O PORQUÊ DE ADENTRAR O CHÃO PELA ESPADA
O PORQUÊ DE ADENTRAR O CHÃO PELA ESPADA
Quando se vai à guerra pela verdade, sem as vaidades da busca simplista do poder, o guerreiro se robustece da necessidade de lutar pela liberdade de um povo, salvando seus descendentes das sombras da escravidão.
A boa ferocidade humana está em se indignar contra os arautos da servidão, que nos restringe o pensar e o expressar do quão belo é poder cruzar os ares como as gaivotas e os albatrozes, planando com altivez e ao sabor do vento, que traduz-se liberto das grades terrenas, zumbindo sobre os vales, grotões e ravinas, como ecoam os uivos dos lobos nas estepes geladas.
Estar em lutas de glória é agir como os trezentos guerreiros espartanos, que juntos a Leônidas se agigantaram no desfiladeiro das Termópilas, para salvar o povo grego.
Quando Ogum abriu o chão com sua espada, e na terra adentrou, para estar na imortalidade, o fez por saber que fora irresponsável ao combater sem razão, deixando o exemplo aos povos, de que não se combate por nada e sem honra.
Quando o encantado demonstra a todos que mais vale o recolher da espada à bainha, quer emblemar a virtude de se respeitar o direito dos povos ao exercício da paz. Pois não há glória em torturar ou matar um indefeso ou se vangloriar de ganhar uma disputa, ou se investir dos mantos e coroas do poder à base de ardis e mentiras, por inveja ou rancores, cultivados pela ignorância de não ser conhecedor do que nossos semelhantes guardam com sinceridade em seus corações.
Destilar ódio gratuito ou semeá-lo sem coerência, não é virtuoso. E quando cometemos erros e praticamos a injustiça contra quem no confia suas vidas com inocência, devemos lembrar que é mais fácil o fio de um camelo passar pelo buraco de uma agulha do que um presunçoso ao poder e à riqueza adentrar o reino dos céus. E isso é como na parábola do bom semeador, que faz com que percamos valorosas sementes, largadas sobre as rochas, sem poder germinar e trazer esperança.
Quando alguém nasce com inato potencial, devemos fazer como o lapidador de jóias, dando brilho ao ouro e ao diamante, ou como o apicultor esmerado ao tirar o mel mais puro da colmeia, sabendo inclusive escolher as abelhas realmente silvestres, que apuram as medicinais propriedades melíferas.
E devemos fazer essa triagem em nossas almas, ao contrário dos soberbos, que buscam queimar os campos, por inveja das flores que brotam e se deixam polinizar, gerando o sustento de tudo que há para nos alimentar. Pois a inveja não só mata os frágeis seres humanos, mas condena pela eternidade os inescrupulosos feitores, que se sentem senhores, por terem a função de carrascos e se acharem donos da verdade.
A esperança está na certeza de que podemos corrigir nossos desatinos, se pelo menos buscarmos nos colocar, nem que seja no imaginário, no lugar do nosso próximo, nos questionando sempre se acharíamos certo as flechas que vamos disparar ou o verbo que vamos proferir, já que esses atos, como as oportunidades perdidas, não retornam jamais.
E assim, após tanto campear e combater o bom combate, o desejo que expresso é que possamos, com orgulho, se elevar sem preciso afundar pelas lâminas dos nossos sabres em riste, ganhando o éter por atos responsáveis de quem colhe o que planta, deixando como uso útil a forja que cria, nos trilhos da vida, e levam consigo vagões de amor e esperança.
Publicado no Facebook em 22/04/2018