O Brasil revelado por uma Brasileira

O leitor pertence a nacionalidade brasileira? Supondo que sim, permita-me outra pergunta: conhece a fundo sua procedência? Provavelmente não, mas ouve constante alguém - alguns se dizem cátedras nas questões políticas e humanas- falar dos problemas e mazelas sociais de seu país. Então, leia mais uma das muitas verdades que retratam as hipocrisias infâmes deste "continente", chamado Brasil.

Notório que pessoas como a Entrevistada, fogem a regra moderna, na qual o vitimismo, o melindre e a fragilidade é discurso gerador de acomodação, zona de conforto e assistencialismos. E amparados por esse mecanismo social "engabelador", os beneficiados encontram dificuldades, até nas facilidades.

O relato vivencial dessa Mulher caminhoneira é surpreendente e revive os velhos tempos; épocas em que as mulheres eram mais que identidade e sexo feminino, somente. Indiscutivelmente, por Ela estar muito além da atualidade, não mediu esforços para lutar pela sua conquista profissional, material e humana.

Enfocado nos problemas enfrentados, cotidianamente, dentre os muitos, a falta de respeito devido o machismo reinante na profissão, Ela soube se impor perante todos; inclusive, com sútil habilidade, soube convencer seus pais que ganharia a liberdade de viajar as rodovias do país.

E ao se deparar com as realidades das estradas e postos fiscais, como não bastasse, Ela escancara um país dado à corrupção, dado ao desconhecimento das leis, dado às injustiças, dado ao abuso de poder e óbvio, dado às ilicitudes; e por agirem sem o menor rigor em tudo, acabam penalizando quem está compromissado com a verdade; e não menos, com o trabalho sério, correto e honesto.

Todavia, na contramão dos desafios da profissão de motorista, existe a recompensa maior, que são as suas palavras de amor pela máquina, apreço pelo ronco do motor, tanto quanto pelas estradas, por quais transporta a sobrevivência econômica do país.

Citando Mathma Ghandi, "a força não provém da capacidade física, provém sim, da vontade indomável". Virtude humana que a Entrevistada possui em demasia.

Em um sistema estruturado em cima de falácias, hipocrisias, falsos mimos e do racionalizando "dou com uma mão e retiro com a outra", tentam de todas as maneiras desanimar as mentes insistentes e perseverantes que se propõem à realização de seus sonhos e ideias; contudo, os sonhos mantém-se fortes e renovados. E ao realizá-los, os sonhadores chamam-os de felicidade intensa, jamais sofrimento.

Por mais Mulheres aguerridas, como a Entrevistada. Singela, porém motivada e bravia Senhora do volante; pois como disse Ghandi, "o medo tem alguma utilidade, mas a covardia não". E os covardes vendem, trocam, barganham honra por qualquer "lembrancinha"; contudo, jamais aceitam, negam veemente que são corruptos e corruptores, praticando corrupção.

A saber, diante de tanta impunidade e corrupção deslavada, um país não é nada mais que a soma da estruturada cultura, da nacionalidade e geração.

Artigo inspirado no vídeo: "A história de uma carreteira raiz, de autoria de Diário de bordo".

Mutável Gambiarreiro
Enviado por Mutável Gambiarreiro em 08/09/2022
Reeditado em 09/09/2022
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