O PAIDOCENTRISMO, PROGRESSÃO CONTINUADA: O aluno é o centro do universo escolar e o professor...?

VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS: essa é a prometida educação do século XXI chamada de Ensino Inovador

De 1993 – 2010, são 17 anos que a educação do Estado de São Paulo vem sendo destruída pouco a pouco, os professores foram sendo desvalorizados e todas as mudanças que foram feitas nesse período foram apenas em prol dos alunos. Exageraram na dose quando o foco central da escola passou a ser o aluno. O paidocentrismo entrou como doutrina pedagógica em todas as escolas do Estado de São Paulo a partir da aprovação da LDB 9394/93 e o estudantes passou a ser o centro, quase como um deus da sua própria formação, grande parte dos alunado passou a se achar autossuficiente, muitos adolescentes, passaram a pensar que universo escolar gira entorno deles, e a palavra Paidéia, que em grego quer dizer “educação” ou “formação”, perdeu o sentido. A escola que segue a doutrina do paidocentrismo não forma mais ninguém, não forma para a vida, nem para o trabalho nem para nada. Quem tiver sorte vai depois fazer um curso técnico e parar por ai, porém, a grande maioria da tal escola da inclusão será excluída no mundo do trabalho. O Brasil já está importando de fora a mão de obra qualificada que precisa, e como o nosso país é dominado pelo capital e tecnologia internacional, para os donos das multis fica fácil trazer essa mão-ão-de-obra de seus países de origem. Tal como os negros da abolição de 1888, brancos e negros pobres serão substituídos por uma força produtiva estrangeira, e se não for retomado o eixo da educação isso tende a se agravar, especialmente em São Paulo onde o governo do PSDB só sabe falar em investir no aluno e não no professor. O governo Serra diz que investiu nos professores. Com certeza, investiu-se contra essa categoria quando nas reivindicações por melhores condições ordenou as tropas de choques da polícia militar que atirassem balas de borrachas contra os manifestantes no Morumbí na última greve próximo ao Palácio do Governo. Serra investiu mesmo: soltou os cachorros, policiais e cavalos para cima dos professores. Eu digo mais: o tipo de investimento do governo e que ele tanto elogia foi o da desvalorização da carreira do professor, do não respeito as datas bases previstas na legislação. Qualquer profissional que deseja uma maior dignidade à sua pessoa sabe, que introduzir provas simplesmente para ver se aquele profissional está ou não apto não significa valorizar, isso não é investimento, é apenas gasto com agências que promovem avaliações, provas e concursos, o curioso, é que esse gasto com provas não resgata dignidade alguma do professor, pelo contrário, torna esse profissional mais tenso, apavorado e estressado, claro, a prova é aplicada num momento de fechamento de notas e correção de provas dos alunos, sem tempo para estudar, o professor leva pau nas provas e fica desempregado. O que resgataria a dignidade? Salário decente, concursos públicos, liberdade de cátedra, redução da carga horária sem redução de salário, ao invés do professor ter 40 e até 55 horas aulas conciliando escolas particulares, municipais e estaduais muitas vezes para sobreviver, esse professor poderia ganhar um salário decente por apenas 20 horas ficando em uma escola, com certeza iria melhorar e muito o ensino, visto que o tempo de correria de uma escola para outra deixaria de existir e esse professor iria ter tempo para fazer e escolher o curso que quisesse fazer e preparar aulas. Os cursinhos pela internet que o governo de São Paulo oferece não resultam em boa formação, pois que professor terá tempo para ficar horas e horas de frente à tela de um computador se esse profissional tudo que quer é ter no mínimo o direito ao descanso respeitado como todos os trabalhadores, esse professor passa de 40 a 55 horas dando aulas, de 10, 12, 15 horas por dia, isso parece a situação típica de um operário do início da Revolução Industrial do século XVIII, e alguns colegas professores chegam a ultrapassar essa carga, chegam a acumular 62 horas semanais. Absurdo mesmo! Que profissional tão mal remunerado agüentaria isso? O governador não passaria uma semana em sala de aula, nem o secretário de educação.

As salas estão super lotadas, e o professor, que já sai baqueado da escola particular ou municipal, e vai enfrentar uma escola estadual onde os alunos podem tudo, mas o professor não pode nada, o que esperar desse professor?

