MINHA PRIMEIRA IMPRESSÃO DE CIDADÃO KANE

 

Amigo leitor, amiga leitora, assistir pela primeira vez ao filme Cidadão Kane. Caso não tenha assistido ainda, não se preocupe que tudo o que falarei, com certeza só vai deixá-lo com o gostinho de correr para assisti-lo, um possível spoiler não irá frustar-te, até porque o filme é de quase duas horas. Talvez ele tenha em algum site clandestino, mas eu assisti na HBO, no Youtube tem apenas na forma paga. Mas, eu não assisti todo ainda. Parei, creio eu, nos quarenta minutos iniciais.

 

O filme é longo, como eu já disse, são quase duas horas e, quando estou estudando e não apenas me divertindo me deleitando no gozo prazero da  telinha, eu não consumo o conteúdo de um só gole. Eu paro, volto, reflito e retomo, nem que passe uma semana ou duas, um mês que seja. Talvez porque eu tenha algo de déficit de atenção, talvez, ou simplesmente porque eu queira entender a mensagem que motivou aquela obra.

 

No que eu já assisti do filme eu fico me perguntando: Por que na faculdade, ao invés de passarem a Ilha das Flores mais do que A Lagoa Azul na Sessão da Tarde, não obrigavam-nos a assistir três vezes por ano o Cidadão Kane?! Já estava cheio daquela história de polegar opositor. Não que a Ilha das flores não tenha o seu valor. Longe disto. É uma crítica também. Mas se variasse com o Cidadão Kane ficaria mais divertido.

 

George, o que foi de tão interessante que você viu no filme Cidadão Kane? Vou focar em um ponto que anotei aqui nas páginas em branco do meu Braulio Tavares. Aliáis, excelente livro. Tanto pelo conteúdo quanto pelas páginas em branco.

 

Para facilitar a nosso compreenção, vou transcrever o trecho do filme que será o objeto da minha escrita daqui para frente.

 

"—Tem uma reportagem na primeira página do Cronicle, a senhora Harry Silverstone do Brooklin, que desapareceu. Ela deve ter sido assassinada porque não há nada no Inquerer?

 

—Por nós editamos um jornal e não escândalos...

 

— O assassinato da senhora Harry...

 

— Não há provas de que ela foi assassinada ou de que esteja morta.

 

—  Aqui diz que ela sumiu e que os vizinhos estão desconfiados.

 

— Não é função nossa publicar fofocas de donas de casa...Se estivéssemos interessados nesse tipo de coisa senhor Kane, encheriamos dois jornais por dia

 

— Senhor Carter, esse é o tipo de coisa que vai nos interessar daqui por diante. Senhor Carter, quero que mande o seu melhor homem a falar com o senhor Silverstone no Brooklin. Ele deve avisá-lo de que se ele não mostrar sua esposa O Inqueres mandará prendê-lo. E diga ao Senhor Silverstone  ele é um detetive da Delegacia Central, se o senhor  Siverstone ficar desconfiado e pedir para ver credenciais seu homem deverá ficar indignado e o chamado  anarquista...

— E bem alto para os vizinhos ouvirem..."

 

Detalhe, este diálogo é de um filme de 1941. Com isso, parece que nada mudou ou mudou para pior hoje em dia. Como diz uma frase tão na moda: "daqui para frente é só para trás." Estamo diante da essência do jornalismo, seu núcleo duro, meus amigos! A pura e excêntrica essência. A mais fina mirra. O mais puro Almiscarado! Aquele odorzinho que secreta da glândula acima do ânus dos orangotangos. Isso é o jornalismo, indo e vindo,independente de setas. O filme já vale a pena só por isso. Por essa epifania: "Ahhhh... Então é assim que funciona uma redação de jornal!."

 

O jornal que o senhor Kane passa a dirigir era meio acanhado. Só funciona meio dia e publica coisas que o ex-editor achava interessante. o Senhor Kane chega e já muda a visão! Iremos trabalhar 24 horas. Por quê? É simples, a informação não dorme. E quando não tiver informação? A gente inventa! (essa parte é minha). Ahhh... A alma do jornalismo!

 

Mas, em Cuba não há guerra, é o que diz alguém no filme. O Senhor Kane replica, diz que o homem se preocupe com outras coisas que a guerra ele providencia. E o que é isso se não a doce e melosa imprensa?

 

"Mas, a imprensa é isenta!" Tão isenta quanto eu no julgamento de alguns leitores. "Me enganei, queria dizer imparcial!" Continua o mesmo resultado mudou apenas as palavras. Não há impresa insenta, imparcial, que só se preocupe com os fatos. Isso talvez seja possivel em uma realidade fantástica de algums escritor tresloucado internado em um manicômio em alguma ilha ao sul do Equador! Mas, no mundo real, no puro e excêntrico mundo real, só resta o puro e excêntrico interesse.

 

O diálogo que se segue é fruto da minha duvidosa criatividade:

— "A senhora Harry Silverstone foi assassinada..."

— Mas ela não foi!

— Ela sumiu?

— Sim!

— Então pode ter sido assassinada. E o marido? Interroguem o marido e digam lhe que fale a verdade. E a manchete será:

   MARIDO É SUSPEITO DE MATAR ESPOSA NO BROOKLIN

— Quanto maior a manchete melhor! Vamos explorar ao máximo essa tragédia!

— Mas, não há tragédia!

— Mas, se houver seremos os primeiros a dá a manchete.

— Mas, e se ele for inocente?

— Nossa preocupação não é essa! Isso é com a justiça. O nosso dever é com a informação! A Pura e excêntrica          informação.

 

Eu não vejo em que isso se difere do nosso jornalismo e meios de comunicações em geral!

 

"George, e em que tu baseia as tuas opiniões?" Tento seguir a regra de São Paulo: "Examinai tudo e retende o que é bom."

 

Mas, como saber o que é bom diante de duas, três, dez, cem informações que se apresentam como verdade? O que eu tento fazer nesse caso é dá um passo mais para trás e ver um pouco mais de longe. Se não foi suficiente, mais para trás eu vou e vou e vou até chegar em um ponto onde eu consiga entender o fio da meada e ter a segurança de poder caminhar para frente e chegar no ponto onde eu estava na bifurcação de caminhos. "Sempre tu faz isso?" Às vezes! Confesso, que tem dias que caio na besteria de acreditar na primeira coisa da mídia. Elas se aproveitam de um momento de vulnerabilidade e qual uma mosca vem e defecam na minha boca. "Que imagem horrível, George, seu grosso," Pois é, o conselho é estar sempre vigilante, para não virarmos uma privada ambulante por ai. Não só recebendo dejeto, mas como um vaso sanitário entupidos, sair  eborrando pela boca.

 

 

 

 

 

 

 

 

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 24/01/2023
Reeditado em 10/03/2023
Código do texto: T7702867
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