DEIXANDO OS OLHOS ENXERGAREM ALÉM DA COR DA PELE
DEIXANDO OS OLHOS ENXERGAREM ALÉM DA COR DA PELE
Quando nascemos o mundo nos permite chegar sem estigmas, pois não temos nada antes para preocupar ou ocupar as nossas neófitas mentes.
Então, estamos totalmente libertos de qualquer senso de culpa ou dolo, nem que seja eventual, que possam nos imputar como sendo detentores de quaisquer pecados, senão os praticados pelos nossos antepassados, mas com o salvo conduto de que aqueles que vieram antes de nós também só cometeram erros e acertos, sujeitos a uma balança da justiça divina, sob as condições necessárias de existenciar os seus atos após o ganho da consciência fundamentada e vivida.
Ora pois, se não somos responsáveis pelo nosso nascer, então não carregaremos o fardo do proclamado "pecado original". E assim, seremos o que realmente nos foi destinado, que é desfrutar do paraíso celeste que já está aos nossos olhos, que é essa maravilhosa obra de Deus, o planeta Terra, do qual vejo a todos nós como as cerejas do bolo, que podem tudo fazer, mas não devem de tudo usufruir, sem a consciência necessária de que excessos ou faltas são os sinais ou as setas que devemos nos pautar para viver.
Aí é que temos que buscar sempre as ações equilibradas e conscientes de que não estaremos contribuindo para mudar o curso do tempo, avançando o relógio e o batimento cardíaco do nosso grande lar.
Mas por quê falarmos tanto do pecado? Senão, por sabermos criados sob a influência e a cultura dos pais, irmãos, demais parentes e todos os mais que nos rodeiam e estão a buzinar e martelar em nossos ouvidos, as cornetas e as marretas das suas crendices e vontades, que muitas das vezes não são norteadas por lógica qualquer, ou até seriam fruto do próprio desconhecer profundo do que realmente é o mundo em que estamos.
Muitas pessoas ainda imaginam que o mundo é o que aparenta ser, sem ao menos se preocupar em filtrar as lentes da mente para o que visualmente não percebemos, que são o micro e o macrocosmos, além do que poderemos inferir de haver também em outras dimensões de tempo e espaço.
Muitos auto intitulados cidadãos de bem, não conhecem nem a história para tal atributo, que antigamente era um conceito vinculado às pessoas que possuíam bens materiais ou títulos de nobreza, ou seja, eram ricas e politicamente bem estabelecidas, exercendo o poder do homem sobre o próprio homem, quando o conceito mundialmente proclamado é de que Deus, sobre quaisquer nomenclaturas, deu ao ser humano o poder sobre as demais criaturas e tudo o mais sobre a face da Terra, mas sem explicitar quem deveria ser Rei ou suserano, Senhor ou servo, Patrão ou empregado, Juiz ou réu condenado, senão por imposição dos fortes sobre os fracos, como se fosse regra apenas existir sadismo e masoquismo.
E nesse contexto, também devemos lembrar dos conceitos de madeira de lei. Para alguns, é a classificação das madeiras de melhor qualidade, quando realmente esse conceito adveio das madeiras que eram mais desejadas pelas cortes europeias, seja para extração de tinturas ou fabricação de instrumentos musicais, movelaria ou portas, janelas, aduelas, escadas e corrimões dos palácios das cortes de outrora. Para todas essas determinadas árvores foi editada uma lei que as identificavam como aptas e exclusivas para a extrativismo real português.
Assim todos nós crescemos, pelo menos até as gerações da década de 70 do século XX, onde aprendíamos que havia diferenças quase que divinas entre pobres e ricos, negros e brancos, políticos e eleitores, sacerdotes religiosos e os leigos de todas as religiões, e assim sucessivamente, como se o mundo fosse um verdadeiro quartel militar, com patentes e a dura separação entre oficiais e não oficiais, onde um não senta à mesa do outro para juntos cearem, criando verdadeiras castas sociais.