Quando for fazer uma vistinha a uma escola, olha pra fisionomia desse profissional, você lerá nas expressões de seu rosto: síndrome do pânico, depressão, stress, tensão, fadiga, desespero, apavoramento, medo da fragilidade em que se encontra perante as leis flexíveis e favoráveis ao pequeno delinqüente que irá muitas vezes ter que lidar, a final, não está escrito na testa de ninguém a sua origem. Ninguém sabe se o aluno é filho de um pai decente ou de um chefe do tráfico no morro. E mesmo os que são filhos de classe média não trazem escrito algum tipo de periculosidade que possa representar ao professor e aos alunos. Veja o último caso dessa semana em repercussão na televisão e na internet: Aluno de 9 anos morre com um tiro de 38 à queima-roupa, e a suspeita é que um coleguinha de sala tenha feito o disparo, Colégio Adventista. Suspeita-se que Miguel, o aluno baleado tenha sido ameaçado por um coleguinha na terça-feira dia 28 de setembro, até o início da tarde do dia 30 não se tinha encontrado a arma e familiares de Miguel afirmam que a sala ficou lacrada a pós o incidente, porém a escola teria limpado o local e mexido na prova do crime, entretanto, o uso de luminol vestígios de sangue comprovaram que o disparo teria ocorrido dentro da sala de aula no momento que todos tinham saído para o intervalo. Há quem diga que viu Miguel voltando para a sala com um amiguinho para pegar algo que teria esquecido, foi quando tudo aconteceu, mas o curioso é que ninguém da escola adventista sabe explicar o que houve, não se encontrou nem a arma e nem o garoto que atirou. Segundo notícias do Globo dessa quarta-feira (29) a criança foi socorrida pelo diretor da escola ao Hospital Family, em Taboão da Serra, cerca de 25 Km do colégio, porém, a atitude correta seria chamar a emergência sem remover o menino do local, talvez teria até sido salvo. O Globo noticiou ainda que a polícia vasculhou o colégio, mas não encontrou nenhuma arma. O que está acontecendo na educação em São Paulo? Aluno matando aluno! Que pai teria uma arma em casa? O que os garotos estão aprendendo com seus pais? A ameaçar alunos e professores? Muitos pais passam a mão na cabeça do filho quando sabe que este tenha feito algo de errado na escola. Eu presencio constantemente reclamações de pais sobre os professores, porém, nunca falam que seus filhos estão insuportáveis, garotas que sentam no colo de garotos especialmente no ensino médio noturno, e se o professor falar alguma coisa, ai o bicho pega. Sem respaldo algum, esse professor sente-se acuado. Os alunos de 6º ano série estão terríveis, insuportáveis!

Por que os professores vem enfrentando governos nas ruas em protesto? Por que das greves do magistério? É por conta de tudo isso. Precisamos mudar o jeito de fazer escola, o jeito de ensinar e o currículo deve ser elaborado em conjunto com os professores, eles sabem como são os alunos. É preciso repensar o tipo de conteúdo, não basta ensinar a escrever, não basta ensinar cálculos, não basta ensinar a ler, é preciso retomar os valores humanos perdidos com essa filosofia neoliberal que oferece direito em excesso ao menor, repensar os valores e resgatar aquela escola que de fato ensinava. Repensar o paidocentrismo baseado na escola nova que colocou o aluno no centro como se fosse ele, o único que faz a escola. A escola é feita de um conjunto de pessoas: professores, alunos, diretores, comunidade e pais de alunos. Só o aluno não faz a escola, e o ensino só acontece porque o principal agente ainda é o professor, e o aluno não é sozinho o único sujeito do seu saber. Sem professor a escola não funcionaria, funcionaria até sem diretor, mas sem professor jamais. A Paidéia centrava-se nos elementos a formação que iriam fazer do indivíduo uma pessoa apta para exercer os deveres cívicos visando à formação integral do aluno para fazer dele um cidadão. Agora não, a educação feita à moda neoliberal do paidocentrismo se perde em conceitos vagos e reformas mal elaboradas como a feita por Darcy Ribeiro. O processo de ensino não gira só entorno do aluno, ele acontece numa troca de idéias e experiências, principalmente entre professor e aluno, essa troca acaba também passando de aluno para aluno, o meio social e as experiências individuais de cada um. Todas as experiências individuais dos alunos e as que trazem do seu meio social são enriquecidas com a experiência pedagógica do professor, mas ninguém é o centro do saber, nem o aluno e nem o professor, porém, o professor continua sendo a peça-chave para esse processo acontecer, ele é mais que mediador, é mais que facilitador: é professor! Por mais que o paidocentrismo da Escola Nova promove apenas o aluno como o único responsável do seu saber, descarta o professor, e isso acaba acontecendo, pois mediante a essa supervalorização do aluno e a transformação dele num super-man em miniatura dentro das escolas fez com que esse aluno se sentisse tão poderoso e tão mais importante que se vê no direito de fazer dos funcionários alvos de chacota deles, o professor virou motivo de sátira, risos e vitupério desse aluno que a Escola Nova colocou como centro do universo do saber.

