UNBIGOCENTRISMO: produto do neoliberalismo

Uma sensação de impotência vem ganhando força nos últimos anos, e essa sensação pode ser percebida pelo modo como as pessoas falam dos problemas políticos que nos afetam. Quando se leva um debate de qualquer assunto para a sala de aula, se for essa aula com adolescentes, eles não se mostram interessados no assunto proposto, se for para uma sala de pessoas mais velhas como do EJA, os mais velhos dizem: “Não tem mais jeito, que se pode fazer?”

Para alguém levantar um assunto polêmico hoje na sala dos professores tem que estar preparado para enfrentar um montão de caras feias e olhos arregalados, irônicos e insatisfeitos apontados na direção do insurreto professor que levantou aquela questão.

Sem querer generalizar, a realidade escolar esta um caos. Os alunos não querem saber der nada, de uma sala inteira, encontramos uma meia dúzia que se interessa em querer ouvir as explicações do professor. A geração de hoje vive numa espécie de presenteismo sem qualquer vínculo com o passado, e discutir um tema antigo é o mesmo que querer ser ignorado por eles, mas o curioso, é que discutir um tema do presente com eles é também pedir para ser ignorado. Por quê? Ao que me parece, é que a geração atual vive num mundo desconexo, virtualizado e artificial, desprovidos de reflexão, não consegue relacionar os fatos para tirar uma conclusão e chegar a um entendimento do modo e do mundo que se vive hoje. Isso se repete na sociedade. As pessoas parecem inertes, só falam do agora, do imediato e é raro encontrar alguém lúcido que se possa dizer: esse é um cara inteirado! Basta entrar num desses botecos e disfarçadamente ir conquistando a confiança dos amigos que ali freqüentam e após alguns dias puxarmos uma nova conversa, um novo assunto relacionado à política e os problemas que nos cercam, e logo se irá ver perceber alguém dizer: não tem mais jeito, sempre foi assim. Quando voltamos para uma sala de professores, ouvimos o mesmo quando trazemos um assunto à baila, como por exemplo, o modo de governar do PSDB e o neoliberalismo cujo objetivo é cortar gastos públicos e não investir nas áreas mais importantes da sociedade que é educação, saúde, segurança. Discutir temas que interessariam aos professores, como a municipalização, a divisão em categorias, as provinhas de final de ano, o direito de ficar doente reduzido à apenas seis vezes pó ano, o fim das abonadas, a falta de valorização profissional, discutir essas coisas na sala dos professores virou piada. A mesma fala de que “não tem mais jeito” que ouvimos no boteco repete-se na fala de uma professora ou de um professor, os outros ficam calados. Qual será o reflexo disso na sala de aula? A meu ver, catastrófico. O ensino pode até apresentar uma pequena melhora nos últimos dias, mas isso não traduz em qualidade, mas em quantidade de alunos matriculados, aumento dos aprovados por conta da “progressão continuada” que na realidade é automática etc. A falsa melhora do ensino serve para que os governos apresentem la fora os números que o banco mundial exigem, assim, conseguem mais verbas e empréstimos. É por isso que Rose Neubauer foi secretária de Educação de Mario Covas, o esposo dela possui um vínculo direto com o Banco Mundial, ou seja, Covas precisava dar uma resposta urgente aos órgãos internacionais, e para isso introduziu as mudanças na educação: dividiu o ensino em dois ciclos deixando o ensino médio às traças, eliminou a reprovação por meio da progressão continuada que virou automática, mudou o nome SUPLETIVO para EJA com o objetivo de eliminar os adultos do curso tirando-lhes o direito de recuperar o tempo perdido. Como isso vem acontecendo? O fim dos adultos nas escolas vem acontecendo de um modo sistemático através da eliminação de matéria - o SESU - onde o aluno adulto pode numa só prova eliminar de 5ª a 8ª série e de 1ª a 3ª série, assim, ele sai mais rápido da escola e a desocupa para os jovens. Então a mudança de nome, foi estratégica e proposital: EJA- Educação para Jovens e Adultos. O jovem vem primeiro, e se sobrar vaga..., matricula-se um adulto. O problema é que desde o boteco percebi à escola percebi que nada do que acontece e que prejudica a sociedade é matéria de reflexão, isso incomoda: Será o fim da História?

