CONTEMPLAÇÃO
Olhei as casas.
As ruas.
Gente andando em seu contexto.
Vivendo a vida de seu jeito – seu jeito de ser feliz.
De se fazer diante da vida.
E, eu, ao contemplar todo esse fenômeno,
Vi-me um nômade.
Sem teto,
Ou vivendo no teto que não é meu,
Nem emprestado é.
Estou lá.
Durmo lá.
Não me sinto lá.
E, nesse contexto penso que sofro de uma orfandade incurável.
E, sei onde pulsam suas causas.
Apenas sinto.
Descubro na minha carne,
O receio de que me falte alguém..
Que possa segurar minha mão,
No momento de desespero e solidão,
Como sempre aconteceu..
E, ao refletir sobre isso penso que a primeira experiência humana,
Que fazemos neste mundo,
É a experiência do cuidado.
E, essa imanência de ser cuidado,
Empurra-me para o colo,
Para a necessidade de ser recolhido,
Acariciado, adotado.
E, essa experiência antropológica do cuidado.
É uma resposta a minha precariedade.
Aracaju, 11 de julho de 2009