DIA DA MULHER- Por uma política de paridade
Maioria? Ah, isso elas já são, sem duvida, e estão por quase todos os setores da sociedade organizada e já tem até piloto de avião. Mas é preciso lutar por uma política de PARIDADE.
Conquistas políticas:
No dia 29/12/2023 foi aprovada a proposta, contra a violência contra a mulher. O protocolo é conhecido "Não é Não", em referência ao movimento "Me Too". Segundo a Deputada Maria do Rosário, "A proposta envolve setor privado e setor público, criando uma cultura de prevenção à violência para que toda mulher, de qualquer idade, possa frequentar um lugar sabendo que todas as pessoas lhe devem respeito acima de tudo". A autora do projeto é deputada (PT-RS). A Lei sancionada pelo Presidente Lula determina que os estabelecimentos de shows, bares, boates monitorem esses locais para que sejam comidas eventuais situações de constrangimento ou violência. A Lei define especificamente que regras não valerão para todos os locais de atos religiosos. Eis o problema. Na minha singela opinião, deveria valer também dentro dos espaços, visto que a mulher é a grande maioria nesses locais. Jesus foi o primeiro a combater a violência, humilhação e o constrangimento praticados por homens contra a mulher. No Evangelho segundo escreveu João, no capitulo 8 vemos uma narrativa interessante de uma mulher apanhada em adultério. Além de ter sido exposta ao público, ela sofreria a pena capital: seria apedrejada por esse crime. Mas por intervenção do Mestre, os machistas do farisaísmo judaico tiveram que deixar cair suas pedras diante da relevante frase: "Quem não tem pecado, atire a primeira pedra". Conclusão: todos ali tinha algo a lhe condenar, inclusive, o homem que teria estado junto a mulher, praticando aquele delito. Ele estava ali no meio da multidão, pronto para apedrejar a mulher. Isso não aparece na narrativa, é apenas uma suposição. L Podemos presumir o homem que estivera no ato de adultério seria hoje, no contexto recente que vivenciamos no cenário político brasileiro, mais um desses falsos moralistas, que em seus discursos políticos, levantou a bandeira da defesa da família, da boa moral acompanhado por um suposto sentimento de patriotismo permeado pelo discurso religioso e político, mas que não colou. O fariseu era um falso moralista escondido por trás de uma série de regras rígidas impostas pelo judaísmo na época do fatídico episódio narrado no Evangelho de João.
As mulheres conquistaram muitos direitos, mas há muito que fazer ainda. Só nesse governo, foram apresentados 61 projetos, 43 viraram leis das quais destacamos: "Não é Não!". Muitas mulheres deixam de ir a locais de festas por medo de serem agredidas. Segundo levantamentos feitos em pesquisa 53% das entrevistadas já deixaram de ir a um bar ou balada por medo de assédio e apenas 8% frequentam regularmente este tipo de estabelecimento sozinha. 13% nunca se sentem seguras nestes ambientes e 41% só se sentem mais confortáveis na presença de um grupo de amigos. Agora, imaginem os constrangimentos que esse público enfrenta nos transportes coletivos ou andando pelas ruas. Tem homem que não respeitam mesmo, basta uma mulher passar próximo, para percebermos certos tipos de palavras dirigidas a elas, olhares, gestos e atitudes, muitas ridículas, são praticadas, inclusive por homens casados. Imaginem o que sofrem as esposas de homens assim, algumas são tratadas como objetos de uso próprio. Absurdo! Muitas preferem o silêncio, nesses casos. A violência silenciosa ainda é muito forte, por trás das paredes de uma casa, algumas dessas heroínas são verdadeiras prisioneiras sofrendo todos os tipos de violências que vão, desde a violência psicológica até a violência física. Na sala de aula, quando observamos o modo como alguns meninos tratam uma menina, como professor imaginamos que ele só esteja reproduzindo o que vê em casa ou no seu bairro, principalmente os das chamadas na gíria de "quebradas". Eles xingam as garotas, as agarram, e