Por essas razões é que os professores estão chegando aos seus limites dentro de sala de aula. Porém, as políticas neoliberais que visam o enfraquecimento de todos os movimentos sociais e atingido em cheio o movimento sindical, incluindo o dos professores.

Em maio, ocorreu a maior eleição para a Diretoria da história da APEOESP, com a participação de 69.245 professores. Greve de 79 dias garante a aprovação pela Assembléia Legislativa na Lei Orçamentária de um artigo estabelecendo a aplicação de 30% do ICMS com o Ensino de 1º e 2º graus, sendo 23% para a folha de pagamento da Secretaria da Educação. A greve também faz com que o governo Fleury anuncie sua política salarial por seis meses e, no final deste período, determine correção salarial a cada quatro meses. A Associação dos Professores do Estado de São Paulo conseguiu colocar nas ruas quase 100% da categoria, mas interrompeu o movimento ao perceber que o movimento grevista sofrera um esvaziamento e já se encontrava em torno de 10%. Ao entrar na Assembleia Legislativa, as forças militares se mobilizaram como que numa guerra. Como sempre, a polícia agiu com a mesma truculência com que trata os bandidos, sua atitude não foi diferente com os trabalhadores da educação, e quando explodiu a primeira bomba de gás lacrimogêneo, os professores estavam na entrada da Assembleia. Cercados de vidros e apertados em um espaço mínimo tal como é o seu salário, os professores foram reprimidos e comprimidos contra os vidros, imagine um gato dentro de um saco e levando pancadas, o gato fica louco não fica? Pois é, foi mais ou menos isso que presenciei quando houve explosão do primeiro artefato jogado por um policial, a fumaça tóxica levou os professores a quebrarem os vidros do local onde estavam, porque, não tinha circulação de ar, muitos começaram a passar mal, professoras desmaiando, outras tentando fugir do tumulto, inutilmente. Foi um policial que se encontrava nas dependências que jogou a bomba.

Revoltados, os integrantes do movimento atiravam pedras contra as janelas de vidro que ficaram danificadas. Depois disso, o governador ordenou que se fizesse uma cerca entorno da Assembleia, impedindo que novos movimentos pudessem fazer o mesmo. Aos poucos o movimento foi sendo vencido pela truculência do governo, e a categoria em torno de 10%, decidiu interromper a greve.

Quem está longe das salas de aulas nem faz idéia. É fácil escrever artigos criticando os professores, é fácil escrever e defender teses de mestrados baseadas em escritores suíços, franceses e ingleses.

O PAIDOCENTRISMO VEIO COM TUDO E A PROGRESSÃO CONTINUADA ACABOU PIORANDO O ENSINO

Além de todas as violências sofridas no governo de Fleury, isso mesmo, o assassino, aquele ranço da ditadura, que governou São Paulo e mandou executar centenas de presos do Carandiru, os professores estavam apreensivos por conta das anunciadas reformas da educação que se concretizariam no governo de Mario Covas. Nesse governo o paidocentrismo entrou contudo nas escolas e os alunos indisciplinados sem nenhum instrumento legal que possa coagi-los vem transformando as escolas num pandemônio.