As pessoas estão perdendo o senso crítico e a capacidade de se enxergar como sujeitas ou agentes das transformações? Por quê?

Após os quase 20 anos de governo de um só partido, a oligarquia tucana conseguiu fazer isto com professores, alunos e sociedade, conseguiu fazer que pessoas pobres de espírito e de mente, reproduzissem um discurso derrotista de “não tem mais jeito”. Isso tem me incomodado...

Os tucanos por natureza são predadores e São Paulo está a quase 20 anos nas mãos deles. Estamos debaixo de uma ditadura tucana e os alvos somos todos nós da sociedade. Por quê? Estou dizendo isso? Ora, é porque, quando se tem um partido cuja cartilha e doutrina rezam que se deve entregar os serviços públicos nas mãos de setores privados, cooperativas e até ONGs significa, que são os nossos direitos que estarão indo todos pro ralo. Vivemos o fim dos direitos dentro de uma visão política reducionista chamada neoliberalismo, e precisamos ficar atentos ao significado e os impactos dessa visão política na vida de cada um na sociedade. Como essa visão política peessedebista nos afeta? Como ela interfere no nossos direitos de ir e vir? Como ela nos afeta direta e indiretamente? O que fazer para mudar?

A eliminação dos serviços públicos e a redução dos gastos com estes serviços, afeta diretamente toda a sociedade, basta ver o caos na escola pública, na segurança e na saúde pública onde uma criança pode ser assassinada pela simples troca de um frasco de vaselina no lugar de soro no hospital São Luis Gonzaga. Mas antes de se matar uma pessoa num hospital por engano, o neoliberalismo nos mata espiritualmente quando elimina os nossos direitos. Basta olhar para a violência nas escolas onde professores tem sido agredidos simplesmente pelo fato de tentar exigir um pouco mais dos alunos, até o registro de uma falta para um aluno que sai da sala pode redundar no novo inimigo ao professor, chamar a atenção dos alunos está tornando ao profissão-professor numa profissão-perigo. Isso já é um reflexo da política neoliberal e tucana em São Paulo. Para falar de como o modo de pensar neoliberal afeta a sociedade, basta pensar no profissional que atende do outro lado dos balcões nos postos de saúde ou como no exemplo da auxiliar de enfermeira que aplicou vaselina ao invés de soro fisiológico numa menina de 12 anos que acabou morrendo, para ver como essa política reducionista nos afeta, basta pensar também no mudo em como somos recebidos e tratados quando vamos procurar a polícia para abrir um BO, esperamos horas e horas e saímos sem registrar o boletim porque quem está do outro lado trabalha descontente, e isso se repete nas escolas e em todas as repartições públicas. O que esperar de um profissional desvalorizado? Primeiro, sua auto-estima está destroçada pelo modo como o governo trata esse profissional, segundo, à medida que as leis vão se relaxando e favorecendo o infrator, a profissão-professor torna-se cada vez mais arriscada e o artigo 331 do código penal torna-se inútil, porque, quando o professor pensa em abrir um BO na delegacia por desacato ou qualquer tipo de agressão sofrida, inclusive ameaça, esse profissional esbarra-se no ECA e se vê acuado, terceiro, o relaxamento das leis leva ao sentimento de perda da autoridade que acaba com qualquer profissional e já acontece com o professor em sala de aula e nas escolas, digo nas escolas, porque, os conselhos viraram instituições inúteis, já que o professor ou a professora não tem mais poder de decisão alguma.

Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

“A ofensa constitutiva do desacato é qualquer palavra ou ato que redunde em vexame, humilhação, desprestígio ou irreverência ao funcionário. É a grosseira falta de acatamento, podendo consistir em palavras injuriosas, difamatórias ou caluniosas, vias de fato, agressão física, ameaças, gestos obscenos, gritos agudos etc." (Nélson Hungria)

Se os sintomas da política reducionista e do Estado Mínimo apregoada pelo PSDB no Brasil e assimilada por outros partidos de direita se faz sentir na educação e na saúde, imagine na área da segurança pública? Na segurança os mesmos problemas se repetem. Não temos na sociedade uma segurança pública para de fato nos proteger, segurança quem tem são os ricos, e mesmo assim, a medida que a miséria cresce juntamente com a desigualdade, nem mesmo a segurança privada é capaz de protegê-los de invasões, seqüestros e outros crimes praticados. Para garantir segurança é só distribuir melhor as riquezas, oferecer a todos as mesmas chances de ascensão social, uma mesma formação escolar que atinja a todos acabando com as escolas particulares e universalizando o ensino público, caso contrário, não haverá segurança. As chacinas acontecem e as execuções à luz do dia, basta ver o que acontece numa cidade de cerca de 92 km2 da Grande São Paulo conhecida como Jandira. Em 25 de julho de 2007 Ricardo Valota, do estadão.com.br registrou a seguinte noticia:

“Cinco pessoas foram assassinadas no início da madrugada desta quarta-feira, 25, na cidade de Jandira, região oeste da Grande São Paulo. A polícia investiga se os crimes estão relacionados.”

E as notícias prosseguem com o mesmo teor de violência alarmante. Num intervalo de três horas veja o que Andressa Zanandreia registrou às 0 horas de 26/07/07 como sendo a 20ª chacina do ano: 6 morrem na divisa entre os municípios de Jandira e Itapevi, na Grande São Paulo.

Para fechar o ano de 2010 em Jandira, o assassinato do prefeito Bras Paschoalim chamou a atenção da imprensa. Antes um ex-vereador e um suplente já tinham sido assassinados no bairro Parque Santa Tereza. Isso é o sintoma de uma doença que vem acabando com o orgulho de ser jandirense. Toda história de corrupção um dia acabará assim. O resultado disso é a violência que afeta a todos os cidadãos. Se a política em São Paulo está mergulhada numa ditadura tucana onde um único partido dita as regras e joga a bomba para as prefeituras políticas está contaminada pela mesma ideologia do PSDB onde a municipalização foi abraçada pela maioria dos prefeitos, o que esperar?

O direito de ir e vir já é um direito cerceado pelos pedágios das rodovias estaduais, já não temos mais esse direito de transitar livremente sem topar com uma cancela e uma nova praça de pedágio entre Osasco e Barueri, gora com a falta de segurança, logo logo não poderemos nem sair de casa por medo se ser confundido com alguém por ai. Já não temos mais o habeas corpus que é segundo os princípios jurídicos uma garantia do direito de ir e vir. Se um cidadão possui um habeas corpus, jamais estará em jogo a sua liberdade de ir e vir, é uma garantia constitucional em favor de quem sofre violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua liberdade de locomoção, por parte de autoridade legítima. Acontece que essa ameaça é constante diante do dramático quadro de violência em que vivemos. Isso tende a piorar, porque mais uma vez o PSDB ganhou em São Paulo. Se alguém ler esse artigo, pode dizer que estou sendo partidário sim, pois sou apenas mais um cidadão indignado com o trato que esse partido vem dando ao funcionalismo público, professores, policiais e companheiros da saúde em São Paulo. Enquanto isso, os deputados elevam seus salários para 26 mil reais, e os professores sem aumento desde Mario Covas. Enquanto persistir essa política de redução de gastos para setores públicos essenciais à população, saúde, segurança e educação vão continuar uma merda e a tendência é a violência aumentar!