Somente após muito penar, embora a erva daninha da discriminação étnica e social ainda tenha muitas de suas raízes fincadas no solo das nossas consciências, é que o mundo tem caminhado para uma nova compreensão do que é ser um animal impar e primordial para tudo se manter, sem nos conflitarmos com a autofagia, que nos faz guerrearmos contra nós mesmos, insatisfeitos que estamos a nos olhar no próprio espelho, sem lembrar que apontar defeitos nos outros é um sinal de que temos defeitos, pois o que realmente enxergamos como ruim nos outros, não são mais do que os nossos próprios vícios e erros de consciência, mas que praticamos nem sempre com tanta consciência, mas por não treinarmos as nossas mentes e almas para o lado virtuoso da vida, que exige paz e harmonia, respeito ao espaço que ocupa ou no qual interage.
Foi assim que as fábulas e estórias infantis foram contadas, sob a tônica de ficar a diferenciar as cores e estereótipos, as condições financeiras ou até os estigmas das trevas inquisitoriais da Idade Média, onde pessoas eram queimadas em fogueiras ou torturadas e a fé era comercializada. E a possível salvação da alma era negociada a todo momento. Era o patinho feio, o lobo mau e a chapeuzinho vermelho, João e Maria, os três porquinhos, Popeye o marinheiro, Tom & Jerry, Frajola e Piupiu, Pernalonga e o coiote, Zé Colmeia & Babalu, Os três patetas, o gordo e o magro, dentre tantos programas televisivos ou de revistas em quadrinhos.
É preciso e urgente que reaprendamos a lidar com nossos semelhantes, visto que hoje temos acesso a muitos padrões de tecnologia e, se não estivermos preparados para fraternalmente convivermos, fatalmente chegaremos a algum tipo de conflito que poderá levar ao fim de tudo e de todos nós. Seja pela ação de mísseis atômicos ou de agentes químicos ou bacteriológicos que têm o poder de dizimar tudo o que nos é suporte para a vida. É fundamental que passemos a enxergar bem além da simples cor da pele, quando todos temos o mesmo número de cromossomos, apenas sendo afetados pela melanina, que nos é adaptada de acordo com os nossos habitats primordiais, que o foram por milhares de anos, gerando os nossos estereótipos tão diversos, seja na cor da pele ou no formato facial, na proeminência muscular e cartilaginosa das nossas saliências corpóreas e até na altura dos diversos grupos humanoides.
E a urgência desse nosso repensar existencial passa também sobre o que acreditamos como destino, sendo necessário olharmos e nos alimentarmos dos conceitos universalmente aceitos para definição do nosso Ser Supremo, que são: Onisciência + Onipresença + Onipotência.
Daí podemos extrair a seguinte indagação: se Deus sabe tudo, está em tudo e é o poder total, onde ficariam as dualidades, contrastes e conflitos do bem versus o mal, do claro e o escuro, do dia e a noite, do preto e o branco, do positivo e o negativo?
Não há senhores de verdade alguma, pois a verdade, assim como a cultura, são conceitos construídos ou aprendidos, sendo arcabouços individuais ou de grupos, que não tem o poder de questionar a definição geralmente aceita. Então, poderíamos entender que Deus, ao dispor a nós o direito do livre arbítrio, automaticamente nos deixou a responsabilidade sobre as nossas ações. Quem planta uma oliveira somente colherá azeitonas, assim como a macieira só nos dará maçãs.
Então, seremos responsáveis pelo que plantarmos e como adubaremos e regaremos nossas plantações, sejam elas plantações de alimento, criações de animais para o sustento, ou como educaremos e criaremos nossos descendentes.
Estamos numa verdadeira sinuca de bico, pois precisamos urgentemente repensarmos a maneira como preencheremos as páginas do livro de nossas vidas, pois no epílogo, em seu ato final, teremos que prestar contas de tudo o que aqui fizemos, com o grande risco de ainda estarmos sob uma máxima popular que nos diz que "aqui se faz e aqui se paga!". Mas seja aqui ou em algum lugar, o prêmio ou o castigo há de chegar para todos nós!
Publicado no Facebook em 05/05/2018