por vezes, sem reações, elas acabam aceitando isso como "normal". Não é que elas gostem desse tipo de assédio ou violência, mas é o que acabam assimilando nos famosos "pancadões", nas letras de músicas que curtem, enfim, nas "quebradas" tudo pode acontecer, e as mulheres acabam sendo colocadas nesse "bolo social" como objetos. E os adjetivos mãos horríveis são cantados em coro: "Suas cachorras", as "preparadas", e "minha eguinha pocotó". São diversas as letras de músicas de cunho machistas, que rebaixam a mulher e ferem sua honra. Não pense que isso é só no funk, tem também as famosas músicas românticas e bregas tipo "Alma Gêmea" que coloca a metáfora "metade da laranja", como se a mulher não fosse um ser integral. E na metáfora "carne e unha", é como se a mulher não tivesse escolha, já que a carne e a unha estão ligadas incondicionalmente. Nessas metáforas, como se sentem o suposto "romântico"? Sente-se no direito de fazer como o próprio Fábio sempre fez: não quero mais? Troca. O cantor trocou de mulher como um guarda roupas. Mas mulher não é um ser descartável como muitas vezes são tratadas. O romântico nem sempre tem garra pra sustentar aquele romantismo inicial do namoro, usado como isca pra fisgar a presa. O cavaleiro de armaduras brilhantes revela-se na maioria um vilão, cruel, covarde e medíocre no trato as mulheres. O homem pode ser romântico, do início ao fim com uma mulher, mas e durante o processo que irá mostrar se aquele romantismo continuará ou não. As flores de um belo buquê estão condenadas a murchar, mas o amor verdadeiro precede a paixão. O apaixonar-se de ser a cada por do Sol, todos os dias, e tudo começa com um cavalheiro ao levantar-se, olha do lado e vê sua esposa, e lhe deseja um bom dia, e ela lhe responde também com um Bom Dia. Pronto, é sinal de que a paixão continua! A semente da paixão deve ser semeada logo pela manhã, para se cultivar ao entardecer. A noite, o jardim do amor já estará todo florido. Se o homem não aprender a ser um semeador, para com aquela que escolheu desposar-se e ser um eterno enamorado. Porém, a violência está aí, nos lares, nas ruas, nos ambientes mais diversos. O sistema capitalista transforma o sentimento mais nobre em moeda de troca, principalmente nos ambientes de trabalho. Chefes que assediam funcionárias, secretárias que são coagidas e constrangidas e assim vai. Vejam isso:Dois terços das brasileiras relatam já terem sofrido algum tipo de assédio em bares, restaurantes e casas noturnas. Entre as mulheres que trabalham ou já trabalharam nesses ambientes, este número sobe para 78%.
- O estudo ouviu 2.221 mulheres maiores de 18 anos no país em um questionário disponibilizado pela internet durante os dias 18/fevereiro a 25/fevereiro deste ano. A margem de erro é de 2,1 pp.
- 53% das entrevistadas já deixaram de ir a um bar ou balada por medo de assédio e apenas 8% frequentam regularmente este tipo de estabelecimento sozinha.
- 13% nunca se sentem seguras nestes ambientes.
- 41% só se sentem mais confortáveis na presença de um grupo de amigos.
- 40% já foram seguradas por alguma parte do corpo por não terem dado atenção ao agressor.
- 63% contam que sentiram raiva.
- 49% revelaram o sentimento de impotência diante da violência.
- 93% atribuem as agressões a outros clientes dos estabelecimentos.
- 89% nunca chegaram a denunciar as agressões.
- 24%, por não saber como denunciar,
- 18%, por sentirem medo.
- 17%, por ou vergonha.
Entre as participantes da pesquisa, 28% trabalham ou trabalharam nestes ambientes, e 72% não; 34% têm entre 18 e 29 anos, 44% estão no Sudeste e 26% no Nordeste; 64% pertencem Às classes C e D; 10% são pretas, 48% brancas e 26% pardas; 82% são heterossexuais. Para ver na íntegra essas informações, consulte as matéria usadas nessa publicação.
As matérias dão conta de que a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no Brasil. A cada 1.4 segundo uma mulher é vítima de assédio. Os dados são do Instituto Maria da Penha.