UMA POLÍTICA PREDATÓRIA

Alguns simpatizantes tucanos ficam revoltados quando criticamos a proposta neoliberal. Ficam bravos quando falamos mal dos tucanos, e até respondem de maneira mal educada a qualquer crítica feita ao jeito tucano de governar. Por que será? Será que essas pessoas possuem algum tipo de negócio que é favorecido pela política tucana? Seriam donos de empreiteiras como ADERSA? Quem será que fica tão bravo? Seria apenas mais um desses ocupantes de carguinhos políticos arranjados ou desses donos de pedágios que jorram rios de dinheiro às nossas custas pelas rodovias paulistanas? Poderia ser alguém que deve eterna gratidão a algum lambe-botas que acredita que deve favor eterno a esses políticos por ter recebido algum tipo de ajuda particular? Tem até professor que votou em tucano, e sabem por quê? Simplesmente porque achou o máximo ter feito uma faculdade grátis por causa do trabalho “voluntário” que exerceu nas escolas pelo Programa Escola da Família aos sábados. Sabe quem ganhou um dinheirinho razoável com esse projeto? Diretores e coordenadores! O dindim devia valer à pena, porque tinha diretor e coordenador e vice que faltava dormir na escola. Como pode uma pessoa ficar eternamente grata a um político e partido só porque foi escravizada aos finais de semana ganhando apenas um cursinho meia boca e uma ajuda de custo? Falta de dignidade. Podemos ter sim a simpatia por um político e até ser filiados a um partido, mas por ideologia e não por gratidão ou coisa parecida, porque, não devemos enxergar nesse universo político apenas o benefício que recebemos individualmente, isso se chama “umbigocentrismo”. Devemos olhar para o todo, ver coletivamente e avaliar se temos um governo para todos ou apenas para alguns. A política não foi feita para benefício próprio, nem de candidatos e nem de cidadãos, mas a política foi feita para o bem comum. Portanto, aquele cidadão que vota por gratidão só enxerga a si próprio, e é ai que os corruptos ganham as eleições.

Quando digo que a política do PSDB é predatória, é porque o tucano é exatamente uma metáfora desse partido, por causa das suas características não haveria uma ave mais correta para simbolizar o PSDB que o tucano. O tucano é uma ave predadora que como filhotes de outros pássaros, mas se sentirem acuados e tendo que competir num espaço pequeno com outros, o tucano devora os próprios filhotes. Essa descoberta foi feita por biólogos de Foz de Iguaçu. Eles ficaram intrigados com o fato de a reprodução em cativeiro não dar certo, e para descobrir foram para a floresta e instalaram câmaras nos ninhos construídos naturalmente pelos tucanos, então descobriram que os tucanos das florestas não tem o mesmo problema de competição com um pequeno espaço, por isso, ao invés de matar os próprios filhotes, os alimentavam com filhotes de outras aves, insetos etc. O problema é que os tucanos das florestas passam mais tempo fora dos ninhos e em busca de alimentos, já no cativeiro, eles passam mais tempo nos ninhos e o alimento era servido na hora certa sem que precisassem buscá-los na natureza, assim, os tucanos se viam ameaçados em sua sobrevivência no pequeno espaço e por isso comiam os próprios filhotes, fato que tornava a reprodução em cativeiro inviável. É isso que os tucanos fazem, tentam tirar do caminho os seus adversários de qualquer jeito, é a natureza do tucano.

Não adianta ficarem bravos os simpatizantes do PSDB sabem por quê?

Porque o óbivio não pode ser ignorado

O óbvio precisa ser visto

E onde está o óbvio? Você pergunta...

O óbvio está na cartilha

O óbvio está nos programas de cada estado e município

O óbvio está nas ruas inseguras

Nas escolas violentas

O óbvio meus caros, está nas rodovias pedagiadas

Está nos livros cheios de palavrões e com erros ortográficos de Serra

O óbvio está na desvalorização dos professores, nas greves policiais

O óbvio está na falta de equipamentos e estruturas de cada prédio escolar das periferias

O óbvio está no preço das passagens de ônibus que acabam de subir em São Paulo

O óbvio está nos aliados do partido

Está nas empreiteiras, nos rodoaneis superfaturados e não apurados pela justiça

O óbvio está nos postos de saúde de cada município

O óbvio está nos ataques do PCC e na negociação feita pelo governo tucano para cessar os ataques

O óbvio está nos desabamentos terceirizados dos túneis do metrô que mataram dezenas de trabalhadores

O óbvio está na aprovação automática que gera o analfabeto funcional e o cidadão deformado

O óbvio está na repressão aos professores que apanharam da polícia no Morumbí, coisa que o PSDB sabe muito bem fazer

O óbvio está na superlotação das salas de aulas e no fechamento de escolas para redução de gastos

O óbvio está na violação do plano de carreira dos professores que sobrevivem de gratificações e bônus ao invés de um salário digno de um profissional do calibre de um professor

O óbvio está ai, talvez quando o PSDB privatizar até o espaço da praça pública em que você freqüenta...

