O MESTRE MAÇOM

Reflexões Sobre Valores e Autoconhecimento

É costumas ouvirmos em Loja a assertiva de que um Aprendiz Maçom, comprometido consigo, e com a própria Arte Real, logo se tornará um bom Companheiro. Este, por vez, incurso na consciência de sua energia de trabalho, será um admirável Mestre, cuja inteligência e força de vontade estarão sempre a serviço da humanidade.

O Grau de Mestre Maçom trata-se do terceiro e último Grau do Simbolismo, onde se firma o coroamento do aprendizado maçônico. Contudo, a sua caminhada maçônica não cessa com a sua chegada nesta categoria, nem quando este se abeira ao píncaro da Escada de Jacó no cimo de sua investidura ao Grau 33º.

É importante compreender que a busca pela sabedoria, o desbastar das imperfeições, e a construção do Templo Interior, deverão constituir-se de forma duradoura enquanto o sopro da existência o provir de vida. Isso não quer dizer que será eternamente uma Pedra Bruta, e sim um constante buscador do autoconhecimento, e o mais importante, da autocorreção que o ajudará, sem dúbio, prover a expansão de sua consciência humana.

A exaltação de um Companheiro ao Grau de Mestre é um dos momentos mais sublimes para um Maçom. Ela ocorre em uma sessão magna onde se exige seriedade, atenção refinada, e uma profunda reflexão. É um evento solene que se transmuta em ocasião histórica e ricamente importante para a vida maçônica do Ir∴ exaltado, assim como foi sua Iniciação. Nesse ato, ao ser investido no Grau 3, lhe foi concedido à “plenitude dos seus direitos” maçônicos, e, obviamente, a contrapartida de seus deveres.

Assim, um Mestre Maçom na sua “essência mais íntima”, além de carregar consigo as virtudes dos grandes filósofos da antiguidade, deve também promover sua “obrigação de consciência” no combate a vil e funesta ignorância - mãe de todos os vícios - que teima tomar como escravos os homens não esclarecidos. Acautelado disso, necessita estar preparado para atuar na primazia do ensinar e do aprender. Sim, ensinar é seu ofício, mas aprender deverá ser sua devoção; quiçá a sua maior e mais valiosa lição. Ademais, carece de continuar buscando suas verdades, burilando sua visão de mundo, cinzelando as saliências pessoais; e com muita humildade, parcimônia e sabedoria, continuar erguendo de forma perene, templos a virtude, e cavando masmorras ao vício.

As responsabilidades que o Terceiro Grau o confere, incumbe-lhe, internalizar no íntimo de sua consciência, o comprometimento de ser exemplo de vida, tanto aos seus IIr∴, quanto a própria sociedade profana. Para tanto é imprescindível o respeito ao contraditório, o estreitamento dos laços de fraternidades, e a sua profunda humanização. Além disso, deve entender que um Maçom se faz reconhecer não apenas por S∴ T∴ ou P∴, mas principalmente por seus atos. Dotado desses preceitos balizares, este se revelará arquiteto atuante à luz de sua consciência plena. Assim, esclarecido, as manchas da injustiça, da arrogância, da falsidade desmedida, dos dissabores e de outras máculas profanas - ao lhe atingir o peito, feito uma flecha em chamas – jamais atravessarão sua alma. Dessa maneira, fortalecido por estes processos, em tempo algum consentirá que tais mazelas façam morada em sua consciência, tampouco em seu coração.

Muito além dos emblemas alegóricos do Grau, que nos são tão caros, deve-se revisitar o absorto questionamento de que um Mestre Maçom, por mais que tenha galgado todos os graus superiores, experimentado a Instalação e a responsabilidade dos mais altos cargos. Mesmo que seja um orador fascinante, ou exímio conhecedor dos Landmarks e da vasta legislação maçônica, a história nos mostra, que se o Iniciado não tiver em sua essência a tríade da legitima sabedoria que os une como verdadeiros irmãos, ou seja, o respeito oriundo do amor fraterno, a tolerância e a terna humildade, de nada lhe servirá tantos conhecimentos, reconhecimentos, laureis e conquistas, a não ser para narcisar-se de suas próprias vaidades perante aqueles que os cercam.

Vale sublinhar, que enquanto estiver revestido com a insígnia que ampara e faz luzir as três rosetas, deverá, inclusive, estar preparado e sempre disposto a assumir os cargos em Loja, tanto os que compõem as fileiras do Oficialato e Dignitários, quanto os das Luzes, que administram a Oficina. Deve igualmente ficar atento a legislação e aos meandros da ritualística e dos rituais. Enxergar sempre além, e nunca promover a desunião, dentro ou fora de Loja. Também, jamais deverá utilizar-se de palavras ofensivas, e, em momento algum, chamar atenção de um Ir∴ em ambiente coletivo, dentro ou fora da Oficina. Elogiar? Sim, em público, e que as palavras surgidas pela razão dos méritos sejam ditas de coração. E, na hora de corrigir, que o faça em particular. Lembremos sempre que “o conhecimento serve para encantar as pessoas, não para humilhá-las”, como bem diz o filósofo, professor e educador, Mário Sergio Cortella.

Enfim, façamos dessas reflexões um descortinar de vida. Entretanto, questione-as quando necessário, ou se preferirem, simplesmente vivam-nas intensamente, sem jamais esquecer de retribuir com ternura as pedras lançadas ao peito, pois, um Mestre Maçom, revestido de razão e virtudes, saberá perfeitamente, a partir do esquadro e do compasso da maçonaria, fazer das adversidades uma obra de engenharia virtuosa.

Sejamos Luz!

Eylan Manoel da Silva Lins, fonteboense nascido na cidade de Manaus, é historiador, professor, poeta e escritor. Pertence aos quadros da B∴L∴S∴ 10 de JULHO Nº 41, jurisdicionada a Grande Loja Maçônica do Amazonas - GLOMAM. É também membro da Academia Amazonense Maçônica de Letras - AAML, Cadeira nº 18, cujo Patrono é Junot Carlos Frederico.

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 09/07/2024
Reeditado em 12/08/2024
Código do texto: T8103242
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