Covas foi o carrasco que levou os professores à forca que estava sendo preparada pelo governo Fernando Henrique Cardoso e pelo Congresso que aprovou a nova LDB 9394. Depois da greve a coisa ficou feia: Covas demitiu cerca de 40 mil professores, diminuiu o ensino de História para de 4 para 3 e 2 aulas semanais, cortou em 50% as aulas de História e Geografia, e eu como professor de História vivia numa constante insegurança: a final, não sabia se no próximo ano eu teria aulas. Lembro-me de entrar na sala de aula e de ata apreensivo, ficava meio que perdido, mesmo sabendo o que ensinar. E quando veio o primeiro concurso... Foi um alívio. Ufa!

No meu primeiro concurso promovido por Mario Covas, lembro muito bem: tive que estudar todos os teóricos da “nova educação”, diversos “pensadores” e “especialistas” no assunto educação faziam parte das minhas leituras pré-selecionadas, ou seja, mesmo que eu não quisesse, o Estado Neoliberal tinha determinado os meus gostos e a minha leitura. Assim, li Philippe Perrenoud, um dos principais pensadores da educação moderna, defensor do sistema de ciclos. Tudo que se falava era nas tais competências e habilidades que nem os supervisores sabiam explicar a diferença entre os dois conceitos e ai, eles misturavam competências com habilidades, falavam-se em ciclos escolares e pedagogia diferenciada, diferentes linguagens, cidadão do futuro, aprendizagem para a vida, múltiplas inteligências etc. Nesse contexto foram chegando novas nomenclaturas e nessa onda neoliberal o diretor virou gestor, o professor virou facilitadores e o aluno multiplicador e dessa salada passou-se a ter idéia do que era um ensino em rede, é que nessa confusão toda, foi formando uma teia de aranha e cada fio ia para uma direção e a vítima maior disso tudo foi mesmo o professor e o aluno que caíram nessa teia e estão sendo aos poucos devorados pela grande aranha que é o Estado neoliberal.

A progressão continuada que o próprio Estado transformou em aprovação automática eliminando a repetência acabou de transformar a educação numa babel. A municipalização veio para piorar a situação, grande parte dos alunos das escolas municipais chegam para o 6º ano (5ª série nas escolas estaduais) analfabetos, muitos não conseguem escrever, juntar as letras e formar uma palavra completa e quando tentam escrever, escrevem palavras com letras misturadas, suas frases são complexas e sem sentido algum, e os que sabem escrever só aprenderam a copiar, eles não sabem interpretar o que lêem, e a maioria nem lê. Eles não aprendem a ler, aprendem a desenhar as letras, brincam e tomam merenda, copiam lições da lousa ou de uma página de um livro ou cartilha, porém, não produzem sozinho um texto. Eles imploram para o professor não ditar nenhum tipo de texto, por medo de não saberem acompanhar o ditado. Ditado, aliás, já nem existe mais nas escolas.

O que fazer com um aluno, que passou a 1ª, 2ª, 3ª e 4ª série nesse sistema de ciclos e progressão automática, sendo empurrado de uma série para outra e agora se encontra na 5ª série sem saber ler e sem reconhecer as palavras? Sinceramente, não sei!

Foram 4 anos, e se contarmos mais três anos de pré-escola, já são 7 anos, e o cara, sai sem saber ler e escrever? Absurdo! Vejo a seguinte situação: quando o aluno escreve, não lê, e quando lê não interpreta e quando interpreta não produz? Fazer o quê?

Nenhum especialista defensor do ensino em ciclo, progressão continuada e que propõem avaliações apenas ao final de cada ciclo tem a resposta para a agonia do professor que pega esse aluno egresso das escolas municipais para as séries ginasiais (5ª a 8ª e ensino médio). Esses alunos carregarão para o resto da vida as deficiências dessa política educacional que irresponsavelmente um exército de analfabetos subfuncionais, ou seja, nem funcionais mais esses serão, porque, para ser funcional teriam que pelo menos saber fazer umas continhas e soletrar algumas palavrinhas básicas. O ensino regrediu em plena Era da informatização, e a Era do Conhecimento transforma-se na Era da formação sem informação. A escola promovida pelo Estado neoliberal transformou as escolas fornalhas de destruição em massa semelhantes aos campos nazistas. E mesmo sem querer, apesar de ser também vítima dessa ideologia perversa, tornou-se cúmplice e carrasco nessa história, no 3º ano do ensino médio, é só acionar o botão e eliminar as vítimas. Enquanto isso, o governo estadual comemora os números dos aprovados, divulga os números recordes de matrículas e se promove frente a massa ignorante que sem saber o que se passa de verdade aplaude o chefe do Estado.