Quando privatizarem o teu oxigênio que você respira...

Quando privatizarem a tua rua e lá na esquina, te deparares com uma cancela com os dizeres: 1,89 o pedágio para chegar até tua casa, então, tu irás saber...

Porque devemos repudiar a política tucana em nosso país.

Pena que em São Paulo alguns não enxergam o óbvio. Quando você tiver que pagar para ir ao posto de saúde, para seu filho poder freqüentar um curso básico, para colocar a criança na creche, para sentar no banco da praça, para chegar até tua casa, para poder freqüentar um parque como o Ibirapuera e tiver que pagar pelo próprio ar que respira, então será tarde demais para saber que já devias há muito tempo ter escolhido um outro partido para governar essa cidade, o teu município. Saberás muito tarde o perigo que corre um trabalhador que perde os seus direitos sendo simpatizante desse partido miserável que só sabe governar para os grandes e não para os pequenos. Bem disse Gabriel Chalita: “Serra não gosta de professores”, porém, o ex-secretário esqueceu-se de falar, que não é apenas Serra e sim os partidários do PSDB inteiro que odeia professores, porque, a mesma repressão aqui ocorre em Minas Gerais que era governada por Aécio Neves.

“Professores mineiros pedem socorro”, baseei numa mensagem de professor não identificado que leciona Matemática para alunos do 3º ano do 2º grau da rede estadual de ensino e que disse receber piso salarial de 545 reais. Registrei que no fim de 2007 a secretária estadual de Educação, Vanessa Guimarães, afirmou ter encaminhado à equipe econômica do governador Aécio Neves proposta para elevar o piso salarial dos professores a 800 reais, a partir de janeiro de 2008. Qual, portanto, a minha surpresa, ao receber agora levantamento nacional sobre salários das redes estaduais de ensino, feito em setembro último, revelando que o salário pago pelo governo mineiro é de R$ 336,26 para professores de nível médio, de R$ 410,24 para professores com licenciatura curta e de R$ 500,49 para os com licenciatura plena.

Minas Gerais está em 18º lugar, no ranking dos estados sobre as remunerações para professores com licenciatura plena e jornada de 40 horas semanais, em início de carreira. A pesquisa completa pode ser vista aqui. O Distrito Federal é o que paga mais (R$ 3.227,87), seguido do Maranhão (R$ 2.810,36) e de Roraima (R$ 2.806,04), enquanto em Minas a remuneração não chega a 1.417 reais. Pior do que isso, só oito estados, embora nos orgulhemos de ter o terceiro maior PIB (Produto Interno Bruto) do país. A hora-aula para os professores mineiros vale apenas R$ 7,08, contra R$ 16,13 no Distrito Federal.” (http://plataovag.blogspot.com/2010/05/professores-mineiros-pedem-socorro.html)

REDE ESTADUAL – REMUNERAÇÃO DOS PROFESSORES NO BRASIL (40 ha)

RANKING

07º AMAPÁ R$ 2234,08 NORTE (PDT)

08º ALAGOAS R$ 2030,00 NORDESTE (PSDB)

09º TOCANTINS R$ 2020,00 NORTE (PMDB)

10º ESPÍRITO SANTO R$ 1920,00 SUDESTE (PMDB)

11º SÃO PAULO R$ 1834,86 SUDESTE (PSDB)

12º PARANÁ R$ 1798,54 SUL (PMDB)

13º PARÁ R$ 1728,00 NORTE (PT)

14º RIO DE JANEIRO R$ 1618,14 SUDESTE (PMDB)

15º BAHIA R$ 1602,57 NORDESTE (PT)

16º SERGIPE R$ 1519,57 NORDESTE (PT)

17º RONDÔNIA R$ 1433,24 NORTE (PPS)

18º MINAS GERAIS R$ 1416,66 SUDESTE (PSDB)

19º SANTA CATARINA R$ 1363,74 SUL (PMDB)

20º PIAUÍ R$ 1340,00 NORDESTE (PT)

Quais são os 6 melhores salarios pagos aos professores?