Apesar das conquistas, em todas as pesquisas, em todos os links e matérias se constata as diversas violências que contra a mulher sofreu e vem sofrendo. O mais grave, é ver esse machismo se estruturando no Congresso e nos meios políticos, seja no Executivo ou no Legislativo. Quando qualquer líder ou governante usa termos chulos em referência a mulher, essa é uma demonstração de lijosemia e desprezo a todo o público feminino do Brasil. A bestialidade masculina aflorada em palavras que ridicularizam as mulheres em qualquer profissão ou situação deve ser uma atitude a ser combatida e condenada por todos em uma sociedade. E precisamos eliminar do vocabulário qualquer termo que rebaixam uma mulher, termos que nem convém aqui sem nomeados, por respeito a todas essas guerreiras, professoras, auxiliares, escritoras, jornalistas, cozinheiras, domésticas, juízas, advogadas, promotoras, esposas, policiais, motoristas, gestoras, em fim, todas, das mais diversas atividades, em todos os setores, públicos e privados. Vocês são mesmo guerreiras. Deste a precursora do movimento de luta da mulher que consta como o primeiro registro remete em 1910.l, Clara Zetkin, feminista marxista alemã, que durante a II Conferência Internacional das Mulheres em Copenhague, na Dinamarca, propôs que as trabalhadoras de todos os países organizassem um dia especial das mulheres, passando pelas 129 mulheres queimadas dentro de um galpão em uma fabrica de tecidos em Nova Yorque até a última conquista da mulher brasileira, mais recente, é merecedora de todas as homenagens que são feitas a essas guerreiras. Em 1932, no Brasil, elas conquistaram o direito de voto, cumprindo o sonho de Clara Zetkin. O primeiro objetivo dessa guerreira seria promover o direito ao voto feminino. No Brasil, passados já 92 anos, desde a primeira mulher Celina sendo foi a primeira eleita, porém o Senado acabou invalidando os votos daquela eleição por não aceitar o voto feminino. Depois, mais a frente foi eleita a médica paulista Carlota Pereira Queirós a nossa primeira Deputada Federal, no Brasil e na América Latina, e também a primeira a compor a mesa de uma Assembleia Nacional Constituinte em 1934, passando por outras mais recentes a se tornarem prefeitas, como Luiza Erundina, por São Paulo, Benedita Sousa da Silva Sampaio, servidora pública, professora, auxiliar de enfermagem, assistente social e política brasileira filiada ao Partido dos Trabalhadores. Foi a 59ª governadora do Rio de Janeiro e atualmente é deputada federal com forte representatividade na bancada preta e feminina na Câmara Federal. Entre as mulheres negras, o número de deputadas federais eleitas saltou de 13 cadeiras para 29 a partir de 2023, um crescimento de 123%. Mas precisamos aumentar a participação da mulher também no Senado, ainda com pouca representatividade entre os eleitos. Dados de 2019 ainda dão conta de que apesar de terem.maioria do público votante, foram eleitas apenas 302 mulheres, contra 1.394 homens para a Câmara dos Deputados, Senado, Assembleias Legislativas e governos estaduais. Segundo levantamentos do TSE, ao todo, foram eleitas 39 mulheres pretas, cinco indígenas, 71 pardas e 184 brancas, de acordo com a autodeclaração de cada uma.
E no mercado de trabalho, uma nova lei agora acabou de ser sancionada pelo Presidente Lula: a Léo de Igualdade Salarial. Parabéns mulheres!
O dia da Mulher nesse 8 de Marco de 2024 deve ser um dia, não só pra dizer a vocês Parabéns, mas que seja também um dia para refletir e conscientizar a todos os que lutam pela vossa causa, tanto de homens mais conscientes como de mulheres guerreiras, sem esquecer a importância que tiveram aquelas que puxaram essa luta, foram sacrificadas por ela e também puxaram congressos, para discutir essas conquistas. Quem ignora o passado, não compreenderá todas as conquistas que se tem no presente, portanto, está fadado a sofrer no futuro. Depois da Igualdade salarial, que seja discutido uma política de caridade. Paridade não é o mesmo que igualdade...
- Avante, mulheres!
Fontes:
- Nossa Cozinha- https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2022/03/07/johnnie-walker-vai-custear-40-bares-sem-assedio-para-mulheres-pelo-brasil.htm
- G1: HENRIQUES, Olívia e REGADAS, Tatiana, G1 SP, 08/03/2018. https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/mulher-vitima-de-violencia-enfrenta-medo-e-vergonha-para-denunciar-agressor.ghtml
https://www.indexlaw.org/index.php/revistateoriasdemocracia/article/view/1105/pdf- Revolucionarias. https://www.brasildefato.com.br/2019/03/08/marco-das-mulheres-or-a-verdadeira-historia-do-8-de-marco
- CNN PLURAL: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/mulheres-aumentam-representacao-na-camara-mas-representatividade-ainda-e-baixa/
- Revista de Teorias da Democracia e Direitos Politico. https://www.indexlaw.org/index.php/revistateoriasdemocracia/article/view/1105/pdf