Carpe Diem

Todos se apegam e praticam a expressão grega "viva o momento"; e para o desencargo de consciência, colocam uma "pedra, uma pedra que cubra todas as más vivencias" passadas. Cada um com seus porquês, mas talvez seja por que o passado desnuda a verdade, que muitas vezes não condiz com o presente.

Daí, os racionalistas que embasam em fundamentos e verdades experiênciadas, combatem o Carpie Diem com uma expressão intimidadora: "teu passado te condena". E Eu a completo, dizendo: bandido, canalha, infeliz.

"Senhor piedade,

Vamos pedir piedade,

Piedade;

Dê-lhes grandeza e um pouco de coragem".

Brasas inquietas acendem o fogo que faz ressurgir as poderosas labaredas, as quais incendeiam neurônios, incineram mesquinheses e lançam fortalezas por terra; contudo, não ficam acesas por muito tempo em meio às cinzas: quem se aqueceu, aqueceu; quem não se aqueceu, continuará se sucumbindo à frieza imposta pelos tições bestiais, o que diante do dinheiro e domínio midiático, não são poucos.

No universo humano não há meio termo: ou se ama ou odeia, ou se agiganta e abraça o problema ou se apequena na imensidão da covardia, ou ao fogo que se expõe à queima, ou recolhe-se na cama coberta com os lençóis da inércia da suposta boa vida.

Indecente, por um curto período de tempo, Cássia Eller foi inquietude incandescente; e por onde passou, sua voz agressiva, rouca, grave, aguda e sua arte irreverente combateram as cinzas da estupidez, da ignorância e acomodação.

Cássia existem aos montes, mas Cássia Eller foi unica brasa incendiária que aportou em terras, as quais até poucos anos atrás, eram chamadas de terras de índios pelos gringos.

E ainda que Ela tenha pedido "senhor, dê-lhes grandeza...; o retrocesso é tal, que se apequenaram ainda mais. Se eram índios, agora são anões urbanos mirando o mundo trepado sobre os ombros de gigantes, pois faltam-lhes coragem para caminhar com as próprias pernas.

"Piedade, senhor Piedade"! Como as humanas são interpretativas, o "senhor" no qual a letra implora piedade, talvez seja os gringos. Sem pensar muito, o resto se conclui...; esclarecendo o não esclarecido: o continuísmo de aparentar o que não é, continua.

Exceto na cultura refinada, o Brasil é paraíso dos individualistas, claudicantes e redundantes. Quando o assunto é ordem, evolução, respeito, prosperidade, progresso: "Um museu sem grandes novidades"; como cantou Cazuza.

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 26/10/2023
Reeditado em 27/10/2023
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