G-6 MELHORES

01º ACRE R$ 2234,38

02º RORAIMA R$ 2063,64

03º ALAGOAS R$ 2030,00

04º TOCANTINS R$ 2020,00

05º ESPÍRITO SANTO R$ 1920,00

06º DISTRITO FEDERAL R$ 1760,00

Dados extraídos do Sindicato APEOC em http://www.apeoc.org.br/extra/pesquisa.salarial.apeoc.pdf

Ao todo tivemos 4 secretários de educação e nesta ciranda o PSDB brinca de fazer educação, cada secretária e secretário tratou os professores como uma categoriazinha qualquer, nenhum melhorou a vida do professorado paulista e cumpriu a risca as ordens dos seus governadores sem questionar.

- Gabriel Chalita: a marca desse sujeito foi a “Pedagogia do Afeto” ou “Pedagogia do Amor”.

- Rose Neubauer.

- Maria Helena.

- Paulo Renato de Souza.

Agora Herman Voorwald, reitor da Unesp, irá assumir a Secretaria de Educação no lugar de Paulo Renato Souza, porém, o que muda? Nada, a cartilha é a mesma neoliberal tucana já rezada por todos e enquanto for assim, a educação não será levada a sério no estado mais rico da América Latina, onde as estatísticas apontam os professores em 11º lugar entre os mal remunerados. A educação sofreu grandes mudanças, porém, todas visando atender os interesses e as exigências internacionais. Toda a reforma que foi implementada pelo governo não passou de cópias de países desenvolvidos, foi uma mudança para conservar as velhas estruturas sociais e econômicas que já existiam há séculos no país. Nada mudou de fato. "A política educacional de hoje foi montada para mostrar resultados estatísticos a curto prazo", denuncia um professor “R” de uma escola que atingiu 100% de aprovação. A aprovação pode mascarar um problema da rede estadual paulista: a promoção automática dos estudantes, mesmo quando não aprendem nada ou quase nada. Segundo reportagem de 28 de setembro de 2000 a Escola Estadual Professora Ilka Jotta Germano, na zona sul de São Paulo, aprovou todos os alunos da 5ª à 8ª série. "Foi a maneira mais fácil arranjada pelos legisladores e pelo Ministério da Educação (MEC) para ocultar a repetência", afirma José Carlos de Almeida Azevedo. Azevedo é ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB) e consultor e entende bem o que é educação e qual a sua importância para uma sociedade.

O resultado de uma política educacional péssima se revela através da violência. Leia esse artigo, achei o máximo:

Ao mestre com porrada

“As carteiras são empilhadas até o teto da sala de aula. Os alunos divertem-se escalando a torre que, sem capacidade de resistir a tanto peso, desmorona e espalha destroços; na maioria das vezes, as paredes são pichadas.

Essa cena é comum numa escola estadual do bairro Santa Teresa, na região metropolitana de São Paulo. É quase uma tradicional brincadeira das sextas-feiras. Resignado, o diretor se sente impotente para conter a baderna. Por um simples motivo: "Tenho medo", reconhece, acostumado a consertar semanalmente as carteiras depredadas.

Ao conceder entrevista, ele pediu que seu nome não fosse divulgado, temendo represálias: muitos daqueles alunos estão envolvidos com quadrilhas de traficantes. "Se você não entra no esquema dos traficantes, sofre as consequências. Se chama a polícia, também sofre. Somos obrigados a fazer acordos e a andar na linha."

A violência tornou-se a tal ponto rotineira que, a partir do próximo semestre, 2.500 escolas estaduais vão receber alarmes e câmaras. "Não me agrada a idéia de as escolas parecerem prisões, mas somos obrigados a cuidar da segurança", justifica a secretária estadual da Educação, Rose Neubauer, que, periodicamente, faz um levantamento das ocorrências de selvageria nas escolas.

Ameaçado, o professor prefere calar, pois sabe que o revide, muitas vezes, pode ser pesado. No mês passado, aquele diretor viu um aluno depredando um cartaz. Chamou-lhe a atenção, levou-o para a sua sala e viu-se diante de um irado adolescente, que ameaçava "quebrar a sua cara". "Ficou por isso mesmo", conta.

