Há pessoas que de fato precisam da religião
Hoje eu fui na casa de pessoas muito queridas. Pessoas que considero como parentes. Ao entrar no quintal vi um amigo passando mal por ter ingerido bebidas alcoólicas. Ele estava caído e vomitado no corredor na entrada de sua residência. Eu lamentei dizendo: "Pensei que nunca mais veria essa cena... só tinha visto uma vez a quase 15 anos."
Aquele amigo querido tinha problemas com álcool, enquanto ele ficou na igreja (frequentando um templo) ele havia parado de beber, ao parar de ir depois de um ano sem frequentar o templo voltou beber. Eu sair da casa dele dizendo a sua esposa: "fulano deve voltar para a igreja, pois lá eu sei que ele vai parar de beber".
Muito estranho, não é? Um cético, sem religião como eu, aconselhando um ente querido a voltar para a religião. Por que eu fiz isso?? Porque certas pessoas precisam da religião, por mais alienante que eu considere que ela seja.
Pessoas que só fazem o bem se um pastor, um líder ou o medo do inferno o constrangerem a fazê-lo. Pessoas que se não houver a religião e um guia para lhe informar o óbvio, ela simplesmente não faz o óbvio.
Pessoas que são incapazes de ter controle sobre sua vida. Que se não estiverem sobre o jugo pesado da religião vivem a ser prostituir, a se drogar e até cometerem crimes.
Pessoas que não conseguem fazer como eu: ingerir álcool, como hoje numa festa com amigos, mas nunca se embriagar, pois eu bebo pela satisfação de degustar um bom vinho ou uma boa cerveja puro malte, não para ficar bêbado, perder a consciência e fazer coisas inconvenientes. Eu sou a prova viva que se pode beber sem se embriagar. Beber e manter o auto controle. Aqueles que como meu amigo não conseguem, devem procurar ajuda em grupos de Alcoólicos Anônimos (AA) ou ficarem numa religião que os condicionem a andarem sóbrios.
Pessoas solitárias com tendências suicidas ou depressivas, que sofrem de fobia social ou de abandono são pessoas que a comunhão dos "irmãos" e “amigos” de fé podem fazer muito bem.
Pessoas que precisam ouvir palavras de injeção de ânimo, como são as pregações triunfalistas pentecostais, neopentecostais e da Renovação Carismática católica. Usadas pelos pregadores como mensagens de auto ajuda, que por mais que sejam desconexas com a realidade social e vivencial, faz muito bem a muita gente.
Pessoas que precisam de "profetas" esses homens e mulheres que falam em nome de Deus. Que predizem o futuro, como fazem os jogadores de Búzios e cartomantes. Como tem gente que acredita piamente em tais pessoas, inclusive, vivem atrás delas, ansiosos em ouvir uma mensagem do alto. Mesmo sabendo da quantidade gigantesca de charlatões, muitos preferem correr o risco de receberem uma "'profetada" ao invés de uma profecia, que pode trazer danos irreversíveis à sua vida.
Pessoas preguiçosas ou sem instrução suficiente, que os torna incapazes de lerem e estudarem as escrituras ou textos sagrados por conta própria, sendo assim, preferem pegar alimento mastigado, normalmente estragado, no lugar de se darem o trabalho de averiguarem por si mesmos e fazerem uma interpretação livre.
Pessoas incapazes ou medrosas. Aquelas que precisam de uma muleta para encararem a vida e de amuletos supersticiosos da religião para o livrarem do mal espiritual e humano. Como existem pessoas que não amadureceram o suficiente a ponto de encarar a vida com a cara e a coragem. De saber que são livres para escolher, mas que suas escolhas tem consequências.
Pessoas que amam a mecânica religiosa de cultos e missas. Que precisam desse ritual para viver, mesmo não entendendo nada de seu verdadeiro significado.
Pessoas que são religiosas pela tradição familiar ou cultural da sociedade. São meros repetidores da religião que predomina em sua cultura, mas nem tem consciência que a religião tem mais a ver com a geografia a qual nascemos (a religião que predomina em determinada cultura) do que com Deus ou deuses que dizemos servir.
É por causa de tais pessoas que a religião nunca terá fim. Ela sempre existirá para dar significado, esperança e conforto a bilhões de seres humanos que são incapazes de viverem sem essa grande muleta existencial.
Que bom que eu não preciso de religiões e igrejas!