Breves impressões da peça teatral “O leão e a jóia”, de Wole Soyinka

A rádio USP toca Simone - Uma Nova Mulher, 1989. Em respeito a quem não leu ou não pode comparecer ao reservado encontro do Quilomboletras, ocorrido dia 03/06/2017, teço comentários dialogando com uma resenha encontrada na Internet. Presumo ser síntese do prefácio de Ubiratan Castro de Araújo, presente nas orelhas da capa. Recorri a este recurso para não ser extenso e evitar espoiler do livro.

Na Cohab Cidade Tiradentes há um pensamento corrente: “Não mude da Cidade Tiradentes; ajude a mudá-la”. Extensivo a outras regiões periféricas. O devaneio de Lakunle nas paginas 30/31, afirmam os clamores antievasão de poetas africanos, escritos e difundidos no período da revolução que expulsou o regime colonialista. O Núcleo Cultural Força Ativa tem um grupo de estudos, aberto ao público, que se reúne no último sábado mensal na Biblioteca Comunitária Solano Trindade. Este ano a África é tema dos encontros. A quem interessar indico as antologias temáticas de poesia africana: “Na Noite Grávida de Punhais” (1975) e “O Canto Armado” (1979), publicadas pela Editora Sá da Costa. Duas obras seminais organizadas por Mário de Andrade, cuja origem desconheço. Não confundir com o brasileiro. Este deve ser (aceito informações) angolano ou português.

Quando pensamos em África, sem maiores referências, contatos, atualizações, a primeira imagem que nos vem à mente é a sua fauna. Elefantes, girafas, rinocerontes desfilam pela nossa memória. Ledo engano. Os mais informados sabem que a atenção externa pelo continente africano deve-se aos seus recursos minerais. Nossos celulares e "Diamante de Sangue (Diamond Blood), de Edward Zwick, 2007, que nos digam. Por esta ótica temos pistas ao titulo da peça de Wole Soyinka, "O Leão e Joia", Geração Editorial, 2012.

Imagino que para falar sobre Casamento e Dote, tema central do livro, é preciso saber o seu significado e por extensão os modos como ele é visto e aplicado na sociedade (o mesmo ocorre com o Amor e Família). Vejamos o que é dito por uma enciclopédia virtual, a Wikipédia, apenas para facilitar acesso e entendimento de quem utiliza ferramentas online.

1) Família: “A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É formado por pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimônio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família, existe, sempre, algum grau de parentesco. Membros de uma família, geralmente pai, mãe e filhos e seus descendentes, costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes diretos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações“.

2) Amor: "O Amor é uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa ou a uma coisa. O uso do vocábulo, contudo, lhe empresta outros tantos significados, quer comuns, quer conforme a ótica de apreciação, tal como nas religiões, na filosofia e nas ciências humanas. (...) O amor romântico, celebrado ao longo dos tempos como um dos mais avassaladores de todos os estados afetivos, serviu de inspiração para algumas das conquistas mais nobres da humanidade; tem o poder de despertar, estimular, perturbar e influenciar o comportamento do indivíduo. Dos mitos à psicologia, das artes às relações pessoais, da filosofia à religião, o amor é objeto das mais variadas abordagens”.

3) Casamento: "As pessoas casam-se por várias razões, mas normalmente fazem-no para dar visibilidade à sua relação afetiva, para buscar estabilidade econômica e social, para formar família, procriar e educar seus filhos, legitimar o relacionamento sexual ou para obter direitos como nacionalidade”.

4) Dote: "O dote é um costume antigo, mas ainda em vigor em algumas regiões do mundo, que consiste no estabelecimento de uma quantia de bens e dinheiro oferecida a um noivo pela família da noiva, para acertar o casamento entre os dois. Embora bem mais raro, também há culturas onde o noivo entrega à família da noiva ou à própria noiva um dote; o exemplo mais conhecido deste costume é entre alguns povos muçulmanos. Uma mulher que não possuía dote era preterida pelos noivos na escolha para se casar. Apesar de ser mais comum entre as camadas mais ricas da sociedade, o dote também era um costume dos pobres, o que muitas vezes colocava a família da noiva em grandes dificuldades financeiras. Mesmo sendo considerado uma atitude ultrapassada, é praticado em vários locais mais tradicionais e rústicos. O dote está intimamente ligado ao casamento por contrato".

