A Princesa e o Plebeu...

Em dezembro de 2023, arrumando as gavetas de um armário que compõe minha acanhada biblioteca, deparei-me com um baú de guardados contendo alguns filmes, cujo rótulo (CLASSICOS), consignava fazer parte de um acervo de minha predileção. Logo, não me contive, e fiz uma fileira para assisti-los novamente. Foi então que me veio a ideia de retomar escrever algumas crônicas aos meus 4 leitores semanais (agora somos 4U), acerca de minhas tolas e apagadas opiniões concernentes a esse conjunto de obras produzidas sob o auspício da Sétima Arte. Eis o resultado.

FILME I.

A PRINCESA E O PLEBEU

... Se você ainda não assistiu a belíssima comédia romântica “Roman Holday”, que no Brasil recebeu o título de “A Princesa e o Plebeu”, ainda dá tempo, e cá ente nós, recomendo.

O filme, feito em charmosa película preto e branco, é um daqueles clássicos “rebeldes” cheio de frescor e vivacidade, que devem – obrigatoriamente – compor o acervo dos que apreciam o gênero. Produzido em 1953, pelo famoso cineasta William Wyler, é estrelado (no sentido mais amplo, simbólico e superlativo da palavra) pela belíssima, encantadora e talentosa Audrey Hepburn (a princesa Ann, que se rebela em busca de uma aventura em Roma), e Gregory Peck (o jornalista americano Joe Bradley, que busca ali uma reportagem exclusiva), este, considerado um dos mais expressivos galãs dos cinemas americanos.

Entre tantos outros, podemos destacar o papel coadjuvante, porém marcante de Eddie Albert, (o fotógrafo Irving Radovch), um amigo irreverente que chancela neste filme a marca de um grande ator.

Cheio de nuances e matizes, o enredo, longe do sentimentalismo raso, com belas paisagens e figurinos exemplares, quando visualizado além do óbvio e do anacronismo histórico, por si descontrói o já cansado e falido discurso de ser um filme “água com açúcar”, isto é, simplório e genérico. Como diz o filósofo Raimundinho, lá das barrancas de Fonte Boa (AM): outro ledo engano. Além de divertido, provocador e simpático, “A princesa e o Plebeu” traz ainda o discurso sobre classes sociais, quebra de padrões, um romance delicado e bem realista, que não vinga, em contradição ao famoso clichê do “juntos para sempre”, o que pode ser decepcionante para alguns. Á parte disso o filme deixa marcas de amizade e respeito; preceitos que vem se perdendo no vazio produzido pela líquida modernidade.

A britânica Audrey Hepburn já havia participado de alguns “pequenos e inexpressivos” filmes na Europa. Contudo, este, sem dúvida, foi o primeiro grande trabalho de sua carreira. Aliás, vale lembrar, que sua estreia em Holywood lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. Por outro lado, Gregory Peck, que iniciou sua carreira como ator de teatro, triunfou no cinema em vários filmes, como o “Sol é Para Todos” de 1962, que lhe rendeu o Oscar de Melhor Ator.

Ponderemos que um filme” água com açúcar” jamais receberia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estado Unidos a incrível marca de 10 indicações, inclusive o de melhor Filme e Direção; nem o prêmio máximo da indústria hollywoodiana, neste caso, 3 estatuetas, sendo, a de Melhor Atriz, Roteiro Original e Figurino. A não ser que, está água seja daquelas açucaradas por fermentação e gaseificação natural produzida na histórica região da província francesa de Champangne.

Enfim, o filme traz a magia do cinema para a realidade e promove reflexões profundas de maneira sutil. Também abusa da boa e expressiva simplicidade, com personagens e fotografias bem arquitetadas. É suave, bonito e gostoso de ver, sentir e vivenciar, aos moldes de uma fábula delicada, fruto da chamada era de ouro do cinema norte-americano, cheio de ousadia, casualidades, coragem, rebeldia, dualidade de ideias, singeleza, vulnerabilidades com quebra barreiras e toque dramático.

Um adendo: além da pequena e linda trilha sonora, destaco , a título de instigação a esta grande aventura, o trailer original, e um comercial de chocolate 'remasterizado', que não faz parte do filme, mas é protagonizada pela simpática e divertida Audrey Hepburn com momentos marcantes da obra (que por vez não faz parte do comercial original), entre os quais, a cena do sorvete na praça, da lambreta, e do hilário e divertido episódio da máscara "Boca da Verdade", um monumento turístico de Roma, finalizando com alguns aspectos da realeza: nem tanto, nem pouco.

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 19/01/2024
Reeditado em 24/01/2024
Código do texto: T7980327
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