E os professores? Estes não têm aplausos, nem aumentos, só críticas. O governo faz o típico e maquiavélico jogo de culpar os professores, redimir os alunos e premiar as escolas que aprovarem mais com um bônus em fevereiro. O aluno virou gado, coisa e passou a ser negociada a sua cabeça. O lema não é induzir o aluno a pensar, mas sim, fazer de tudo para que passe de ano, e esse tudo é: freqüência 100%, se faltar deve fazer “trabalhinhos”, não aplicar mais provas para não constranger o aluno. O que o Estado neoliberal está fazendo? Qual será o fim disso tudo? Claro que para o governo e para o professor, diretor ou pais que defendem esse modelo de ensino, “os fins justificam os meios”. Mas você pode estar se perguntando: quando é que os fins justificam os meios na educação neoliberal? Você terá a resposta quando, ao participar de um conselho no final do bimestre onde são vistas todas as notas de todas as disciplinas. Você ouvirá falas do tipo:

- “Puxa, mas esse aluno ficou só com você professor...”.

- “Dá “MAIS” uma chance para ele (depois de ter feito isso no primeiro e no segundo bimestre)...”.

- “Por que ficou só com o senhor professor?”

- “Cuidado com o bônus da escola, ano passado a nossa escola zerou na avaliação do governo e não recebeu bônus, também, quem mandou reprovar alunos, quem mandou digitar alunos evadidos. Não há evadidos ano que vem na nossa escola?”

Mas a grande surpresa mesmo vem quando o professor é chamado para refazer suas tarjetas, e lá ele percebe que quem ficou com nota vermelha está azul, e quem não teve jeito mesmo por estar com todos os professores, esse professor teve que dar média 4 para quem não fez nada. É proibido deixar alunos com dois... Essa é a nova moda de algumas escolas da periferia da Grande São Paulo como Jandira, por exemplo.

Os professores, como ficam em meio dessa confusão toda?

Os professores sentem-se impotentes diante das violências no ambiente escolar. Os alunos se amotinam, tramam e os piores induzem até os bons alunos a confirmarem coisas que o professor não fez. Eles inventam coisas, distorcem as falas e levam aos pais mentiras, os pais que acreditam nas versões dos filhos fazem relatórios e colocam professores em saias justas, usam inclusive de ameaças, e o professor em estado de depressão, acaba se sentindo muito mal diante de tudo isso. Alvo de chacota, o professor parece uma figura odiada por aqueles a quem sonhou um dia ensinar. Os mesmos alunos que praticam tais violências são depois capazes de desconversar e negar tudo, e quando os pais comparecem à escola para ouvir o que o diretor teria conversado com o professor, vêem que o filho que deturpou as palavras do professor possui várias páginas no caderno de ocorrências. A questão é:

- A quem interessa jogar o professor numa fogueira e vê-lo queimando aos pouquinhos à moda medieval?

- Por que a atitude de um diretor ou vice é fazer a pergunta a classe se o professor fez mesmo determinada coisa ou falou supostamente aquela palavra a determinado aluno? Por que essa pergunta não é feita na presença do professor e por que é feita nesse tom: “è verdade que o professor disse isso ao aluno?” Esse “é verdade” parece ser proposital, já com o intuito de incriminar o professor, é feito um prejulgamento sem direito à defesa, isso em público. Parece já existir um propósito de induzir os alunos a confirmarem o que o professor supostamente tenha deixado escapar na hora do desespero provocado pelo tumulto da indisciplina de 45 a 50 alunos em uma classe. O curioso é, que depois de todos os alunos afirmarem que determinado professor teria cometido certo deslize, descobre-se que os alunos, são capazes de encobertarem seus amiguinhos e se voltarem todos, com poucas exceções, contra qualquer professor, pois não o vê como amigo e alguém que quer lhe ensinar algo, mas vê como inimigo. O professor é mesmo odiado, só por ser professor!

