De como comecei a flertar...
Que inolvidável trio... Saía, Salô e Saiana. Saíam juntas e juntas voltavam, no passinho miúdo e na miudeza de seus corpos. Irmãs, todas solteiras. E que outro jeito, se não se desgarravam?
Mas a verdade é que na fase que as conheci, septuagenárias quem sabe, precisavam mesmo de se apoiar fisicamente umas nas outras para garantirem sua marchinha cadenciada naquelas ruas irregulares e empedralhadas, por onde o diabo se bota tivesse, nem a botaria, e ainda a perderia.
Singelas no andar e vestir, sempre em cinquenta tons de cinza, só exageravam no sorrir e caçoar, e seu alvo eram as crianças, indefesas, feito eu, que na mudez, as atraía, e me traía de vez. Mas a provocação não terminava, aceitavam que ao menos eu lhes piscasse, coisa que fazia com os dois olhos, atracado à mão de alguma titia. E elas, repetindo, em coro, sem decoro:
- "Pica p'a mim, Paulo, pica p'a mim."