Isto posto e grosso modo, com base nos verbetes acima citados quem ler ou assistir “Xala”, romance e filme de Ousmane Sembene, adaptado da obra homônima, vai notar semelhança intertextual com esta peça do Soyinka, no que tange a observância e crítica de costumes. São situações abordadas por óticas diferentes, mas que toca nas mesmas teclas: virilidade versus impotência. Sugerem a preocupação de ambos autores frente aos processos de colonização e período pós-colonial. O enfoque de Sembene e Soyinka revela que tanto Senegal quanto Nigéria sofrem de males parecidos e o casamento é figura de linguagem para diagnosticar ambos os pacientes nas citadas obras.

“Sinopse de Xala: El Hadji Abdou Kader Beye, homem de negócios senegalês, já de idade avançada, toma para si uma terceira esposa, a bela Ngone, o que lhe confere ‘status’ social e econômico perante os seus iguais. Grande festa é organizada para selar o pacto matrimonial de El Hadji, comparecendo as altas classes sociais senegalesas, além das duas esposas. Na noite de núpcias, contrai o “xala”, a perda da potência sexual por tempo provisório, impedindo-lhe de consumar o tão esperado ato. Humilhado, o pobre diabo, que a princípio é um entusiasta dos preceitos ocidentais, cada vez mais é obrigado a se voltar para os valores tradicionais”. Fonte: Sembeneblog.

Em “Xala” temos um casamento quase arranjado. Arranjo este que nos remete aos costumes asiáticos, mais precisamente os japoneses, onde geralmente os homens são encarregados de cumprir esta missão. Quem teve a oportunidade de assistir a mostra OZU-HARA - A mulher no cinema japonês, reunindo filmes da década de 50 e 60, exibida em março corrente no Centro Cultural São Paulo, e seguida de “Debate Sobre o Protagonismo Feminino no Cinema Japonês”, sabe do que falo. Ao final do evento indaguei aos meus botões que título daria, se haveria público interessado e como seria o recorte e a abordagem de uma mostra sobre a mulher negra no cinema brasileiro?

Segundo a Wikipédia, no verbete Amor: “O pensamento político trata o amor a partir de uma gama variada de perspectivas. Assim é que alguns vêem o amor como forma de dominação social (onde um grupo - os homens - domina o outro - as mulheres); esta é uma concepção que se revela atraente para as feministas e os marxistas, que vêem as relações sociais (e todas as suas variadas manifestações de cultura, língua, política, instituições) como a refletir estruturas sociais mais profundas que dividem as pessoas (em classes, sexos e raças".

No livro e filme de Sembene, a orquestração se dá por mãos femininas mais experientes no clã e com segundas e controversas intenções. Soyinka trilha pelo mesmo caminho, mas com outra abordagem. Nele temos Sadiku, sua primeira esposa e Alatu, a favorita do chefe Baroka. Oxalá poligamia e poliandria fossem legais e normais não somente em algumas regiões do continente africano e oriente médio, mas também no Brasil e no mundo. Evitariam constrangimentos, solidões, violências. Paulinho da Viola canta Nervos de Aço, do Lupicínio Rodrigues. Desejo por desejo, assim como sentimento por sentimento, todo mundo tem e ninguém é propriedade de ninguém. Ao pé da letra: “O termo "família" é derivado do latim “famulus”, que significa "escravo doméstico". Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legalizada”. Com a aculturação cabe aos despossuídos da língua resgatar e ressignificar o termo segundo a sua visão regional.