Já foi o tempo que o professor era chamado de mestre, hoje, se uma professora receber um buquê de flores de um aluno, pode desconfiar, pois há casos de professores perderem as mãos por buquês explosivos entregues por alunos.

O buling! Buling não é uma violência praticada apenas de aluno para aluno, mas o professor ou professora convive com essa violência o tempo todo: alvo de piadinhas, bola de papel nas costas, bolinhas de papel com cuspe e assoprada pelo tubo da caneta nas costas do professor, apelidos etc. Tudo isso constrange o professor, e a maior surpresa mesmo, é que, depois de sofrer tudo isso, o professor encontra seu carro amassado no estacionamento da escola. Reclamar para quem? Para o papa? O buling aparece muitas vezes em forma de palavras do tipo: “La vem aquele velho”, “lá vem a bruxa”. Os pais nem querem saber se o professor está sendo agredido por seus filhos, é como se esse profissional fosse um robô sem sentimentos e incapaz de esboçar qualquer reação. Os valores humanos se perderam frente à política reducionista do Estado neoliberal, e os governos são os responsáveis por todas essas agressões. Os médicos da perícia que analisam os atestados e afastamentos do professor da sala de aula foram recomendados pelo governador a negar todos os afastamentos, e esse professor que escreve agora, precisou de 15 dias por depressão, e sabe o que o médico da perícia disse: “Só não vou te negar essa licença por que é de 15 dias e você é um bom funcionário, pois a tua última licença foi em 2008, e de apenas cinco dias”. Foi isso que ouvi! A licença a que se referiu foi tirada porque eu teria sofrido um pequeno acidente ao cair de uma escada em casa, meu pé estava imobilizado por ter sofrido um corte provocado por um prego que rasgou o meu pé quando deslizei escada abaixo: claro, foi só por isso que ele não negou os 15 dias. E se eu precisasse me afastar por três meses por conta da depressão? Ele negaria! É por isso que tem professor surtando na sala. O professor, vendo-se no limite, vai ao médico particular, porque, o público nega-se a dar qualquer atestado ao professor que perde o dia, o médico particular o afasta, na perícia ele terá que ser reavaliado por um médico do governo que sob recomendações prévias de negar licenças, o que faz? Simplesmente ou nega ou então reduz pela metade os dias de afastamento, só que o professor só passa pela perícia depois de completados os dias. E ai? Claro: ele perde metade dos dias parados! Como um professor com depressão pode ser liberado e jogado entre as feras de uma sala de aula? O governo é o maior culpado, ele por força de lei aprovada pelos deputados da Assembleia Legislativa não permite ao professor afastar-se das suas atividades para se tratar, instituiu provas para os professores a fim de puni-los e jogar pra cima deles a culpa do caos das do ensino público que o próprio governo criou afrouxando as leis, e Serra ainda fala que investiu nos professores sem aumento desde 1993? Como? Criar mecanismos de punição não é investir, é acabar com a educação. Os novos concursados terão que, depois de passar por um cursinho meia boca, fazer uma nova prova para ver se poderá ou não assumir e legitimar o concurso que fez. Quem não passar na prova estará fora! Os acts também terão que fazer provas para ver se poderão ou não continuar lecionando, os da categoria “O” que lecionaram ficarão sem aulas.

PROFESSOR CATEGORIA “O” não participam do Processo de Avaliação Anual mas sim do Processo Seletivo Simplificado e, por isso, devem se inscrever e fazer a prova sob pena de não poderem lecionar no ano de 2011. Esse é o investimento de Serra. Bem feito para professor que vota em candidatos do PSDB. Professores unívos! Vamos derrubar o PSDB em São Paulo e no Brasil. Vistam vermelho nesta eleição contra Serra e Alckmin.

Vamos todos votar de camiseta vermelha ou de preto, não é proibido vestir de vermelho, o que é proibido é divulgar nome e numero de candidatos. Não vá com estrela no peirto nem com nome de candidato na camisa, mas com a cor vermelha numa camiseta simples pode. Vamos fazer de conta que somos torcedores do Internacional de Porto Alegre, vamos disfarçados de torcedores e exibamos o vermelho da vitória da Dilma e do Mercadante em São Paulo.

É 13 no governo federal e é 13 no governo estadual!