Um professor, que também quis ficar no anonimato, desabafou: "Não dá para ter nenhum problema de relacionamento com os alunos. No ano passado, entrou uma nova diretora na escola em que eu lecionava. Ela resolveu jogar duro. Seu carro levou cinco tiros. O meu carro, por exemplo, está arranhado".

Na opinião de Rose Neubauer, o aluno está cada vez mais agressivo, e o professor não está preparado para lidar com o conflito: a depredação e os episódios de violência são a consequência dessa inabilidade e dessa incapacidade de lidar com a tensão.

Previsível, portanto, que o ambiente escolar assuma ares de presídio. Já existem até cidades nas quais se instalaram detectores de metais nos portões das escolas.

Nem poderia ser mesmo muito diferente: escolas não são ilhas. À medida que mais crianças e adolescentes estão estudando -ou, pelo menos, fingindo estudar-, os educadores se vêem forçados a olhar de modo mais severo para a selvageria produzida longe das salas de aula.

A essa altura, o leitor desta coluna que, provavelmente, tem o filho numa escola particular, talvez até se sinta protegido. Ilusão: embora com diferentes tonalidades, a violência está disseminada em ambientes ricos e pobres. Os professores sabem disso.

Nem vou aqui me referir ao tráfico de drogas, igualmente disseminado nas escolas privadas, mas ao desrespeito crônico.

Pedi a professores de escolas de elite que também contassem como são vítimas do desrespeito. Dispuseram-se a falar desde que não tivessem de aparecer.

Xingamentos, palavrões, dedos em riste e até ameaças de agressão também fazem parte da rotina das escolas mais ricas. O estudante joga na cara dos professores frases que exigem subserviência, baseado numa suposta superioridade financeira: "Quem paga seu salário sou eu".

Uma professora disse: "O que me dói nem é a frase, mas a postura arrogante, o olhar de superioridade. Você fala e o aluno nem presta atenção, como se você fosse uma empregada. Eles tratam o professor como tratam a empregada".

É fato que os professores não tiveram suas técnicas pedagógicas recicladas e muitos não conseguem criar um ambiente de mais diálogo, de menos autoritarismo. Não foram desenvolvidos espaços para transformar agressão em debate civilizado.

Também é fato que a imensa maioria das escolas são antiquadas -os métodos de ensino ainda baseados na velha "decoreba", as matérias fragmentadas e dispersas, sem sentido. O estudante vem do mundo em tempo real, repleto dos encantos da interatividade, e, por isso, não se deixa seduzir pela monótona falação professoral.

Porém, no que diz respeito às classes média e alta, existe um problema mesmo dos alunos -e de seus pais. Mais especificamente, nosso problema.

Professores e pais são vítimas (e produtores) de uma geração sem limites, mimada, com desejos em tempo real: quer na hora o que deseja. E frequentemente consegue. Não aprende, claro, a lidar com a frustração -a administrar a decepção- e cultiva uma crônica imaturidade.

Existe também uma geração de "adultescentes" -adultos que se comportam como adolescentes. Na condição de pais, eles têm dificuldade de impor limites e temem ter atitudes parecidas com as de seus pais.

Assim, os adolescentes de hoje tendem a ver no professor não mais que uma empregada doméstica - e na empregada uma escrava. O pai ou a mãe é aquele ser que tem como obrigações precípuas atender desejos. Não saber administrar frustrações e viver numa sociedade de prazer em tempo real, marcada pelo estímulo ao consumo obsessivo, é o cenário ideal para produzir clientes de traficantes de drogas.

PS -Começam a surgir experiências para lidar com a violência nas escolas, envolvendo a comunidade: em São Paulo, uma entidade chamada Parceiros do Futuro e, no Rio, com o apoio da Unesco, a organização Escolas da Paz. Está à disposição do leitor no site do Aprendiz um dossiê de artigos sobre educação e violência” (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/gilberto/gd040601.htm)

Não esperamos que vá mudar alguma coisa que possa melhorar a vida do professor, pois o foco da política é a mesma há quase 20 anos, só mudaram de secretário, mas o foco é o mesmo: contenção de gastos e sucateamento da coisa pública para favorecer setores privados!

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