade Linguística (INDL), que tem como princípios: reconhecer as línguas como referência cultural brasileira, valorizando o plurilinguismo; apoiar os processos sociais e políticos que visem à promoção das línguas e de suas comunidades de falantes; apoiar a pesquisa e a documentação, bem como gerir um banco de conhecimentos sobre a diversidade linguística.

Dessa forma, percebemos que é possível desenvolver um trabalho proficiente sobre diversidade linguística no LD, tendo-se como apoio as pesquisas e os estudos que versam sobre esse assunto, assim como a base legal fornecida pelo Decreto Presidencial de 2010.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Língua Portuguesa, apresenta inúmeras variações linguísticas, que enriquecem nosso vocabulário léxico-semântico, permitindo assim, uma maior característica peculiar na cultura do país em relação a outros idiomas. Nas salas de aulas, não devemos nos afastar dessas peculiaridades, pois, estamos vivenciando eles periodicamente, porém, devemos estar aptos para mostrar aos nossos alunos como eles devem fazer uso dessas variações de forma correta e no momento oportuno, lembrando-os que existem uma norma padrão culta que deve ser obedecida e que a sua utilização é primordial no momento da escrita.

O preconceito linguístico existe, e cabe a nós sermos os primeiros interessados a combatê-lo. Precisamos mostrar aos nossos estudantes que, assim como existem pessoas diferentes, há falas diferentes, provocando reflexões acerca desse elemento e suas implicações para sua condição de cidadão.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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______. Preconceito linguístico: O que é, como se faz? São Paulo: Loyola, 1999.

BRAGGIO, Silva Lucia Bigonjal. Contribuições da Linguística para o ensino de línguas. Goiânia: Ed. UFG, 1999.

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CALLOU, Dinah. Gramática, variação e normas. In: VIEIRA, Silvia Rodrigues; LEITE, Yonne. CALLOU, Dinah. Como falam os brasileiros. 3.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.

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SOARES, Magda. Linguagem e Escola: Uma perspectiva social. 17.ed. São Paulo: Ática, 1986.

TARALLO, Fernando. A pesquisa sociolinguística. São Paulo: Ática, 2005.