Análise do filme “A Vila”
O filme A Vila, retrata a história de uma vila controlada por “anciões”, um grupo de pessoas de idade avançada, estes que devido a decepções, angustias e medos vivenciados, resolveram isolar-se do convívio social. Em comum acordo, resolveram que as novas gerações não iriam passar pelas experiências pelo qual passaram.
Desde então, formaram uma “nova sociedade”, escondida dentro da floresta, com novos valores e princípios. Tudo parecia muito tranquilo nessa sociedade, exceto o medo que tinham de ”àqueles que não mencionamos”. Estes eram “monstros” com garras compridas que atacavam a vila se alguém resolvesse ir à floresta. A cor vermelha era proibida nessa vila, pois era a cor da capa que o “monstro” usava e a cor amarela afastava a fera da vila.
Fazendo analogia do filme com o mundo atual, pode-se dizer que esses “anciões” é a mídia, pois a todo tempo somos bombardeados de informações, novelas e jornais que criam cenários simulacros, ou seja, imagens parcialmente reais. Nem tudo que vemos, é o que realmente é na sua totalidade. E a mídia através desses simulacros manipulam àqueles que a assistem. Criando medos, desejos e sonhos de consumo. Karl Marx reforça essa ideia ao dizer que “Uma ideia torna-se uma força material quando ganha as massas organizadas”. E essa massa organizada e manipuladora ganha quando aceitamos tudo o que vemos sem pestanejar, sem senso crítico. Essa mídia empodera ainda mais o capitalismo, que visa o lucro sobre o lucro. Quando uma propaganda cria o desejo de consumo, logo consumimos, e este consumo enriquece cada vez mais este capitalismo.
Quanto ao uso das cores que são símbolos marcantes no filme, representam o medo, extroversão e a luz. Sendo vermelho a cor do medo, da guerra, da extroversão do que é ruim e o amarelo como sendo a luz, a proteção.
No capítulo 2.1 do artigo de Matheus Guedes de Paula há a esclarecimento do sentido da cor vermelha no filme “O livro de teoria da cor “Da cor a cor inexistente” de Israel Pedrosa (PEDROSA, 1977), fala do uso místico e simbólico do vermelho que “está relacionado com necessidades afetivas, afetos e suas manifestações, das mais suaves às mais violentas, em direção extroversiva”(isto é, na direção de uma atitude mais extrovertida). Fazendo uma analogia entre a escolha de vida do povo que se isolou na vila e a relação dessa escolha com o vermelho, podemos julgar que os moradores da vila evitavam uma vida com maiores extroversões e sentimentos.
Matheus também explica o sentido da cor amarela “Para os moradores da vila o amarelo é considerado uma cor de proteção e serve para repelir os monstros”.
Assim como os anciões utilizam o medo /crenças para manipularem a sociedade a seu favor, a mídia vem ao encontro dessa ideia, pois utiliza-se de cenários simulacros que amedrontam, criam revoltas e desejo de consumo àqueles que assistem.
No filme, as pessoas daquela vila acham que são livres, mas vivem a todo momento sobre vigia. No mundo real o cenário é o mesmo, partindo do sentido que livre-arbítrio é poder decidir, escolher em função da própria vontade, mas o livre-arbítrio não existe. Porque não decidimos e não escolhemos nada, somos induzidos inconscientemente a tudo. Somos induzidos pelos sistemas, estes que engloba a mídia, as organizações e a sociedade num todo. Quando nascemos escolhem nosso nome, escolhem a cor da nossa roupa. Implantam preconceitos, costumes, etc.
Em suma, podemos concluir que não somos livres e ”àqueles que não mencionamos” é todo esse sistema que nos rodeiam.