O que deveria ocorrer com baladeiros e quem faz aglomerações sem máscaras, especialmente para políticos?
Essa é uma pergunta que sempre faço. Muitas das vezes admito que quase perco a humanidade em desejar que aqueles que se aglomeram em baladas, shows e especialmente para exaltar políticos deveriam ficar sem hospitais e respiradores em caso de contaminação pelo novo coronavírus.
Esse sentimento me ocorre sempre que eu vejo postagens em Redes Sociais daqueles que são apaixonados por determinados políticos que não respeitam o distanciamento social, não usam máscaras e fazem aglomerações que são grande fonte de contágio.
Mas esse sentimento que me sobrevém é algo que devo controlar e vigiar, pois como diz as escrituras: “Irai-vos mas não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira”. Não devemos transformar momentos de ira e indignação em ódio ou rancor.
Conversando com um grande amigo, cristão exemplar e uma pessoa extremamente digna e compassiva, eu lhe relatei esse sentimento e a aversão que tenho a pessoas insanas que colocam suas próprias vidas e da sua família em risco por conta de aglomerações que poderiam ser evitadas. Ele sabiamente me disse:
“Eu entendo sua indignação, penso um pouco parecido, por exemplo, baladas não deveriam ser impedidas nem fechadas, mas permitidas e registradas pela equipe de saúde e segurança pública, deixando claro o seguinte: fiquem aí, divirtam-se, mas se precisarem de hospitais e respiradores já sabem, serão os últimos da fila. Primeiro serão atendidos os trabalhadores que são obrigados a saírem para trabalhar colocando muitas das vezes suas vidas em risco pegando ônibus e trens lotados por conta da necessidade e sobrevivência. Esses terão prioridade, baladeiros e tietes de políticos serão os últimos e se houver vagas”.
Achei extremamente sábio o que meu amigo disse, as autoridades sanitárias e de segurança não deveriam tirar-lhes o direito ao tratamento de saúde, mas retirar a prioridade, dando valor aqueles que de fato estão em risco não por livre vontade, mas pelas forças das circunstâncias e condições de sobrevivência.
Se o Brasil tivesse um povo bem educado, consciente e com bom senso: as manifestações provocadas pelo presidente da República com centenas ou milhares de pessoas aglomeradas sem máscaras e as baladas que desdenham de 450 mil mortos por covid-19, seriam vistos como algo vil, desprezível e ignominioso.
Num país sério o Chefe de Estado não promoveria tais coisas, se o fizesse receberia o repúdio social, seria execrado, perderia o cargo e teria seu péssimo exemplo condenado pela sociedade.
Como bem disse hoje o repórter André Trigueiro:
“Em vez de passeios de motocicleta ou aglomerações antissanitárias, que tal ocupar os fins de semana...
Visitando hospitais;
Encorajando equipes de saúde;
Encorajando famílias enlutadas;
Distribuindo cestas básicas;
Doando sangue;
Divulgando ações solidárias”.
Como bem disse Lima Barreto; “O Brasil não tem povo, tem público”. Devemos deixar de ser meros expectadores e sermos sujeitos ativos, que cobrem postura digna da população e também do chefe maior da nação.