A IDEIA DA BELEZA

“A FELINA

Louvar a mulher é tarefa para quem tem consciência de que não existe no mundo criatura mais linda, mais digna, mais densa de humanidades. Bem, quando o relacionamento não dá certo, é melhor pegar a mochila e se escafeder, mudo, pra bem longe. Não há cortejo mais ladino nem mais voraz. É o outro lado da moeda: não tem cara nem coroa; duas faces se ocultam e se enfrentam, rangendo os dentes. Afinal, emoção e razão dificilmente andam juntas nesse fogoso reino animal fremente de amor. Ainda assim percebo o risco e louvo a arisca. Dentro de mim, de tudo o que fica, nada é tão ávido de sigilos ainda que, aparentemente, esfole pele sobre pele. O amar tisna de silêncios o veludo da saudade.

MONCKS, Joaquim. A VERTENTE INSENSATA. Obra inédita em livro solo, 2024.

https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=8044662 ”

Os primeiros rabiscos de poesia e prosa que encimam este trabalho vieram à tona lá por 2004. Nessa época, o escrito (que eu classifiquei como um poema) se denominava “Mulher, a felina”.

Tive a oportunidade de publicá-lo na Web, e no período, ele obteve três ou quatro selecionamentos em concursos literários. Também apareceu em publicação avulsa em coletâneas de grupos. Em cada uma delas ao conjunto textual foram sendo feitas emendas aditivas, supressivas ou modificativas, importando em pequenos reparos, e a peça acabou ganhando um novo formato.

O trabalho ficou “de molho”, amadurecendo durante cerca de vinte anos, até que o alter ego lírico desse por publicável o escrito no qual um feixe de ideias tentava traduzir-se através da indomável danadinha a que denominamos “palavra”, dando sentido ao que se queria exprimir. As ideias brigavam entre si buscando um apreciável resultado estético.

Para mim, o conjunto verbal a que chamamos poema nunca estará definitivamente pronto enquanto ainda estiver no plano terreno o autor da composição soprada pela emoção, amalgamado pela “enternecida lucidez” existente na mente e no coração do poeta, que necessariamente procura a “forma exata” ou a “palavra essencial”.

MONCKS, Joaquim. O CAOS MORDE A PALAVRA. Obra inédita em livro solo, 2024.

https://www.recantodasletras.com.br/escrivaninha/publicacoes/preview.php?idt=8046299