Nosso intuito aqui não é discutir falocracia ou vaginocracia. Cada um que corra atrás do seu direito ou do seu prejuízo. Dizem no popular que “o casamento foi criado por quem cansou de caçar e nos períodos escassos voltar de mãos vazias”. Outros atribuem “a quem não tinha o que fazer e inventou o casamento para espantar o tédio que é a vida em si”. O certo é que vida e casamento são algo ainda sem explicação ou seu sentido é metalinguistico. Resulta também da apropriação, escravização e domesticação animal na pré-história para emprego na agricultura e meios rurais.

Ainda com base na Wikipédia: “A sociedade cria diversas expressões para classificar os diversos tipos de relações matrimoniais existentes. As mais comuns são:

- Casamento aberto (ou liberal) - em que é permitido, aos cônjuges, ter outros parceiros sexuais por consentimento mútuo.

- Casamento branco ou celibatário - sem relações sexuais.

- Casamento arranjado - celebrado antes do envolvimento afetivo dos contraentes e normalmente combinado por terceiros (pais, irmãos, chefe do clã etc.).

- Casamento civil - celebrado sob os princípios da legislação vigente em determinado Estado (nacional ou subnacional).

- Casamento misto - entre pessoas de distinta origem (racial, religiosa, étnica etc.).

- Casamento morganático - entre duas pessoas de estratos sociais diferentes no qual o cônjuge de posição considerada inferior não recebe os direitos normalmente atribuídos por lei (exemplo: entre um membro de uma casa real e uma mulher da baixa nobreza).

- Casamento nuncupativo - realizado oralmente.

- Casamento putativo - contraído de boa-fé, mas passível de anulação por motivos legais.

- Casamento religioso - celebrado perante uma autoridade religiosa.

- Casamento poligâmico - realizado entre um homem e várias mulheres (o termo também é usado coloquialmente para qualquer situação de união entre múltiplas pessoas).

- Casamento poliândrico - realizado entre uma mulher e vários homens. Ocorre, por exemplo, em certas partes do Himalaia.

- Casamento por conveniência - que é realizado primariamente por motivos econômicos ou sociais.

- Casamento avuncular - Chama-se casamento avuncular o que se celebra entre tio e sobrinha, que são colaterais de terceiro grau. É registrado pela antropologia, sendo comum entre algumas tribos, como os tupis e os guaranis“.

Se sairmos do meio africano, do nosso em particular, observarmos a vivencia e experiência de outros povos e etnias e relacionarmos elas com os nossos povos e etnias constataremos muita coisa em comum. O que difere é a educação, a cultura, o modo singular como cada um enxerga, se posiciona, trabalha estas semelhanças. No cinema de Kenji Mizoguchi, por exemplo, a moral da família geralmente está em baixa, os pais encontram-se endividados ou devendo favores e cabe aos filhos, sobretudo as filhas, reergue-la a qualquer preço quando há algum interesse explicito nelas por parte dos senhores feudais. Sejam eles nobres ou sórdidos. E os pais recorrem a todo tipo de argumentações, teses e antíteses para atingir tal fim. A família não deve ser exposta a vergonha; mesmo que ela tenha culpa no cartório. Sembene e Soyinka, atentos a estas questões e comportamentos, via de regra existente em quase todas as famílias e círculos sociais, trafegam também neste caminho.

Uma crítica ao filme chinês “Lanternas Vermelhas” (Da hong deng long gao gao gua/Raise the Red Lantern), de Zhang Yimou, 1991, coloca o dote em xeque: "Quase quatro décadas antes de sua conturbada Revolução Cultural, que subverteria a estrutura política e a ideologia de toda uma nação, a China ainda preservava algumas tradições milenares. Uma delas dava total liberdade a qualquer homem abastado de possuir o número de esposas que ele bem desejasse. “Possuir” é o termo correto, já que as mulheres eram compradas de suas famílias por meio de dotes. A partir daí, a situação dessas mulheres seria a de propriedade do marido". Fonte: Making Off.

