O Carnaval nas cidades da Região dos Lagos
Passei por três cidades da Região dos Lagos – Cabo Frio, São Pedro e Iguaba Grande –, ontem à noite, pois fui entregar livros aos seus respectivos compradores, como o faço, geralmente. Nenhuma delas tinha, ao menos, uma marchinha de Carnaval ou samba-enredo tocando. Pensei: esqueceram que estamos no Carnaval.
Duvido que, na cidade do Rio Janeiro e nos municípios que fazem parte da Região Metropolitana do Estado, não estejam tocando músicas carnavalescas. Duvido, também, que numa cidade baiana não esteja tocando samba-reggae ou, em alguma cidade do Recife não esteja tocando frevo e que, nas cidades do Norte do país não estejam ecoando músicas típicas do seu carnaval.
Sinceramente, acho incrível como comerciantes, donos de bares, boates e casas de show – que estão todas abertas, por sinal –, podem não estar preocupados com isso. Pode, em pleno Carnaval, uma festa brasileira de reconhecimento mundial, não ser valorizada, em sua época, por agentes culturais nativos? Sou franco: se não é para tocar tais canções, acaba-se com a razão de ser do feriado e perde-se o brio. Quanta desvalorização de uma arte que é nossa e tem a cara da nação!
Analise: se estivéssemos no período das festas juninas e não tivessem tocando, em lugar nenhum, canções caipiras dessa festividade de que valeria considerar a cultura?
Creio que, se um turista estrangeiro estivesse na garupa da minha moto, ontem, ou passeando nas cidades da nossa região, questionaria se, de fato, era Carnaval mesmo ou o feriado havia mudado de data ou, ainda, se ele comprou o pacote turístico para o período correto.
Está em nossa raiz e sabemos que o Carnaval é uma das principais manifestações culturais do povo brasileiro, uma marca internacional da história do nosso povo e do Estado do Rio de Janeiro, principalmente. É lastimável não darem o devido valor a este fragmento crucial da nossa arte, sobretudo, os que vivem do comércio.