Religião de Ateu
"Somente se vê com o coração. O invisível não visto pelos olhos." - fragmento do livro O Pequeno Príncipe.
Uma letra faz a diferença? Sim, faz diferença, porém em determinadas ações, não deveria; e se não fosse a falta de exercício de ambas na interação humana, as palavras Afetivo e Efetivo seriam sinônimas em unicidade, porém em razão da incompetência dos olhos e coração, tornou-se, não diria inimigas, mas "indiferentes" uma à outra.
Por exemplo, quando se é afetivo, falta efetividade na efusão; e quando se é efetivo, falta fazer com presteza, solicitude, fraternismo e afeto, em vez de ego, vaidade, publicidade, dinheiro e poder.
Excluíndo Cristo que está muito além do entendimento dos terrenos, poucos homens de ossos cobertos com carne, exercitaram a expressão: efetividade com afeto em suas ações, como Ghandi, Sócrates, Leonardo da Vinci e Charles Chaplin. Doaram-se de corpo e espírito na feitura de suas obras; e o mais louvável: dispensavam elogios.
Também puderas, no tempo deles não haviam selfie, holofotes, publicidade e marqueting; motivo deles terem feito o que fizeram, de dentro para fora.
Aliás, nesse quesito, inspiraram-se em Cristo, que orientou os seus, dizendo que "cuide para o que oferecerdes com uma mão, a outra não ficar especulando,".
Também a outra passagem que expressa bem a relação conjunta entre Afetividade e Efetividade, quando o filho primogênito do Criador semeou atos e palavras, ao pontuar: "fazei o bem, sem olhar o beneficiado". A publicidade eleva o nome, em compensação é flecha certeira atiradado no coração do doador.
Tem alguns poucos pregadores atuais, que embasado nesses conceitos e mais o que diz, que "a salvação é individual", orientam os que perdem seus preciosos segundos de correria pelo nada, que "sem caridade, não há salvação".
Teorias e teses sem a afetiva efetividade, são seletas e belas palavras sopradas ao vento. Em certos casos, fazer é melhor que sonhar; e ultimamente, muito se tem idealizado e quase nada, operado. E ao construir com afeto, o coração acelera e os olhos sonham ao ver as obras concretizadas e todos usufruindo delas, como bem comum.
Parábola ou não, a multiplicação dos pães, onde um se transformou em muitas fatias de iguais tamanhos, saciando a fome dos pescadores, ilustra bem essa tese.
Se ainda paira alguma dúvida entre a subjetividade e o concreto, entre efetividade e o fazer com carinho, reparai com devido tempo, apreço e afeto a Natureza, que ela dirá porque existe; e está para todos, enquanto apenas alguns respiram por ela. A Natureza pariu e alimenta, portanto, é Mãe. Mãe universal negada de todos os filhos.
Deveras, o invisível não é visto pelos olhos; motivo do cotidiano ser corrida modorrenta pelo nada, mas que pensam ser tudo. Quando o ter supera o Ser, é porque as engrenagens do progresso estão viciadas aos mesmos mecanismos de produção.
Aí, pare tudo; e como esperança de recomeço, os três pontinhos da reticência...; porém, que eles sejam mais uniformes, ligados, efetivos, afetivos, juntos; e menos isolados. Nada de distanciá-los familiarmente, amigavelmente, socialmente. Chega de antropofagismo virtual globalizado.
P.S.: terminada a guerra, os vencedores caminham pisoteando os corpos vencidos.