Centrando-se no livro “O Leão e a Jóia têm como cenário a aldeia de Ilujinle, onde a bela Sidi, a jóia, é assediada por um jovem professor primário, Lakunle, treinado nos saberes ocidentais”. Um microcosmo onde valores, interesses e conchavos são constantes, vivem em atrito e conflito. Os modelos foram adulterados pela colonização. O contato com outras culturas, modo de ser e de viver apontaram outras formas de relacionamento com o próprio meio. Lakunle se mostra disposto a erradicar a tradição em nome da europeização, do embranquecimento e conseqüente desenraizamento dos costumes. É um homem dado as letras num meio oral, que não entende, despreza, rejeita o seu saber e a ele próprio. Sidi o desqualifica, ofende e o ridiculariza várias vezes.

Enquanto que Baroka, chefe tradicional da aldeia, pretende através do casamento com a jovem Sidi, manter o seu prestígio e poder. Ato que podemos entender como manutenção de privilégios arraigados e cumulativos. Bem como perenizar a sua linhagem de leão da mata. Associo perenizar como frutificar. Os frutos desta relação mantêm e transmitem seu projeto de poder. Mesmo equivocado, poderíamos dizer que Lakunle esboça projetos de nação, que não encontram eco e mostram-se frágeis perante os estratagemas de Baroka. Refletem um jogo político a dizer que as coisas devem ficar como as coisas estão. Instituições governamentais, programas assistenciais, círculos acadêmicos, o cenário brasileiro atual, por exemplo, são espelhos que explicitam esta observação.

Soyinka tece com humor sutil essas situações de conflito e coloca em Raios X a cultura ioruba. Somos enquanto africanos e afrodescendentes um povo doente e adoecido pelos encantos da colonização. E também pelos nossos tropeços e titubeios. Lakunle é um jovem professor que demonstra ser personagem resultante de contato com o mundo exterior. Não é de hoje que pessoas antenadas ou viajadas quando interagem ou voltam para o seu meio, causam estranhamentos e mostram-se deslocadas. A modernidade é água, enquanto que a tradição é raiz. Uma é movimento, a outra é imutável. Mãe Águia versus Mãe Galinha. Apesar dos apelos e conceitos marxistas, Glauber Rocha expõe esta fratura dissensiva em “Barravento”, 1962. "A história acompanha um negro educado que volta à aldeiazinha de pescadores em que foi criado para tentar livrar o povo do domínio da religião".

Enquanto Lakunle tenta convencer Sidi das vantagens de romper com a tradição, o experiente Baroka, no alto dos seus 62 anos, arma seu xadrez e joga com sabedoria milenar. Ele percebe onde está o xeque-mate para atrair e conquistar Sidi. Soa como teia de aranha. Baroka sabe como enredar Sidi, enquanto que Lakunle, talvez habituado e iludido pelas conquistas ao modo europeu, acredita que palavras poéticas e bijuterias do “modus vivendi” estrangeiro são suficientes para se sobrepor às exigências da aldeia.

A beleza de Sidi, sua juventude e virgindade são moedas de troca. Lembra um dos contos presentes em “As Mil e Uma Noites”. Aliás, que sabor tem uma mulher virgem e porque tanta insistência neste preceito? E por possuir grande valia na aldeia devem ser como tal respeitada e valorizada. As mulheres abandonadas, ludibriadas, mães solteiras, viúvas, ou aspirantes a serem mães independentes são vistas e tratadas como e de que maneira?

Neste contexto vemos aqui também uma critica a valores. Tanto locais quanto do colonizador. O casamento segundo os costumes tradicionais serve de testemunho e referencia para toda a aldeia. Não é somente a virilidade do velho leão que está no tabuleiro, mas também da comunidade que ele chefia. Serve de condição intrínseca para a manutenção do seu poder e da sua continuidade enquanto homem e enquanto povo. Enquanto que Lakunle, renegando-os representa o novo, o desconhecido, o insubordinado em confronto cego com o status quo. Elis Regina canta Belchior - Como Nossos Pais.

