Prefácio para a obra: Pegadas - João Ramires
As palavras deixam marcas indeléveis, que expõem sentimentos diversificados. Permitem ao escritor a transcendência do mundo real e, ao desvendar o passado, expor o presente e predizer o futuro, desvenda-lhe a imortalidade.
Assim é a obra PEGADAS, na qual se encontram, de forma simples e atraente, os “causos” de uma vida. Seja nos braços da saudade ou do sorriso, João Ramires trafega altaneiro pelo coração do leitor, sempre honesto ao expor as suas lembranças, ora longínquas, ora bem próximas.
A primeva lembrança do poeta espraia-se em versos e assinala de forma telúrica o espírito brioso do pai balseiro: “Cantava triste seresta, // Que ecoava pela floresta, // Ao luar, na noite calma!” - ao mesmo tempo que se curva à saudade de quem lhe trouxe a luz do mundo: “À Mãe saudosa agradeço, // Onde se encontre no além”...
Ao menino que conheceu a realidade de um mundo ainda puro e belo e livre, tudo é riqueza e ouro, de inocente beleza: “Buscávamos o tesouro, // Postado numa ninhada, // Ovos frescos de galinha, // Que a gurizada daninha // Comia tudo em gemada!” E, verso a verso, as PEGADAS afirmam-se nas areias da lembrança...
Há um olhar que se transmuta em poesia, o tempo todo...
O doce poeta volita pelo universo do verdadeiro amor, sempre em rimas: “Maria, Doce Menina! // Com carinho, assim chamada, // Sua alma iluminada, // Uma criança eterna, // A pureza do seu olhar, // Mui raro de se encontrar, // Há que buscar de lanterna!” Em “Filha de Peixe...” prossegue majestoso, o pai que protege, admira e se encanta aos encantos da filhinha em flor: “Que menina inteligente!”
Nada passa imune à sensibilidade do poeta. Amante respeitoso da Natureza, exalta a mimosa cadela, que atende pelo nome de Bella, para em seguida chorar a poluição das águas, que destrói o presente e impossibilita o futuro: “Muito tempo se passou... // E então eu lá voltei, // E o que é que encontrei? // A água envenenada! // Do veneno, as embalagens // Espalhadas pelas margens... // E peixes? Não tinha nada!”
Ah, o que foi feito daquela “brisa passageira”, que perpassava a “frondosa figueira”? Na resposta do poeta há um gosto de assombro, que seduz e intimida ao mesmo tempo: “Fico a olhar embevecido, // A força da natureza, // Que encanta e me faz temer // Essa terrível beleza!”
Quantos versos mais, poderia declamar emocionada, ao sabor de uma amizade sincera! Mas, fugiria aos desígnios desta página, que tenho a honra de escrever...
Estou diante de uma poética lúcida e perceptiva, que se traduz em concepção do mundo real. O poeta liberta as emoções, amplia os fragmentos do universo interior e interage com o leitor, que, enlevado, esparge flores de sorrisos aos seus pés.
A cada poema, PEGADAS de amor e harmonia, que se permitem burilar pelas veredas da vida. Há uma rica memória, para acusar. Impossível contê-la. Em seiva cósmica, João Ramires eterniza os próprios sentimentos.
Carinho, respeito e admiração,
Sílvia M L Mota
As palavras deixam marcas indeléveis, que expõem sentimentos diversificados. Permitem ao escritor a transcendência do mundo real e, ao desvendar o passado, expor o presente e predizer o futuro, desvenda-lhe a imortalidade.
Assim é a obra PEGADAS, na qual se encontram, de forma simples e atraente, os “causos” de uma vida. Seja nos braços da saudade ou do sorriso, João Ramires trafega altaneiro pelo coração do leitor, sempre honesto ao expor as suas lembranças, ora longínquas, ora bem próximas.
A primeva lembrança do poeta espraia-se em versos e assinala de forma telúrica o espírito brioso do pai balseiro: “Cantava triste seresta, // Que ecoava pela floresta, // Ao luar, na noite calma!” - ao mesmo tempo que se curva à saudade de quem lhe trouxe a luz do mundo: “À Mãe saudosa agradeço, // Onde se encontre no além”...
Ao menino que conheceu a realidade de um mundo ainda puro e belo e livre, tudo é riqueza e ouro, de inocente beleza: “Buscávamos o tesouro, // Postado numa ninhada, // Ovos frescos de galinha, // Que a gurizada daninha // Comia tudo em gemada!” E, verso a verso, as PEGADAS afirmam-se nas areias da lembrança...
Há um olhar que se transmuta em poesia, o tempo todo...
O doce poeta volita pelo universo do verdadeiro amor, sempre em rimas: “Maria, Doce Menina! // Com carinho, assim chamada, // Sua alma iluminada, // Uma criança eterna, // A pureza do seu olhar, // Mui raro de se encontrar, // Há que buscar de lanterna!” Em “Filha de Peixe...” prossegue majestoso, o pai que protege, admira e se encanta aos encantos da filhinha em flor: “Que menina inteligente!”
Nada passa imune à sensibilidade do poeta. Amante respeitoso da Natureza, exalta a mimosa cadela, que atende pelo nome de Bella, para em seguida chorar a poluição das águas, que destrói o presente e impossibilita o futuro: “Muito tempo se passou... // E então eu lá voltei, // E o que é que encontrei? // A água envenenada! // Do veneno, as embalagens // Espalhadas pelas margens... // E peixes? Não tinha nada!”
Ah, o que foi feito daquela “brisa passageira”, que perpassava a “frondosa figueira”? Na resposta do poeta há um gosto de assombro, que seduz e intimida ao mesmo tempo: “Fico a olhar embevecido, // A força da natureza, // Que encanta e me faz temer // Essa terrível beleza!”
Quantos versos mais, poderia declamar emocionada, ao sabor de uma amizade sincera! Mas, fugiria aos desígnios desta página, que tenho a honra de escrever...
Estou diante de uma poética lúcida e perceptiva, que se traduz em concepção do mundo real. O poeta liberta as emoções, amplia os fragmentos do universo interior e interage com o leitor, que, enlevado, esparge flores de sorrisos aos seus pés.
A cada poema, PEGADAS de amor e harmonia, que se permitem burilar pelas veredas da vida. Há uma rica memória, para acusar. Impossível contê-la. Em seiva cósmica, João Ramires eterniza os próprios sentimentos.
Carinho, respeito e admiração,
Sílvia M L Mota