A INÉRCIA DE ALGUNS PROFESSRES
A inercia toma conta do magistério paulista, muitos professores não querem nem discutir a caótica situação do quadro do magistério, muitos deles não são concursados e fazem bico na educação, ou exercem outras atividades ou possui algum negócio próprio, mas nunca foram de fato educadores. A picaretagem invade as escolas. Há pessoas sérias que entraram para a educação para serem educadores, professores de fato, que fazem da atividade educativa a sua única carreira e sua única profissão. Com estes o diálogo é diferente, eles se interessam pelo assunto, seja a respeito da questão pedagógica ou daquilo que seus representantes sindicais tem à dizer. Ao tentar discutir sobre a assembleia do dia 21 de outubro a ser realizada pela Apeoesp, ouvi da ala da picaretagem que finge ser professor os mesmos comentários desmobilizadores de sempre: “não adianta, nada vai mudar”, tantas besteiras do tipo “o sindicato não faz nada”. De uma coisa estou convicto, disse, ou com sindicato ou sem sindicato temos que fazer alguma coisa, a situação está se complicando cada vez mais:
- A Resolução 44: precisa ser discutida, o governo dividiu as nossas férias em duas quinzenas, sendo a primeira em janeiro e outra em julho. E os outros 15 dias que sobrarem, serão recesso, e se ele nos convocar. Pense, você estará bem feliz gozando seus 15 dias de férias em janeiro, e de repente plinnnnnnnnn o celular toca e você recebe a seguinte notícia: “Atenção professor (a), você está convocado à comparecer na escola do dia tal a dia tal para participar das reuniões que irão tratar de sua formação continuada”. Que legal, você terá que juntar seus panos de b... e sair correndo.
- A divisão por categorias F, L, O e outras: somos uma só categoria e fazemos parte do magistério. Por que dividir os professores em categorias? É um absurdo, uma professora disse que não tem direito ao Hospital do Servidor Público porque é de outra categoria, e foi JOGADA para o SUS. Chega a ser anti-humano pensar nisso, mas o governo não está nem ai com a saúde dos professores.
- A atribuição para o próximo ano está repleta de dúvidas que ninguém da escola sabe responder.
- O cumprimento da Lei da Jornada de 1 terço de aulas fora da sala de aula, um direito que precisa ser reivindicado, e que já foi aprovado no plano federal:
“O artigo da lei do piso salarial nacional dos professores que prevê um terço da jornada de trabalho cumprido em atividades de planejamento de aulas foi mantido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Houve empate no julgamento da questão, nesta quarta-feira (27), o que significa que apenas os estados que entraram com a ação ficam obrigados a cumpri-la. Os demais podem recorrer à mais alta corte do país e aguardar novo julgamento.”
(http://www.redebrasilatual.com.br/temas/educacao/2011/04/stf-mantem-um-terco-da-jornada-de-trabalho-dos-professores-fora-da-sala-de-aula)
Se é Lei, por que Geraldo Alkimin não quer cumprir?
Simples, porque tudo que os tucanos sabem é ferrar com a vida dos professores! Precisamos arrancar nem que seja a força esse partido maldito do Estado de São Paulo. Pode ser qualquer partido (que não esteja aliançado), precisamos fazer tudo para tirar esses tucanos malditos do poder em São Paulo! São 20 anos de ditadura tucana, foi assim Kadaffi começou, ninguém merece! Vamos passar 42 anos nas mãos dos tucanos? Logo logo serão 20 anos sem poder decidir nada sobre a nossa vida funcional, não temos direito a questionar os desmandos do governo, estamos presos a ideologia neoliberal tucana, acuados, perdendo a cada dia o pouco que um dia conquistamos com as lutas passadas, a nossa liberdade de cátegra está ameaçada pela imposição de um currículo que nos obriga a usar apostilas mal elaboradas, desconexa e fora da realidade dos alunos, temas que exigem um conhecimentos prévios de o alunos semianalfabetos frutos uma municipalização e de uma progressão automática. A municipalização serviu para enxer os bolsos de prefeitos corruptos como no caso de Jandira, SP, onde o prefeito assassinado recentemente é acusado de ter desviado 50 milhões de setores da saúde e da educação, coisa que a atual prefeita (antes vice) continua fazendo. A municipalização não deu e nem dará certo por vários motivos, e um deles é o nepotismo e os desvios de verba da educação, superfaturamento de notas. Um quilo de peito de frango que custaria 4 reais aparece nas notas com o valor de 15 reais, as merendeiras veem isso quando as notas são assinadas na cozinha. Isso é uma das cozinheiras que me contou: ela pediu para tirar uma cópia da nota fiscal, mas os entregadores disseram: Não senhora, isso aqui em Jandira dá até morte!”