Neste jogo cada um faz o seu marketing. Afinal, "O sonho de viver de um negócio próprio e ganhar muito dinheiro vem se tornando realidade para muitas mulheres que encontraram o caminho certo para o sucesso: os casamentos! Esse mercado vem se mostrando cada vez mais lucrativo e pode ser a oportunidade para que você também se dê bem!" Casamentos são mercado valioso para empreender e ganhar dinheiro, por Ana Toledo.

“O Leão e a Jóia” é peça a ser lida, encenada, filmada e necessariamente debatida em meios diversos, por quem busca alternativas não somente para as sociedades africanas, mas por todas as pessoas que vivem os dilemas do pós-colonialismo mundial nas suas várias vertentes. Sabemos que substituir brancos por negros nas esferas de poder não é o suficiente. Vide o poema “Do Povo Buscamos a Força, de Agostinho Neto. A mera manutenção de culturas tradicionais não responde aos desafios da África e do mundo atual. A quem possa interessar, Xala está disponível no Youtube. Quanto ao livro, tanto ele quanto “O Leão e a Jóia” podem ser encontrados nas bibliotecas da rede municipal.

A Sidi fez sua escolha. Independente de Lakunle e Baroka. Ela encontrou seu significado de Amor, Casamento, Família e Dote. Sabemos que toda opção tem seu preço. Assim como ela quer que paguem o dela. Se colocarmos em cena alguns painéis mais recentes, o que diriam: Michele Obama – ex-primeira dama; as personagens do filme Estrelas Além do Tempo; Conceição Evaristo – primeira escritora negra a ganhar o prêmio Jabuti de literatura brasileira; as dez autoras que compõe a recente antologia “Olhos de Azeviche”; O Dia de Jerusa, curta de Viviane Ferreira; e outras mulheres guerreiras na sua luta cotidiana em anônimas trincheiras, lembrando o poema “Salve, Mulher Negra”, do saudoso mestre Oliveira Silveira?

Os ideais Iluministas e Socialistas ainda se fazem presentes e cada vez mais acesos. Abdias Nascimento expôs em livro seu conceito de Quilombismo. Em outras correntes, o Kwanza também está se expandindo. Mas o mundo capitalista tem também suas filosofias e atrativos. Por este ângulo, "Romantismo à parte, as cerimônias de casamento vêm despontando ano a ano como um mercado cada vez mais especializado e rentável. Em torno desse nicho, cresce uma extensa cadeia que envolve desde serviços de maquiagem e cabelo até o ramo hoteleiro. A expansão do segmento é confirmada em números pelo IBGE, 2011". Casamento vira negócio rentável, por Ângela Cavalcante.

Penso na canção da Simone quando comecei a tecer estes comentários. Ela me remeteu aos poemas "Vozes Mulheres", de Conceição Evaristo e "Não vou mais lavar os pratos", de Cristiane Sobral, dentre outros, disponíveis no portal Geledés. A saída que Sidi encontrou para si é pertinente para a incorporação de valores e referencias aos novos personagens sociais (a mulher, por exemplo) em processos de modernização que respeitem suas vontades e identidades? Vivemos a era de um mundo globalizado, onde a mulher e seu crescente empoderamento são um leque amplo, “rompendo cadeias, forjando caminhos” (Ofertório, Milton Nascimento), que vai da simplória moradora em situação de rua a chefe de nação. Desse modo, como e de que maneira podemos aplicar os conceitos de amor, família e casamento, incluindo gêneros e transgeneros ao “Renascimento Africano”? Eis a questão.

O Glossário e Esclarecimentos bem que poderiam ser notas de rodapé. Facilitariam a leitura e agilizariam o entendimento. Alguns termos e a cantiga em Ioruba, nas duas últimas páginas (133 e 134) estão sem tradução. Gostei da capa e das fotos. Lembram os Still em cinema. Tim Maia pinta esperanças em Azul da Cor do Mar.

Oubí Inaê Kibuko, Cidade Tiradentes para o mundo, maio-junho/2017.

Fonte: Cabeças Falantes - http://tamboresfalantes.blogspot.com/2017/06/breves-impressoes-da-peca-teatral-o.html