A MULTIFUNÇÃO DE UM JORNALISTA
Análise referente à disciplina ASSESSORIA DE IMPRENSA, ministrada pela professora Fátima Luna, do meu Curso de Comunicação Social.
De acordo com o autor Jorge Duarte, autor do livro Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia, muitos são os Jornalistas brasileiros que não trabalham em órgãos de imprensa, uma vez que o sindicato do DF já calculava, em 1993, que metade dos 25 mil profissionais brasileiros estava “direta ou indiretamente relacionada com as assessorias, consultorias e planejamento de comunicação” (Sant`Anna, 1993, p. 60). Até porque no Brasil é profissionalmente aceito trabalhar ao mesmo tempo em veículo de comunicação e assessoria, exercendo dupla função.
A ação competente em assessorias no campo de trabalho, surgida particularmente na década de 80, fez com que os profissionais do ramo de comunicação se tornassem uma espécie de “embriões” das estruturas comunicacionais, as quais passaram a fornecer uma enorme diversidade de produtos e serviços. Campoi (1982, p. 113) afirma que a presença de jornalistas oriundos da imprensa contribui para “maior profissionalização dessas atividades e melhor entrosamento entre essas empresas e os grandes jornais, mesmo que muitas vezes as assessorias fossem encaradas como refúgio dos que não deram certo nas redações” (Valente; Nori, 1990, p. 119).
A grande deficiência nesse aspecto é que, trabalhando lado a lado com o poder público, muitos jornalistas e profissionais da imprensa acabavam por se transformar efetivamente em funcionários públicos, algo, aliás, não muito difícil de compreender devido às circunstâncias da época. Antes de 1961, quando os jornalistas ainda não haviam conquistado o seu piso profissional, nesse período a função de jornalismo era, em geral, uma atividade complementar, e os repórteres tinham que ter outras fontes de renda para sobreviver.
Vivendo sob o terrível espectro da ditadura militar e nem sempre podendo expressar o que pensavam, grande parte dos jornalistas de vanguarda apelavam para algumas estratégias que tinham prontamente. E a melhor forma encontrada de driblar as imposições da ditadura era justamente procurar estar próximo de suas ações, porém, seguindo uma ideologia completamente contrária.
Após adquirirem estabilidades com a regulamentação da profissão, mesmo assim nada impediu, bem mais tarde, que metade dos repórteres credenciados no Congresso fosse de funcionários da câmara ou Senado (quintão, 1993, p. 230) “pelas novas demandas, o assessor de imprensa deixou de ser apenas um emissor de releases, despontando, hoje, como um produtor ou mesmo um executivo de informações e um intérpetre do macroambiente”. Bueno (1995, p.5)
Enfim, a classe jornalística, de uma maneira geral, sempre atravessou por problemas de ordem financeira. E vez ou outra, algum excelente profissional, principalmente em início de carreira, teve que se submeter a trabalhos extras, evidenciando os baixos salários da categoria através dos tempos.
Paulo A. Vieira, junho/2011