A municipalização é uma vergonha, não deu certo, os alunos estão chegando no 5º ano (antiga 5ª série) menos alfabetizados que quando o Estado se encarregava de alfabetizá-los. Ou seja, os municípios estão gerando cidadãos analfabetos!
Sabe qual será o preço de tudo isso?
Pense um pouquinho. Quem colherá o fruto disso é a sociedade... Os filhinhos de papai estão resguardados, andarão de helicópteros e jatinhos, mas nós... ? Nós estaremos nas ruas e nos tornaremos alvos fáceis daqueles que sem ter outro caminho, seguirão o caminho da violência e da marginalidade. Então, pense bem antes de dizer que não pode fazer nada.
Não se esqueça, há professor e professoras que dizem que não podem fazer nada, mas são aqueles que tem algum negócio próprio, ou algumas são “bem casadas” como disse Maluf, e estão fazendo bico nas escolas publicas. Conheço “professoras” que têm maridos policiais e que usam argumentos de que não adianta fazer nada, critica as ações do sindicato e nem pensa em se mobilizar, há outro que é dono de academia, ex-policial e o discurso é idêntico, há outros que nem merecem ser comentados aqui, mas é isso que enfrentei quando tentei falar da mobilização do dia 21 de outubro próximo. Meu Deus, o que fazer?
Só resta torcer para que um raio caia na cabeça desses pseudos professores e quem sabe acontece algo inusitado, e seus cérebros se abram para que tenham uma luz e acordem!
Sinceramente: não sei o que fazer para convencer pessoas tão alienadas. Coitado dos alunos!
Não adianta vir com discursos de que é culpa da má formação, porque abriram faculdades em cada esquina do país, cursos à distância pela internet, não, a formação vem no dia dia, não é só nas cátedras e nem num banco de faculdade, mas aprende-se também nas mobilizações, nos grupos sindicais, nas sociedades amigos de bairro, nas reuniões pedagógicas, nas discussões em grupo, até nas religiões se aprende se quiser, como então ficar justificando pela má formação essa inércia toda? Há sem-terra semi analfabeto que possui discursos inflamados e aguerridos que um professor de ensino médio não consegue fazer. Professores de Matemática, Português e de outras áreas sem conceito e sem consciência alguma de luta, nas falas que escuto, vejo eles reproduzirem na sala dos professores e na sala de aula os discursos da mídia, do jeito que recebem repassam sem nenhuma reflexão, são os que mais criticam as decisões de luta sindical, não compreendem o que está acontecendo. Um dia alguém me perguntou o que era NEOLIBERALISMO, a pessoa está ferrada nesse modelo tucano e nem sabe o que é, não sabe analisar o que acontece na Líbia, não compreende o papel da Venezuela e nem porque Hugo Chavez se posiciona de forma antipática aos EUA, fica surpreso quando determinados fatos são esclarecidos por um professor de História que ao entrar em tais assuntos, mostra que não é bem da maneira como está vendo. São essas coisas que acontecem nas escolas, por isso defendo urgente que o sindicato dos professores abram cursos de formação como antigamente. Quem sabe assim esses professores alienados se despertem e fiquem mais politizados, ai sim, quem sabe teremos pessoas dispostas a lutar por alguma coisa.
Um dia quem sabe poderemos evocar a famosa frase do Manifesto Comunista de Karl Marx:
“"Trabalhadores do mundo, uni-vos, vós não tendes nada a perder a não ser vossos grilhões",
Não temos muito mesmo a perder na educação, porque já perdemos muito. Só levamos pau até agora, enquanto isso o governo comemora e inaugura novas linhas de metrô para atender apenas os interesses das indústrias. A periferia está abandonada, não temos postos de saúde decentes, nem hospitais e nem escolas decentes, não temos segurança decente e somos encurralados pelos alunos violentos que sem nenhuma perspectiva transformam os professores em inimigos. Desprezam seus mestres como nunca foi visto na história, o governo exige o cumprimento das leis, mas ele próprio destrói a hierarquia quando coloca os direitos do menor acima dos deveres que este possui, isso reflete na sala de aula. Desmoralizado, o professor e a professora só têm uma coisa a fazer...
Ou recua e deixa a educação, ou luta e permanece nela!
Muitos já estão abandonando. No início da semana uma professora eventual, muito nova anunciou que estava deixando a escola para trabalhar como auxiliar de comércio exterior... Lá ela irá ganhar no mínimo o triplo daquilo que um professor ganha! Só restava aos mais velhos que não tem mais essa oportunidade, dizerem: Parabens professora!
A luta filhos da Pátria!