BRASIL: o país que corta verbas da ciência e mantém privilégios de corruptos
O Brasil possui um dos Parlamentos mais caros do mundo, ficando em sexto lugar nesse quesito. Estão, à sua frente, três nações pobres do continente africano: Gana, Nigéria e Quênia.
Gastamos só com os 513 deputados federais 1,1 bilhão de reais por ano, com altíssimos salários e inúmeros privilégios. Os gastos com o Senado Federal são bem maiores, cerca de 16 milhões por ano para cada senador, segundo José Reguffe, o único parlamentar a abrir mão em caráter irrevogável de todos os seus benefícios, inclusive de plano de saúde vitalício.
Esses são alguns dos benefícios a que nossos congressistas, deputados e senadores, têm direito, segundo o site Congresso em Foco: "Salários, verbas extras para moradia, funcionários, aluguel de escritório, telefone, veículos, combustível, divulgação do mandato, passagens aéreas, entre outras coisas. Plano de saúde em condições vantajosas e até vitalício. Ajuda de custo equivalente a dois salários adicionais no início e no fim do mandato ".
De acordo com o levantamento do jornal El País, com base na América Latina, também aponta a disparidade entre os ganhos dos parlamentares e o salário médio dos cidadãos que eles representam. O Brasil tem a maior remuneração para deputados e senadores da região, seguido de Chile, Colômbia e México. Um congressista brasileiro recebe somente de salário o equivalente a 35 salários mínimos de R$ 954,00 .
Segundo a Câmara dos Deputados, o Brasil gastará, em 2019, 1,1 bilhão de reais para pagar auxílio moradia para 18 mil juízes da ativa, isto é, cerca de 6 mil juízes federais e 12 mil de Estados e Distrito Federal. É uma vergonha Magistrados e políticos receberem tal auxílio, tendo casa própria no local de trabalho e apartamento funcional. Enquanto um trabalhador comum perde direitos trabalhistas e previdenciários e luta por um vale transporte.
Já os políticos brasileiros nadam nas benesses imorais que recebem e no mar de privilégios que detêm. O MEC anunciou ontem, 02/09, mais um corte de 5.613 bolsas de mestrado e doutorado. Este já é o terceiro anúncio de cortes de bolsas em 2019.
Desde o início do ano, o governo Bolsonaro já cortou 11.811 bolsas de pesquisa financiadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).
Esse fato levou à indignação milhares de cidadãos, como Luiz Guilherme Prado, que disse:
"O MEC cortou 5,6 mil bolsas do CAPES, segundo o governo, uma economia de 37,8 milhões de reais.
O Brasil gasta 63 milhões por ano com o auxílio-paletó. Vamos perder 5 mil cientistas, mas 513 deputados não podem perder auxílio-paletó".
Além do corte acima, outros foram feitos, como os 100,00 (cem reais) dados pelo CNPq aos estudantes que se destacaram nas Olimpíadas de Matemática, 6 mil estudantes mais bem avaliados na prova recebem esse benefício como estímulo aos seus estudos. Também foram cortadas milhares de bolsa de estudantes de graduação, que recebiam 400,00 por mês para ajudarem em seus estudos. Segundo o ministro de Ciências e Tecnologia são 84 mil bolsas que serão cortadas neste mês, do ensino médio ao doutorado .
Mas, o mesmo governo pagou 4,3 bilhões em emendas parlamentares para aprovação da Reforma da Previdência Social .
Sim, vivemos num país em que políticos com péssima formação educacional, ou sem nenhuma formação, são os privilegiados. Enquanto estudantes e cientistas que produzem e fazem pesquisas para o bem do Brasil são humilhados pelo próprio governo, têm suas pesquisas e bolsas de estudos cortadas.
Nunca um país alcançou um bom patamar civilizatório sem investir em ciência e educação. É só olharmos quem eram a Coreia do Sul, Alemanha e Dinamarca, até a década de 1980 e o que se tornaram a partir dos anos 90. Isso por conta de parte substancial de seus PIBs serem postos para fomentar essas áreas.
As escolas e universidades são locais sagrados, pois são centros de saber de uma civilização. Investir em ciência é investir no próprio progresso da nação; é investir na cura de doenças, na agricultura mais eficaz e menos agressiva ao meio ambiente e ao solo; é produzir maquinários que melhorem nosso dia-a-dia.
Isso nos leva a refletir que a história recente dos povos que alcançaram excelentes taxas de desenvolvimento humano, social e econômico como os países supracitados e o Japão, devem nos ensinar como é fundamental os governos se preocuparem e financiarem as pesquisas universitárias. Outras nações que sempre estiveram no topo, como Inglaterra e Estados Unidos, mantiveram a educação como prioridade de seus governos, por isso possuem as melhores universidades do mundo como as centenárias Cambridge e Oxford no Reino Unido, e Harvard, Stanford University e Yale na América do Norte.
Neste ínterim, a preocupação dos sucessivos governos brasileiros direciona-se apenas para o bem-estar da classe política, sem dar a importância necessária à educação e à ciência e, assim, continuaremos sendo um país subdesenvolvido, mesmo que seja uma potência econômica.
Sem educação digna e financiamento público e privado da ciência nacional, iremos perpetuar nosso subdesenvolvimento.
Obs. :Artigo de 03/09/2019, quando o governo federal anunciou cortes em milhares de bolsas de pesquisas tanto a nível de mestrado e doutorado como de estudantes da educação básica e técnica.